Seminovos puxarão recuperação de locadoras de carros em 2020 – e analistas veem oportunidades com ações

Vendas dos veículos no fim do ciclo de locação tem sido beneficiada por mudanças estratégicas promovidas pelas empresas do setor

Ricardo Bomfim

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SÃO PAULO – Em um momento de expectativa por uma retomada do crescimento econômico entre o fim de 2019 e o começo de 2020, a venda de veículos seminovos deve aumentar a rentabilidade das empresas locadoras de carros. 

Para entender como isso ocorrerá – e como deve impactar as ações das companhias do setor – é preciso ter em mente que a operação dessas companhias possui três fases: a compra dos carros, o aluguel deles e a venda depois de alguma depreciação. 

Para Bruna Pezzin, analista da XP Investimentos, mesmo não sendo o principal aspecto do negócio, a venda dos veículos ao final do ciclo é importante, pois garante as margens e a rentabilidade de toda a operação (confira o relatório clicando aqui). 

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Nesse ponto, Localiza (RENT3) é a empresa mais bem posicionada, pois seu estoque de seminovos é o que tem a menor distância média percorrida, em torno de 30,8 mil quilômetros, aproximadamente 17% abaixo dos pares. 

Os veículos mais frequentes no site de vendas de seminovos da locadora são Renault Sandero, com 15% da participação, Volkswagen Gol, com 9%, Ford Ka (7%) e Chevrolet Onix (7%). 

Contudo, o investidor pode ter mais chance de ganhar dinheiro ao colocar Movida (MOVI3) na carteira. Isso porque a recuperação da empresa é mais relevante que a das concorrentes. 

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As analistas Renata Faber, Thais Cascello e Julia Hupperich, do Itaú BBA, ressaltam que esperavam uma margem Ebitda – obtida por meio da divisão do lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) pela receita líquida da empresa – negativa de 2,1% a partir de 2020 para a Movida.  

Essa perspectiva teve que ser revisada, uma vez que a locadora conseguiu melhorar o perfil de depreciação de seus veículos no segundo trimestre deste ano. “Foram vendidos 16 mil carros usados no período, uma máxima histórica que derrubou a idade média da frota”, ressalta o Itaú BBA. 

O Bradesco BBI também exaltou o sucesso da companhia em seu plano de recuperação para os seminovos. A equipe do banco destaca as novas estratégias de preços e estoques e o estabelecimento de um processo padronizado, incluindo métricas formais, implementando um novo relacionamento entre clientes e administração. De acordo com a equipe do banco, apesar disso, a ação MOVI3 está sendo negociada com desconto em relação aos seus pares.

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Bruna Pezzin explica que o estoque da Movida, apesar de não ser tão bom quanto o da Localiza, é interessante, com uma distância média percorrida saudável em conjunto com preços médios anunciados razoáveis.

Outro ponto positivo é que o carro seminovo mais vendido pela empresa é o Hyundai HB20, que responde por 20% da frota e está desde 2014 entre os três carros mais demandados no Brasil. 

Unidas (LCAM3), embora tenha recebido menos destaque nos relatórios,também é vista pela XP como uma história de recuperação muito atrativa em termos de múltiplos. Ela negocia em 18 vezes o múltiplo preço da ação dividido pelo lucro por ação contra 15 vezes da Movida. 

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A Localiza, por sua vez, negocia com múltiplos mais esticados, que se justificam pela trajetória consistente de geração de valor em conjunto com um posicionamento privilegiado no mercado. 

A XP tem recomendação de compra para as ações das três empresas. Assim, de uma forma geral, a visão é positiva para o setor, conforme destaca a XP, por acreditar que todas as empresas estejam de alguma forma bem posicionadas para se beneficiar (i) de um ambiente macroeconômico melhor, com taxas de juros estruturalmente mais baixas e atividade acelerando; e (ii) de tendências benignas do setor, como a competição racional e a consolidação de players pequenos. 

O preço-alvo do papel MOVI3 é de R$ 19,00, o que corresponde a uma valorização de 24,6% sobre o valor de fechamento no pregão da quarta-feira (4).

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Já o da LCAM3 é de R$ 60,00, o que significa alta de 10,3% sobre o último pregão.

O preço-alvo da RENT3, por fim, é de R$ 49,50, o que corresponde a um upside de 4,9% em relação ao pregão passado. 

Na mesma linha, a maior parte das casas de análises está otimista com o setor. Das 21 casas consultadas pela Bloomberg, 14 recomendam compra para papéis e 7 recomendam manutenção. No caso da Movida, das 14 instituições que cobrem o papel, 9 recomendam compra e 5 recomendam mantê-lo. Por fim, para a Unidas, 11 recomendam compra e só 1 manutenção.

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Apesar do forte desempenho este ano das ações das companhias (positivo em 86% para os ativos MOVI3, em 60% da RENT3 e em 45% para LCAM3), os analistas ainda veem oportunidade para os ativos. 

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.