Amplos estoques de grãos podem amenizar impacto de transição do El Niño para La Niña

Alguns meteorologistas dizem que a correlação entre La Niña e condições adversas para o cultivo tem sido exagerada

Reuters

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CHICAGO (Reuters) – Quando o El Niño ceder lugar para sua irmã caçula La Niña, neste ano, como os meteorologistas estão prevendo, os padrões climáticos turbulentos podem não ser suficientes para dispersar as nuvens baixistas que pairam sobre os mercados de grãos dos Estados Unidos há anos.

Os contratos futuros do milho e soja saíram do controle nos últimos anos de transição, com preços se elevando enquanto a produtividade diminuía.

Mas a oferta ampla, tanto nos EUA como nos mercados estrangeiros, deve fornecer um amortecedor para quaisquer rupturas este ano e atenuar as altas do mercado.

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Operadores disseram que o mercado não está focado em prever a mudança no padrão climático, particularmente porque a transição para La Niña, que leva a um resfriamento das temperaturas do Oceano Pacífico que pode trazer massas de ar quente e seco para importantes áreas produtoras nos EUA, talvez aconteça tarde demais para afetar o desenvolvimento das safras.

Além disso, alguns meteorologistas dizem que a correlação entre La Niña e condições adversas para o cultivo tem sido exagerada.

Os contratos futuros de milho se elevaram em média 39,4 por cento nos últimos anos de transição, enquanto os de soja subiram em média 31,8 por cento. Em 2010, a última vez em que os produtores norte-americanos enfrentaram uma transição do El Niño para La Niña, o milho registrou um ganho ante o ano anterior de 51,7 por cento e a soja subiu 34 por cento.

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Mas os produtores, que foram atingidos por três anos consecutivos de queda nos preços, não estão apostando em ganhos semelhantes este ano. A maior parte dos produtores contrata rapidamente a venda em qualquer sinal de força do mercado, em vez de aguardar por uma perspectiva de avanço sustentado.

“Não fiz nada diferente”, disse o produtor de Obrei, Cansas, Rogar Mary, quando perguntado se mudaria de planos por causa de uma possível La Niña. “Minha visão é tentar estabilizar nosso faturamento… em vez de atingir as máximas e mínimas”.

Os contratos mais ativos do milho na bolsa de Chicago subiram 3,7 por cento e os de soja avançaram 2,1 por cento em janeiro. A maioria dos analistas atribui os ganhos a compras de barganha e cobertura de vendidos, e com operadores do mercado físico relatando uma aceleração nas vendas de grãos armazenados pelos produtores nos breves picos do mercado.

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Alguns produtores falaram sobre reter parte das safras que mantiveram em silos de armazenamento desde a colheita, como uma segurança caso o mercado dispare no fim do ano, disse um operador de grãos no sul do Estado de Indiana. Mas isso pouco adiantou para elevar os mercados futuros.

Os contratos futuros que acompanham as safras que serão colhidas no outono do Hemisfério Norte têm ficado ligeiramente atrás dos primeiros contratos, indicando que o mercado não está aumentando as expectativas de queda na produção de soja e milho relacionada ao fenômeno climático La Niña.

“É difícil ficar animado sobre as previsões meteorológicas que estão potencialmente a nove meses no futuro”, disse o consultor de gerenciamento de riscos da corretora First Choice Commodities, Garret Toay.

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A produtividade de milho registrou queda média na comparação anual de 8,9 por cento nos últimos seis anos, quando o El Niño estava enfraquecendo e La Niña se fortalecendo, segundo dados retroativos a 1950, do Centro de Previsão e Serviços Climáticos Nacionais dos EUA, assim como os registros do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês). A produtividade da soja caiu, em média, 6,5 por cento.

A produtividade do milho e da soja caíram em quatro dos seis anos de transição. Os maiores declínios aconteceram em 1988, quando produtores viram queda de 29,4 por cento na produtividade do milho e de 20,4 por cento na de soja.

O USDA está estimando aumento dos estoques de soja e de milho no ano comercial de 2015/16, enquanto que a oferta doméstica em níveis recordes em 1º de dezembro.

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(Por Mark Weinraub)