AgroGalaxy (AGXY3) tem prejuízo líquido de R$ 88,7 milhões no terceiro trimestre

Empresas já alongou dívidas e brecou expansão; caixa aumentou e margens voltaram a subir

Fernando Lopes

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A AgroGalaxy (AGXY3), empresa controlada pela gestora Aqua Capital que conta com uma das maiores cadeias de revendas de insumos agrícolas do país, encerrou o terceiro trimestre com prejuízo líquido ajustado de R$ 88,7 milhões, ante lucro líquido de R$ 19,4 milhões no mesmo intervalo de 2022. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado da companhia caiu 54,9% na comparação, para R$ 74,4 milhões, e a receita líquida recuou 22,9%, para R$ 2,369 bilhões.

A piora dos resultados ainda reflete as turbulências que sacudiram o mercado global de insumos agrícolas a partir do segundo semestre do ano passado. Após um período de cotações recorde, inflados por reflexos da pandemia e da invasão russa na Ucrânia, defensivos e fertilizantes passaram a registrar fortes quedas. No Brasil, o resultado foram armazéns cheios de produtos estocados a preços mais elevados que os praticados no mercado, o que gerou uma ruptura no fluxo de escoamento, aprofundada pela queda de receita dos produtores de grãos em função da desvalorização de soja e milho.

Com a sucessão de resultados trimestrais negativos, a AgroGalaxy anunciou em setembro o alongamento de R$ 839 milhões em dívidas, por até três anos. Segundo o CEO Welles Pascoal, a companhia também decidiu suspender o forte ritmo de crescimento de sua rede de lojas de insumos por dois anos, e algumas unidades deverão ser fechadas. “O foco tem que ser a rentabilidade por loja”, disse ele ao IM Business. As 59 novas lojas incorporadas à rede desde 2019 foram responsáveis por 23% das vendas de janeiro a setembro. No fim do terceiro trimestre, a rede era formada por 169 unidades.

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Também para preservar margens, a AgroGalaxy pretende ampliar as vendas de produtos por meio da operação de barter (troca de insumos pelas colheitas futuras), que podem funcionar como “hedge”. No momento, as relações de troca estão positivas para os produtores de soja, por exemplo, e a expectativa é avançar em negócios no segmento. O mercado de insumos tem se mostrado mais estável, com menores patamares de preços, enquanto as cotações dos grãos, também mais baixas, tiveram uma fase de calmaria mas voltaram a oscilar um pouco mais, em parte por causa dos riscos climáticos na América do Sul.

De qualquer forma, essa maior “normalidade”, aliada às medidas adotadas pela AgroGalaxy para arrumar a casa – que incluíram renegociações com clientes e fornecedores para a equalização de estoques – já geraram frutos de julho a setembro. De acordo com a empresa, sua margem bruta subiu para 18,2% no intervalo, ante 16,5% um ano antes, a maior de sua história para um terceiro trimestre. “Voltamos a um dígito de inadimplência e reduzimos em 28 dias nosso capital de giro, afirmou Eron Martins, CFO do AgroGalaxy.

Welles Pascoal, CEO da AgroGalaxy (foto: Divulgação)

Pascoal também destacou que a gestão de despesas da companhia foi endurecida, com efeitos positivos em áreas como transporte. Com toda a reorganização promovida e o alongamento do prazo de pagamento das dívidas, a empresa encerrou o terceiro trimestre com caixa de cerca de R$ 900 milhões, mesmo nível observado no fim de setembro de 2022. A expectativa dos diretores da AgroGalaxy é de melhores resultados nos próximos trimestres. Se o El Niño não causar quebras expressivas na atual safra brasileira de grãos, o horizonte tende a ser menos nebuloso.

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Da receita líquida total registrada no terceiro trimestre (R$ 2,369 bilhões), R$ 1,304 bilhão vieram das vendas de insumos, com queda de 41,5% em relação ao mesmo período de 2022. Nas operações com grãos, a receita cresceu 26,1%, para R$ 1,066 bilhão. De janeiro a setembro, a AgroGalaxy teve prejuízo líquido ajustado de R$ 442,5 milhões, Ebitda ajustado de R$ 60,5 milhões (queda de 82,8%) e receita líquida de R$ 6,986 bilhões (baixa de 14,7%).

Fernando Lopes

Cobriu o setor de energia e foi editor do semanário Gazeta Mercantil Latino-Americana até 2000. Foi editor de Agro no Valor Econômico até fevereiro de 2023.