AES (AESB3) aponta elevado interesse de empresas na autoprodução de energia; ações têm sessão de queda

Contratos de PPAs, tanto de autoprodução como tradicional, variam de 15 a 20 anos; empresa diz que há no pipeline 1,3 GW em projetos

Augusto Diniz

AES Tietê - Ibitinga (Foto: Divulgação)

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Em meio ao aumento do custo de energia sem chances de estacionar a médio-longo prazo, a CEO da AES Brasil (AESB3), Clarissa Sadock, afirmou a analistas de mercado, nesta sexta (4), que a procura é grande por contratos de compra e venda por meio de um empreendimento em conjunto (joint venture).

As declarações ocorreram após a divulgação dos resultados da empresa, quando a AES Brasil registrou prejuízo líquido de R$ 34,8 milhões no quarto trimestre de 2021, revertendo lucro líquido de R$ 602,6 milhões no quarto trimestre de 2020. As ações da empresa registram queda de 2,96%, cotadas a R$ 11,13.

Atualmente, 22% dos PPAs (sigla em inglês para Power Purchase Agreement; contratos de compra e venda de energia) da AES Brasil já são no modelo de autoprodução; o restante, ou 78%, ainda é realizado pelo contrato tradicional, onde a interessada adquire diretamente com a geradora a energia desejada.

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Os contratos de PPAs, tanto de autoprodução como tradicional, variam de 15 a 20 anos. A AES informou que há no pipeline 1,3 GW de projetos prontos para contratação e construção por meio de PPAs.

AES (AESB3): Complexos eólicos em desenvolvimento

O Complexo Eólico Tucano, na Bahia, com 59% de avanço nas obras, terá operação comercial estimada para o segundo semestre desse ano. A capacidade instalada é de 322 MW.

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A AES Brasil também iniciou as obras da primeira fase do Complexo Eólico Cajuína, no Rio Grande do Norte, com 684 MW de capacidade instalada. A operação prevista é para 2023. Segundo a empresa, já foram contratados o fornecimento e instalação de turbinas eólicas a serem entreguem no cluster.

A empresa ainda firmou no final do ano passado PPA tradicional – o primeiro precificado pela moeda americana – de 300 MW com a Alcoa.

Também no final de 2021, AES Brasil fechou outro contrato, dessa vez com a Unipar, nesse caso de PPA de autoprodução. A joint venture terá capacidade instalada de 91 MW, o empreendimento ficará no Complexo de Cajuína e sua operação se dará a partir de janeiro de 2024.

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A AES informou ainda que entre dezembro e janeiro de 2022, assinou mais dois PPAs no modelo de autoprodução, que totalizam o equivalente a 114 MW de capacidade instalada. Os nomes das empresas envolvidas não foram divulgados porque dependem de assinaturas de contrato, previstos para ocorrer no primeiro semestre de 2022.

Empresa prevê igualar eólica com hidroelétrica

Na teleconferência de resultados do 4T21 e 2021, AES Brasil ainda informou que o plano de expansão da empresa prevê alcançar a capacidade de 6 GW em geração, sendo 44% em eólica, 44% em hidrelétrica e 11% em solar.

Hoje, a capacidade de geração de energia da empresa alcança 3,7 GW, sendo 72% em hidrelétrica, 20% em eólica e 8% em solar.

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E a capacidade de geração de energia já contratada elevará até 2023 a empresa a ter 4,76 GW de potência instalada, sendo 57% em hidrelétrica, 37% em eólica e 6% em solar.

Cenário hidrológico em 2022 é positivo

Clarissa Sadock, CEO da AES Brasil, apresentou visão otimista para o cenário hidrológico em 2022 por contas das chuvas já registradas nesse início do ano. Depois de um período de estiagem inicial, em 2021 os reservatórios do Sistema Interligado Nacional (SIN) chegaram a 33% acima do nível observado nos últimos 10 anos.

Avaliação do Balanço

Para o Itaú BBA, a AES Brasil reportou resultado fraco no 4T21, com Ebitda recorrente abaixo do esperado, principalmente devido aos maiores custos de compra de energia como parte de sua estratégia de hedge.

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A empresa comprou uma quantidade significativa de energia durante o 1S21 a preços elevados para mitigar o impacto do GSF durante o 2S21, destacou o BBA.

Além disso, o BBA pontuou que a alavancagem aumentou significativamente no trimestre, para 3,95x dívida líquida/Ebitda, mas permaneceu abaixo do covenant de 4,5x. Por fim, esperam uma rápida desalavancagem daqui para frente.

O banco mantém avaliação outperform para AES Brasil, e preço-alvo de R$ 14,40.

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Mais fraco que previsto

Na mesma linha, foi o Credit Suisse, analisando que AES Brasil reportou resultados mais fracos do que o previsto, principalmente pelos custos de compra de energia muito mais altos (provavelmente refletindo piores custos de negociação/hedge), parcialmente compensados ​​por menores despesas de PMSO e ganhos não recorrentes.

Em uma base anual, os resultados foram ajudados pela incorporação de novos ativos eólicos, mas prejudicados pela fraca produção eólica.

Além disso, a empresa anunciou a assinatura de dois novos PPAs de autoprodução no complexo eólico de Cajuina, totalizando 114 MW de capacidade instalada por 20 anos.

Com isso, a AES aumentou sua carteira de energia contratada em 193 MW médios por ano para 2024/2025, mas reduziu sua parcela contratada para 2022 de forma a reduzir sua exposição ao déficit hídrico.

Credit Suisse mantém avaliação outperform para AES, e preço-alvo de R$ 13,00.

Operacional positivo

Enquanto isso, a XP ressaltou o bom desempenho operacional no 4T21, apesar das condições climáticas adversas.

Os analistas da XP destacaram que a AES Brasil enfrentou um ano desafiador devido à fraca hidrologia, resultado da política do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) de preservar os reservatórios e favorecer a geração térmica.

Por outro lado, a geração eólica foi muito superior devido à conclusão da aquisição do Complexo Ventus (dezembro/20) e Mandacaru e Salinas (abril/21).

Já o resultado líquido ficou em linha com as estimativas compensado por despesas financeiras abaixo do esperado. Assim, a XP mantém recomendação de compra para AES Brasil com preço-alvo de R$ 15.

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