Brasil está entre os dez países que mais desperdiçam alimentos no mundo

Diariamente, brasileiros descartam no lixo 41 mil toneladas de comida

Datagro

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SÃO PAULO – Diante a preocupação de como alimentar o mundo com cada vez menos recursos surge um dado alarmante. Segundo estimativa do Instituto Akatu realizada neste ano, 41 mil toneladas de alimentos são desperdiçadas, diariamente, no Brasil. Dados esses números, a Organização das Nações Unidas para Alimentação (FAO) coloca o Brasil na lista dos dez países que mais desperdiçam comida em todo o mundo.

“Com essa quantidade que nós desperdiçamos poderíamos alimentar 25 milhões de pessoas. Infelizmente nós vivemos num país onde a fome não é levada a sério devido a abundância de alimentos”, diz Camila Kneip, coordenadora de nutrição da ONG Banco de Alimentos.

Segundo Camila, existem uma série de fatores que inutilizam os alimentos. Seja no campo, devido à utilização de técnicas inadequadas no plantio, no comércio, com formas erradas de manusear os produtos, e até mesmo na casa do consumidor, que compra mais do que necessita. Todo esse excesso, muitas vezes jogando no lixo. “Somos todos responsáveis pelo desperdício dos alimentos. Infelizmente nós temos uma cultura de consumo exagerado e de que “é melhor sobrar do que faltar” – o que colabora para o aumento dos dados”, afirma a nutricionista.

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Entretanto, não é exclusividade do Brasil a questão do desperdício. Segundo a FAO, em toda a América Latina, são descartadas 127 milhões de toneladas de alimentos por ano. A nível global, a população se desfaz de 1,3 bilhão de toneladas por ano, quantidade que seria suficiente para alimentar mais que o dobro das pessoas que hoje sofrem de falta de alimentos (em torno de 800 milhões).

Para tentar reverter esse quadro, alguns países na Europa contam com projetos, feitos em parceria com supermercados para minimizar o desperdício e conscientizar as pessoas. Camila Kneip cita algumas iniciativas, como Les Gueles Cassés, na França; Fruta Feia, em Portugal; e o Second Bite, na Austrália. Ela ressalta, ainda, uma lei aprovada na França em 2015, proibindo supermercados de mais de 400 metros quadrados de jogarem comida fora. “Todo esse alimento, ou se destina para compostagem ou para ração animal”.

Medidas para amenizar o desperdício

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A coordenadora de nutrição da ONG Banco de Alimentos pontua que grande parte da população brasileira normalmente inutiliza partes não convencionais dos alimentos. É nesse momento que pode ser inserido o conceito de Aproveitamento Integral dos Alimentos (AIA), que consiste na utilização total do alimento, ou seja, utilizar tudo que ele oferece sem desperdiçar. “Desta forma, para preparar as receitas dentro do conceito AIA são utilizadas folhas, cascas, entrecascas, talos e sementes de diversos alimentos”.

De acordo com a nutricionista, seguindo a linha do AIA, é possível aproveitar partes importantes de frutas e verduras que possuem alto valor nutricional, que, na maioria das vezes vão para o lixo. Veja alguns exemplos:

·  Os talos do agrião contêm grande concentração de ferro, cálcio e vitamina C;

·  As folhas da cenoura são ricas em vitamina A;

·  A casca da laranja é rica em cálcio e pode ser usada caramelizada;

·  A parte branca (entrecasca) da melancia e do melão são ricas em fibras e potássio.

É muito comum que todos esses itens citados acima sejam descartados todos os dias. Afinal, muitos pensam que são apenas sobras e que tais alimentos podem ser prejudiciais à saúde. Mas Camila garante: “Estes micronutrientes atuam em diversas funções corporais e são essenciais para um bom funcionamento do organismo, regulando o trato gastrointestinal, prevenindo contra doenças cardiovasculares e contra a diabetes.

Seguindo esse conceito de reaproveitar ao máximo os alimentos, a ONG recolhe doações de diversas empresas e auxilia na alimentação de 22 mil pessoas diariamente.

O desafio de produzir cada vez mais alimentos com menos recursos e de forma mais sustentável será uma das discussões do Global Agribusiness Forum 2016. O tema estará em pauta abordado por especialistas como Alan Bojanic, representante da FAO Brasil, Ibiapaba Netto, Diretor Executivo da Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR), além de Drauzio Varella, renomado médico Oncologista.

Para saber como participar acesse: http://www.globalagribusinessforum.com/pt-br