Ações ordinárias da AES Tietê mantêm a preferência dos analistas em julho

Companhia lidera pela sexta vez o MCI elaborado pela InfoMoney; setores de tecnologia e de commodities também se destacam

Anderson Figo

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SÃO PAULO –  Pela sexta vez desde que teve início a compilação elaborada pela InfoMoney – em fevereiro de 2007 -, as ações ordinárias da AES Tietê (GETI3) conseguiram a preferência dos analistas em julho, de acordo com o MCI (índice de consenso de mercado). O indicador, que compila a análise de 24 corretoras e bancos de investimento, atribuiu a nota 4,80 (em uma escala de 0 a 5) aos ativos da AES, refletindo principalmente as boas perspectivas para o setor elétrico no Brasil e as características defensivas do papel.

Para uma melhor interpretação do MCI, é sempre importante considerar o número de avaliações atribuídas a cada ativo. Uma maior quantidade de opiniões tende a tornar mais robusta a sugestão. Neste caso especificamente, vale ressaltar que os papéis da AES Tietê receberam duas recomendações a mais do que o limite mínimo para ser considerado dentro da metodologia do indicador: três sugestões.

Outro ponto importante do indicador é que ele considera os princípios de análise fundamentalista, sendo, portanto, mais recomendado para investidores que atuam com foco no longo prazo.

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Sexta vez na liderança
Em linhas gerais, as boas perspectivas para o setor elétrico influenciaram as recomendações aos papéis da AES Tietê no sexto mês deste ano. Em análise feita pelos analistas Vladimir Pinto e Marcelo Sá, a Bradesco Corretora destacou que o consumo de energia elétrica no Brasil vai continuar apresentando crescimento acentuado nos próximos meses, principalmente por conta da forte demanda industrial por eletricidade.

Já o analista Marcus Sequeira, do Deutsche Bank, destacou a maior demanda por energia das indústrias. Além disso, segundo ele, o consumo de energia de outros setores também deve beneficiar as empresas do segmento elétrico. “A recuperação permanece forte no setor de mineração, siderurgia e outras áreas de recursos naturais que foram as mais afetadas durante a crise”.

Destacando o período de secas que marca o segundo semestre, o analista Rafael Quintanilha, da Brascan Corretora, observou elevação no preço de energia no mercado spot e aumento no PLD (Preço de Liquidação de Diferenças) médio no segundo trimestre para R$ 42,71/MWh, em comparação aos R$ 18,54/MWh dos primeiros três meses do ano.

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A corretora elegeu como pontos positivos os incentivos tributários concedidos pelo Governo Federal, a crescente confiança do consumidor e a retomada da atividade industrial do País para justificar um aumento de consumo de energia de 10,6% na comparação com o mesmo período do ano passado.

Após considerar a retomada da produção industrial e o aumento no uso de aparelhos eletrodomésticos e eletrônicos, a Brascan estima aumento no consumo de energia de 7,9% para este ano, acima da previsão de 7% da EPE (Empresa de Pesquisa Energética).

O preço mais elevado da energia comercializada também é o argumento que traz boas perspectivas à AES Tietê, aliado ao aumento do volume distribuído. “Ressaltamos que a empresa distribui 100% do seu lucro líquido na forma de dividendos, o que a torna uma das principais remuneradoras de proventos do mercado brasileiro”, disse Quintanilha, em relatório.

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Cabe mencionar que, em junho, as ações ordinárias da AES Tietê haviam recebido quatro recomendações no MCI InfoMoney, atingindo nota de 4,75 pontos. No mês anterior, porém, os papéis haviam registrado nota máxima (5,00 pontos). Neste mês, os papéis foram sugeridos por cinco corretoras e bancos, sem um consenso positivo, o que levou a nota da ação à 4,80 pontos – ainda sim, liderando o ranking de julho.

As mais recomendadas
Ação MCI Avaliações
AES Tietê ON 4,80 5
UOL PN 4,67

3

American BankNote ON 4,58 6
Cia. Hering ON 4,58 6
Petrobras ON 4,53 9
Vale ON 4,53 9
Brookfield ON 4,50 8
Petrobras PN 4,42 15
Marfrig ON 4,40 10
Vale PNA 4,39 17

Setor de tecnologia assume vice-liderança
Assumindo o segundo lugar no MCI, os papéis do UOL também se beneficiam do cenário positivo ao setor. Os papéis da empresa receberam três recomendações em junho – o mínimo exigido para ingressar no indicador -, depois de alguns meses esquecidos.

Em entrevista recente ao portal InfoMoney, o analista Raphael Cordeiro, da Omar Camargo, explicou o motivo de as corretoras não recomendam frequentemente as ações de tecnologia. Segundo Cordeiro, os fatores que mais influenciam outros analistas a não recomendarem ações do segmento são a restrita liquidez e as baixas margens.

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A despeito dos pontos positivos e negativos no investimento em papéis do setor de tecnologia, uma particularidade importante que deve ser levada em consideração pelos investidores são as especificidades de cada companhia, de acordo com a Omar Camargo.

Para o UOL, mesmo sendo mais próximo das empresas de software, Cordeiro destacou que a empresa seria favorecida no setor por conseguir capturar o crescimento e maior poder de acesso à internet da classe C.

O que é o MCI?
O Market Consensus Indicator (MCI) tem como principal objetivo facilitar as decisões de investimento dos usuários do site no mercado de ações. Considerando uma amostra com informações e projeções de diversos bancos de investimento e corretoras, o benchmark busca trazer um indicador de consenso entre os analistas de mercado a respeito das recomendações de uma determinada ação.

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Variando em uma escala de 0 (venda forte) a 5 (compra forte), o indicador é calculado a partir das recomendações dos analistas consultados, trazendo um resumo do consenso. É importante destacar que o MCI é calculado apenas para ações com ao menos três recomendações de analistas distintos.