China dá resposta bastante dura aos EUA e XP aponta cenário binário para guerra comercial

Ou EUA e China insistem na "retaliação incremental" e aumentam aversão ao risco do mercado ou adotam postura mais pragmática, o que deve favorecer mercados emergentes

Lara Rizério

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – A semana já começou com forte tensão para os investidores em todo o mundo após a resposta chinesa bastante dura aos EUA, após Donald Trump anunciar uma tarifa de 10% em US$ 300 bilhões em produtos chineses na semana passada. 

A China anunciou a suspensão de compras de produtos agrícolas dos EUA e usou a desvalorização da moeda chinesa, o yuan, que rompeu a barreira de 7 por dólar (algo que não ocorria desde 2008), para retaliar os americanos. 

Conforme destaca Alberto Bernal, estrategista global da XP Investimentos, em relatório (confira na íntegra clicando aqui), a decisão do governo chinês é muito agressiva, excedendo a  do “olho por olho” que a liderança chinesa vinha implementando até agora.

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De acordo com Bernal, se a princípio poderia considerar que esse episódio pode se tornar apenas mais uma “mini batalha” na tensão comercial em andamento, há elementos que reforçam um cenário mais negativo na disputa.

“A decisão das autoridades chinesas de elevar os parâmetros de retaliação contra os EUA que vinham seguindo até agora (retaliação proporcional) implica que os chineses estão, de fato, prontos para realmente combater Trump (seja qual for o custo) caso as circunstâncias forcem tal cenário”, afirma o estrategista da XP.

Na avaliação da XP, Trump precisa ter uma economia e mercados financeiros estáveis ??para ganhar a reeleição, já que o próximo pleito promete ser bastante competitivo.

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Desta forma, se o atual presidente americano quiser se reeleger, o dilema deveria que ser resolvido em breve, uma vez que os chineses querem um acordo. Contudo, o grande problema é que o conflito aumenta, o que torna cada vez mais complicado “recuar e se salvar” ao mesmo tempo. 

Se os EUA optarem por retaliar a China, a opção que está na mesa é uma tarifa geral de 25% sobre todos os produtos chineses o que, na avaliação de Bernal, “colocaria a economia mundial de joelhos”.

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Isso porque haveria um efeito rápido e virulento de uma mudança nas condições financeiras sobre a economia real – principalmente por conta da globalização, mídias sociais e relevância cada vez maior do consumo na composição do crescimento do mundo desenvolvido. 

Com tudo isso no radar, a XP faz uma análise de um cenário binário, que segue abaixo:

  1. 1. EUA e China insistem na “retaliação incremental” – neste cenário, a economia mundial entra em recessão em 2020 e o S&P500 testará as baixas de 2018. 
  2. Já o DXY – índice do dólar comparado a uma cesta de moedas dos países parceiros dos Estados Unidos – teria forte recuperação, com os emergentes vendo suas moedas registrarem fortes baixas com o aumento do evento de volatilidade.
  3. Já o Federal Reserve poderia ser mais agressivo e cortar as taxas de juros em 125 pontos-base a partir até o final do ano de 2020, se este ambiente agressivo de guerra comercial persistir e o rendimento do Título de 10 anos dos EUA ficaria em 1,25%.

2. Manchetes mais positivas sobre negociações – neste cenário, o Fed adotaria cortes menos agressivos, cortando as taxas em 75 pontos-base a partir de agora até o final de 2020. 

“O risco seria de um corte menor pelo Fed, uma vez que a economia americana, exceto por conta dos componentes da guerra comercial, está crescendo, e deve continuar se saindo muito bem, a menos que alguém ou algo estrague a festa”, avalia. 

Com um cenário mais benevolente, a expectativa é de que os investidores mantenham a sua exposição acionária, haja uma maior fraqueza do dólar com menor aversão ao risco e persistente déficit em alta da conta corrente dos EUA, além de desempenho superior dos mercados emergentes. 

“Se esse cenário benevolente se materializar, vemos o rendimento dos título de 10 anos dos EUA em 2,1% (2,3% antes desta nova rodada da guerra comercial começar)”, avalia Bernal. 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.