Brasil está se tornando mais “defensivo” em ambiente conturbado de emergentes, diz Goldman Sachs

Em relatório, banco destaca ambiente benigno no Brasil e resiliência das ações mesmo em cenário de pressão sobre os mercados emergentes

Mariana Zonta d'Ávila

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – Em um ambiente global conturbado, com temores de uma nova recessão nos Estados Unidos, de preocupações com a extensão dos conflitos comerciais entre americanos e chineses e com os nossos vizinhos argentinos se preparando para uma mudança de rumo política e provavelmente econômica, o Brasil tem conseguido se destacar entre os mercados emergentes. É o que diz um relatório divulgado nesta quinta-feira pelo Goldman Sachs.

De acordo com o banco, por mais que os investidores globais não estejam convencidos de um cenário mais atrativo para os investimentos no curto prazo (entre um e dois anos), quando questionados sobre quais mercados emergentes podem ser bons cases para um período mais longo, Brasil está entre os dois países mais citados, ao lado da Índia.

“A resiliência das ações brasileiras nas últimas semanas, durante um período de pressão nos mercados emergentes, sugere que o Brasil está ficando mais ‘defensivo’ por natureza”, escreveu o banco. O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, acumula alta de 14% no ano, mas passou a perder 1,53% em agosto, com a baixa de 3% registrada ontem.

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Um ambiente doméstico mais benigno, marcado pelo avanço de reformas e com a taxa Selic na mínima histórica, no entanto, não blinda o Brasil de riscos globais. Na opinião do Goldman, há desafios importantes, como o crescimento brando do país e potenciais impactos vindos da Argentina, o terceiro maior importador do Brasil.

“Apesar dos riscos, o entusiasmo dos investidores, particularmente os locais, é perceptível”, escrevem os analistas Caesar Maasry e Ron Gray, que assinam o relatório.

Dentre os aspectos que contribuem para um olhar mais otimista em relação ao Brasil, o Goldman cita a a  percepção de um movimento relativamente suave dos ativos desde a votação das eleições primárias argentinas, no domingo. O Ibovespa caiu 1,92% na última segunda-feira, mas subiu 1,52% no dia seguinte, enquanto o dólar subiu 1% em relação à moeda brasileira após as primárias e recuou 0,4% na terça-feira.

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Ações no holofote

Na visão do banco americano, as ações são os ativos com a melhor relação risco/retorno no Brasil atualmente. Entre os principais motores para tal afirmação estão a aprovação de potenciais reformas, como a tributária, além de juros baixos e inflação sob controle.

O Goldman vê o Ibovespa alcançando os 106 mil pontos até dezembro e os 114 mil pontos nos próximos 12 meses, o que representaria uma valorização de 13,7% em relação ao fechamento de quarta-feira (14).

Segundo os analistas, parte da melhora fiscal já está precificada nos ativos de crédito e, portanto, são as ações que devem se destacar neste segundo semestre, impulsionadas pela probabilidade de que o crescimento possa “finalmente melhorar de uma base tão baixa” e dado um ambiente doméstico mais favorável.

“Nós reconhecemos que as decepções com o crescimento neste ano colocam a recuperação [econômica] em dúvida, mas achamos que isso tem sido um fenômeno global e que o Brasil está mais perto de melhorar do que os demais emergentes, que não possuem catalisadores claros no curto prazo ou em que tensões comerciais possam permanecer como foco”, afirmam.

Para a Selic, o Goldman espera que a taxa básica de juros seja cortada para, no mínimo, 5,5% até o fim de 2019.

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