Alta dos salários reacende debate sobre inflação nos EUA

Os preços ao consumidor sobem em forte ritmo com a reabertura da economia após a pandemia

Bloomberg

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(Bloomberg) — O aumento inesperado dos salários nos Estados Unidos deu aos mercados financeiros um novo motivo para pensar que a inflação mais alta veio para ficar.

Os preços ao consumidor sobem em forte ritmo com a reabertura da economia após a pandemia. Um relatório monitorado de perto deve mostrar na quinta-feira que os preços subiram 0,4% em maio, o que elevaria a inflação anual acima dos 4,2% de abril, que já é o maior nível em mais de uma década.

Muitas autoridades de política monetária e economistas consideram os aumentos de preços temporários, em parte porque não têm antecipado reajustes de salários, que permanecem relativamente estagnados há anos na ponta inferior da escala salarial.

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O emprego ainda está muito abaixo dos níveis anteriores à pandemia, sugerindo que há ampla mão de obra disponível, e a maioria dos empregos sendo criados estão em setores de baixa remuneração, como restaurantes e turismo.

Mas o relatório do mercado de trabalho da semana passada mostrou aumento maior do que o previsto dos salários médios por hora pelo segundo mês consecutivo. Acontece que, independentemente do que os números do desemprego indiquem, há falta de pessoas dispostas a trabalhar com a taxa de remuneração vigente – o que levou muitas empresas a aumentarem os salários ou oferecer bônus para preencher o quadro de funcionários.

Espiral

Isso cria perspectiva do que é conhecido e temido na economia como espiral de salários e preços. A ideia é que salários mais altos estimulam o crescimento dos gastos, o que pressiona a capacidade de produção e aumenta os custos das empresas. Por sua vez, companhias aumentam os preços e trabalhadores exigem reajustes salariais ainda maiores para absorverem os maiores custos de vida.

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Essa dinâmica contribuiu para uma inflação persistentemente alta nos Estados Unidos na década de 1970, um período frequentemente lembrado pelos que temem uma onda duradoura de inflação pós-Covid.

Autoridades Federal Reserve não estão nesse campo. Reconhecem que políticas da pandemia, como cheques de estímulo e aumento dos benefícios de desemprego, podem elevar a renda e observaram na semana passada que as empresas estão elevando os salários iniciais.

Mas também dizem que os aumentos estão concentrados em setores de serviços com salários mais baixos – onde um crescimento mais rápido da renda é exatamente o que o Fed e o governo Biden querem ver – e não se espalharam pela escala salarial. Além disso, o presidente do Fed, Jerome Powell, tem argumentado repetidamente que o vínculo antes estreito entre salários e inflação foi rompido nos últimos anos.

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‘Negação total’

Alguns economistas dizem que o banco central está subestimando um risco significativo.

“As autoridades do Fed não acreditam que as pressões salariais possam existir em um mundo com desemprego em 6%, por isso estão em negação total”, disse Stephen Stanley, economista-chefe da Amherst Pierpont Securities, em relatório. “Uma aceleração significativa dos ganhos salariais seria o caminho mais rápido para transformar um pico de inflação ‘transitório’ em aumento persistente.” A economia dos EUA criou um recorde de 9,3 milhões de vagas em abril, e alguns analistas dizem que o dado aumenta o poder de barganha dos trabalhadores. Outros economistas citam tendências enraizadas como a queda da filiação sindical, o que que deixa trabalhadores com menos força para que os aumentos salariais durem no longo prazo.

Provavelmente serão necessários muitos meses de dados para resolver o debate, em parte porque os números ainda estão distorcidos pelos efeitos da pandemia, que levarão tempo para desaparecer.

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