Alta de juros mais forte nos EUA muda dinâmica do câmbio e pode colocar em risco desinflação no Brasil, diz Credit

Últimas sessões já têm sido de forte alta do dólar frente o real, o que pode impactar projeções inflacionárias, apontam economistas do banco

Equipe InfoMoney

(Shutterstock)

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O aperto mais rápido da política monetária dos EUA coloca o processo de desinflação no Brasil em risco nos próximos dois anos (2023 e até 2024), segundo relatório assinado por Solange Srour, Lucas Vilela e Rafael Castilho, economistas do Credit Suisse.

Os economistas acreditam que o Banco Central continuará elevando a Selic, que atingirá, na visão da casa, 14% em agosto. Neste contexto, o aumento da diferença entre as taxas de juros entre o Brasil e os EUA, tanto em termos nominais e reais, quanto no curto e longo prazos, associado a maiores termos de troca, tem ajudado a moeda brasileira a ter uma forte valorização no ano, o que deve contribuir para reduzir as pressões inflacionárias.

Contudo, para os economistas, essa dinâmica da taxa de câmbio pode estar em risco em caso de avanço significativo na taxa de juros nos EUA, como tem sido sinalizado recentemente pelo Federal Reserve. A dinâmica já vem mudando nas últimas sessões, com o dólar passando de R$ 4,60 para R$ 5 desde sexta-feira, tendo, entre outros fatores, também as sinalizações de um aperto monetário mais forte nos EUA.

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“Atualmente, projetamos um IPCA de 4,4% em 2023. No entanto, se o mercado reprecificar a taxa dos Fed Funds no fim de 2023 de 3,0% para 4,5%, a nossa projeção de IPCA cresceria em 0,5 ponto porcentual, para 4,9% no fim de 2023, contra o centro da meta de 3,25% e o limite superior de 4,75%”, avaliam os economistas do Credit.

Solange, Vilela e Castilho ressaltam que os preços nos EUA estão subindo em um ritmo mais rápido em quase quatro décadas nos EUA, e o mercado de trabalho apertado começou a alimentar os aumentos salariais. Além do mais, com a nova variante da Covid-19 na Ásia, há preocupações adicionais de mais pressões do lado da oferta sobre a inflação. Estes desenvolvimentos evidenciam o risco de que as taxas tenham de ser elevadas para um nível muito superior à taxa de juro neutra, que se encontra atualmente entre 2,0% e 2,5%.

A projeção atual da equipe de análise em economia americana do banco é de taxas a 3,25% em 2023 – e destacam que os riscos são para cima.

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Nas contas do Credit, cada 1 ponto porcentual de juros acima disso implica em uma depreciação da taxa de câmbio real em 8% em um trimestre, uma alta de 0,4 ponto no IPCA em oito trimestres, redução de 0,2 ponto do PIB em quatro trimestres e uma alta de 0,7 ponto da Selic em quatro trimestres.

Desta forma, olhando para o intervalo de confiança para os impactos estimados, veem uma depreciação da taxa real de câmbio de 11% no primeiro trimestre e um aumento de 0,6 ponto da inflação ao consumidor em oito trimestres após o choque. Já caso o Fed levasse os juros a 6,0% no fim de 2023, o IPCA iria para 5,1% em 2024 – acima do teto da meta (4,5%) pelo quarto ano seguido.

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