Entrevista: PDG diz ser a segunda maior do setor na classe média baixa do Brasil

Com Goldfarb, "iremos fazer mais do mesmo com mais expertise", diz diretor da co-incorporadora sobre segmento econômico

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – Um crescimento de 379% no VGV (Valor Geral de Vendas) nos primeiros nove meses de 2007, para R$ 760 milhões. Um lucro líquido de R$ 19,8 milhões no terceiro trimestre, contra R$ 1,5 milhão no terceiro trimestre de 2006. A excepcional expansão ajuda a explicar o desempenho vigoroso da novata PDG Realty na Bovespa.
Para o diretor vice-presidente financeiro e diretor de Relações com Investidores da PDG Realty, Michel Wurman, é o reflexo disso. Ingressa na Bolsa em janeiro, a ação da empresa comemora valorização de cerca de 70%. Com modelo de negócios diferenciado, a PDG compra participação de empresas, além de desenvolver atividades como co-incorporadora de imóveis.
Após a captação de R$ 648 milhões no início do ano e mais R$ 575 milhões com uma nova oferta, o foco é o segmento econômico. Dona de 80% da paulista Goldfarb, a empresa já “é a segunda maior incorporadora deste nicho no Brasil”, disse o executivo em entrevista à InfoMoney. Previsão? Lançar R$ 2,1 bilhões só a participação da PDG em 2008.

Michel Wurman, diretor vice-presidente Financeiro e diretor de RI da PDG Realty

InfoMoney – Desde o IPO (Initial Public Offering), a ação da PDG Realty acumula valorização de cerca de 70%. A que o sr. atribui esse desempenho?

Michel Wurman – A principal variável é a performance operacional e o ritmo de crescimento da empresa. Fomos capazes de pegar o dinheiro do IPO e investir com rapidez e eficiência. O tamanho da empresa hoje e as possibilidades de futuro que ela tem são muito maiores do que prevíamos efetivamente na época do IPO.
Isso possibilitou a montagem de uma plataforma e um modelo de negócios mais forte do que os outros que atuam no ramo imobiliário. O pessoal tinha muita dúvida na época do IPO sobre as nossas atividades e através da nossa capacidade de execução fomos mostrando que a empresa não tinha o risco que todo mundo imaginava.
Nosso modelo de negócios de incorporação residencial é semelhante ao modelo de negócios da Rossi, da Cyrela, da Gafisa. A única diferença é que também compramos a participação de empresas pequenas que, juntamente com os gestores das mesmas, fazemos elas crescerem com a ajuda de capital e nossa expertise.
Por exemplo, a Goldfarb, que foca na classe média baixa, é uma empresa que temos hoje 80% de participação. Quando compramos a primeira fatia da incorporadora em 2006, ela tinha feito no ano anterior (2005) 800 unidades. Esse ano ela já lançou mais de 8 mil unidades.

IM – Qual foi o principal objetivo com a nova oferta de ações realizada pela empresa?

”Quando compramos a primeira fatia da Goldfarb, ela tinha feito 800 unidades em 2005. Esse ano ela já lançou mais de 8 mil unidades”

Wurman – O objetivo da oferta foi investir mais capital nessa plataforma que estamos montando ao longo dos últimos anos e que se intensificou em 2007 após IPO.
Isso é natural no nosso modelo de negócio. Na prática, estamos fortalecendo nossa estrutura operacional para conseguir incorporar mais e fazer mais lançamentos e automaticamente aumentar o lucro da PDG.

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IM – Dentre essas atividades que a PDG desempenha no mercado, qual atualmente ocupa maior participação no balanço e quais são as projeções?

Wurman – No balanço atual é meio a meio. No balanço passado, a co-incorporação era nossa única fonte. No futuro, eu acredito que o mix deve vir entre 60% e 70% dos negócios de participação dentro das empresas e 30% e 40% dos negócios que fazemos de co-incorporação.

IM – Em agosto, a PDG Realty informou que aumentou a participação no capital da incorporadora imobiliária argentina TGLT. Quais são as primeiras impressões da atuação na Argentina?

Wurman – Ainda estamos fazendo as primeiras aquisições de terrenos. Na nossa visão, a Argentina é um mercado que pode ter um grande potencial, porém, para nós ainda é restrito à classe média e média alta. Não dá para fazer projeto de classe média baixa.

IM – Quais as perspectivas para a PDG em 2008?

”No futuro, eu acredito que os negócios de participação dentro das empresas deve ocupar entre 60% e 70% do nosso balanço”

Wurman – O objetivo é continuar no rumo de crescimento. A meta é crescimento e aumento da expectativa de lucro, porque o mercado está reagindo muito bem, as vendas continuam muito fortes. Estamos aumentando o nível de lançamentos, concentrando bastante no segmento da classe média baixa.
Para o ano que vem, a meta é lançar só a participação da PDG R$ 2,1 bilhões, não incluindo a participação dos parceiros e dos sócios das empresas nos próprios projetos. Sendo que dois terços disso são para a classe média baixa.
Com a adição da Goldfarg, já devemos ser hoje em dia a segunda maior incorporadora de classe média baixa no Brasil. A tendência é que o segmento econômico ocupe cada vez mais espaço nos balanços e projeções da empresa.

IM – Alguns analistas já vêm apontando alguns gargalos na construção civil, como escassez na oferta de certos equipamentos de construção e pressão nos custos de materiais e mão-de-obra. Como a PDG está posicionada neste cenário?

Wurman – É só planejar que você consegue diminuir os gargalos. Se você conseguir antecipar os gargalos, você consegue passar por eles de uma forma mais fácil.
Então, por exemplo, já estamos importando gruas da China e as principais compras nossas estão sendo feitas com um horizonte de um a dois anos para frente.

IM – Qual é o diferencial da PDG diante do potencial aumento da concorrência no segmento econômico?

”A PDG não vai testar. A empresa vem sendo bastante forte no segmento econômico há três anos”

Wurman – Expertise, management mais qualificado, capital, land bank já adquirido e modelo de negócios. Esse é um mercado que já é natural da Goldfarb, ela sempre fez isso e está muito bem posicionada. E a Goldfarb será o principal instrumento para exposição a esse segmento.
A empresa não vai testar. Não é um segmento novo para a PDG. É um segmento que a PDG há três anos vem sendo bastante forte. Iremos fazer mais do mesmo com mais expertise. Esse é um segmento que você tem margens menores e não tem muito espaço para teste. Então o espaço de manobra diminui.
Ou seja, o custo de entrada nesse segmento, embora pareça barato, é muito alto.