Alta de juros no exterior traz menor perigo para emergentes

Os mercados emergentes parecem melhor posicionados para enfrentar qualquer tempestade

Bloomberg

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(Bloomberg) — Os defensores de medidas agressivas contra a inflação estão prestes a conseguir o que querem do banco central americano — o que significa que os mercados emergentes estão prestes a enfrentar o que costumam temer.

A perspectiva de aumento de juros pelo Federal Reserve geralmente traz problemas para economias em desenvolvimento, especialmente quando resulta em fortalecimento do dólar. Episódios como o chamado taper tantrum de 2013 e o crash do México na década de 1990 se tornaram marcos históricos.

A boa notícia em 2022 é que as consequências podem ser menos severas desta vez.

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Os mercados emergentes parecem melhor posicionados para enfrentar qualquer tempestade. Muitos acumularam reservas cambiais na última década. Os exportadores de commodities podem vender esses produtos a preços elevados. E a causa primordial dos aumentos de juros nos países desenvolvidos — expansão econômica que desencadeou a inflação — é favorável a nações em desenvolvimento porque assegura um mercado robusto para suas exportações.

O cenário oposto — de uma recuperação fraca da pandemia nos países ricos — seria pior, segundo Maurice Obstfeld, que já foi economista-chefe do Fundo Monetário Internacional. “Os mercados emergentes não comemorariam se os países avançados abandonassem o aperto monetário por causa de recessão em suas economias”, diz ele.

Isso não significa que não há com o que se preocupar. Por mais difícil que a pandemia tenha sido nos países ricos, as nações pobres sofrem ainda mais, com menor parcela da população vacinada e sem os recursos necessários para ajudar suas economias a enfrentar a Covid.

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Muitos desses países ficaram altamente endividados.

O endurecimento por parte Fed e de outros grandes bancos centrais pode agravar uma situação já ruim. A menos que os mercados emergentes também subam os juros, o que atrapalha sua própria recuperação, há risco de uma fuga de capitais que desvalorizaria suas moedas e dificultaria o pagamento das dívidas.

Para o Fed e seus pares, a principal tarefa é proteger suas próprias economias — no caso, conter a inflação. Mas essas instituições também ficam de olho no impacto global causado por seus planos monetários, até porque esse impacto pode acabar voltando para as nações ricas.

“Seu mandato principal é doméstico”, diz Carmen Reinhart, economista-chefe do Banco Mundial. “Mas há precedente para as condições internacionais pesarem.”

O Fed e outros grandes bancos centrais estão reagindo a um sério caso de aumento da inflação real — não à possibilidade de a inflação subir. Esse aperto tem mais urgência e impulso.

É quase certo que os mercados emergentes terão um período difícil pela frente — e alguns até correm risco de inadimplência. No entanto, os problemas de endividamento dificilmente chegarão ao ponto de ameaçar o crescimento global ou desencadear uma grande turbulência nos mercados.

Os juros estão baixos tanto nos países avançados quanto nas nações em desenvolvimento, o que significa que há espaço para aumento das taxas sem que o crédito seja severamente abalado. E Reinhart ressalta o movimento de alta de preços das commodities observado desde 2020, que contrasta com a queda nessas cotações em meados da década passada.

“Para os mercados emergentes, não são dois fatores principais, são três”, explica ela. “Juros internacionais, capital internacional e os preços das commodities. Preços mais altos das commodities ajudam bastante.”

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