Metade das rodovias estará em péssimas condições até 2025, alerta estudo

Os 195,2 mil km de rodovias brasileiras respondem hoje pela maior parte do transporte de cargas no país (54% segundo o governo federal), seguidos por 26,4% de participação das ferrovias, 16,5% de aquaviário e 3,1% de dutoviário

Datagro

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Essa alta concentração de movimentos pelas estradas torna o caminhão o principal veículo de escoamento de cargas, o que reduz a competitividade do produto brasileiro e faz a nação suscetível ao desabastecimento em momentos de crise. Esse quadro tem condições de ser alterado, de forma significativa? Considerando o horizonte de 2035 e as perspectivas atuais de investimento, não. É o que aponta o “Estudo Projeções para a Infraestrutura de Logística de Transportes no Brasil”, divulgado na última quinta-feira (21), pela Fundação Dom Cabral.

Segundo o documento, mesmos os expressivos projetos governamentais previstos para o país (a exemplo da Transnordestina Norte-Sul, que ligará Ouro Verde/GO e chegará a Estrela d´Oeste, São Paulo, em execução) e a Ferrogrão (prevista para conectar os Estados de Mato Grosso e Pará), ainda em edital, por exemplo, não darão conta de alterações drásticas na matriz de transporte nacional, que tornariam a distribuição entre os modais mais equilibrada. Até 2025, as ferrovias, de fato, têm oportunidade de avançar sua representatividade de 26% para 29,5%, mas esse fôlego terá sido diluído nos dez anos posteriores. E, em 2035, as rodovias voltam a responder por 52% do transporte de cargas em toneladas. Para complicar, já em 2025, cerca de 50% das estradas brasileiras vão estar em péssimas ou inaceitáveis condições de conforto e conveniência.

“Continuaremos em um país sobre rodas, se não houver um plano nacional, de prioridade do Estado brasileiro, de infraestrutura de transporte para o Brasil, suficientemente forte e ousado para não só melhorar a qualidade das rodovias, como para ampliar o potencial das ferrovias, hidrovias, e transporte de cabotagem”, afirma Paulo Resende, diretor da PILT/FDC e coordenador do Núcleo de Logística, Infraestrutura e Suply Chain da Fundação Dom Cabral. Estima-se que no período de 2015 a 2035 a evolução do volume de produção de cargas irá crescer 36,8% e a de transporte em toneladas, 43,7%. O estudo analisou também o crescimento conforme o perfil das cargas, sendo as de caráter geral as que mais circularão por rodovias.

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O grave problema é que esse modelo perpetua a baixa competitividade dos produtos brasileiros. “Uma grande preocupação é que o mercado interno se expande na direção do interior do país. Além disso, os caminhões percorrem longas distâncias nas estradas brasileiras acima da média mundial, transportando cargas gerais.” E isso se agrava mais: “Aqui se aponta, pela primeira vez no Brasil, uma questão crucial para os caminhões: eles andam, em média 1.114 km por viagem com cargas gerais, quando, em países desenvolvidos de dimensões continentais, esse valor está em torno de 400 km para cargas de mesma natureza.”

Para Resende, o valor atual dos estoques de infraestrutura de transportes exige programas robustos e sustentados de investimentos em conservação da malha existente. Os custos logísticos crescentes consomem a margem das cadeias produtivas e, consequentemente, sua competitividade ou seu potencial de investimentos. A projeção da demanda, associada aos novos projetos, exige investimentos de longo prazo e protegidos dos programas conectados com agendas políticas de curto prazo.