Ibovespa opera em alta com sinalizações positivas sobre Previdência; investidores monitoram G-20

Índice aponta para nova sessão positiva, com investidores otimistas com possibilidade de aprovação da reforma previdenciária no plenário da Câmara dos Deputados em julho

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Na última sessão do semestre, o Ibovespa ensaia um novo dia de alta, com os investidores de olho nas reuniões do G-20 e da Opep, no plano internacional, e para as notícias referentes à reforma da Previdência, em nível doméstico. Às 10h19 (horário de Brasília), o benchmark da bolsa brasileira subia 0,76%, a 101.491 pontos.

No mesmo horário, os contratos de juros futuros com vencimento em janeiro de 2020 recuavam 3 pontos-base, a 5,99%. Já os papéis com vencimento em janeiro de 2022 caíam 2 pontos-base, a 6,32%. No mercado de câmbio, o dólar futuro com vencimento em julho saltava 0,22%, sinalizando cotação de R$ 3,828. No mercado spot, a moeda americana caía 0,10%, cotada a R$ 3,829 na venda.

Ontem, sinalizações dadas pelo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), de que a proposta pode ter sua tramitação concluída na casa legislativa antes do recesso parlamentar animaram o mercado e impulsionaram o índice.

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O ministro Paulo Guedes (Economia) se reuniu com o presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre (DEM-AP), em um gesto de reaproximação com os parlamentares após as críticas que fez ao relatório do deputado Samuel Moreira (PSDB-SP). Ambos defenderam a inclusão de estados e municípios na reforma.

Soma-se a isso a informação do jornal O Globo de que o governo teria finalmente acelerado a liberação de verba de emendas parlamentares para aprovar a reforma. Nos últimos dias, esse foi o principal motivo apontado nos bastidores para o novo atraso no calendário de tramitação da Proposta de Emenda à Constituição.

Vale destacar, ainda, a quarta pesquisa realizada pela XP Investimentos com deputados que apontou que, após uma série de atritos ao longo dos primeiros seis meses de gestão, parlamentares observam uma melhora no relacionamento entre o governo do presidente.

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Segundo o levantamento, feito entre os dias 18 e 26 de junho (ou seja, capturando parcialmente a nova rodada de desencontros que culminou no atraso do calendário da reforma da Previdência), subiu para 49% o percentual de congressistas que classificam como ótima ou boa sua relação individual com o Palácio do Planalto. Já os que avaliam essa interlocução como ruim ou péssima somam 27%. Veja mais clicando aqui.

No noticiário internacional, os presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e da China, Xi Jinping, se reúnem neste sábado, durante a atual cúpula do G-20 no Japão, em meio ao impasse comercial entre as duas maiores economias globais. Os dois países têm mantido posições firmes em relação aos seus respectivos pleitos até a véspera do encontro.

Enquanto o Ministério do Comércio chinês pede que Washington cancele suas medidas de pressão e sanção contra a Huawei e outras empresas chinesas, os norte-americanos ameaçam impor tarifas a todas as importações dos chineses, caso as conversas deste final de semana falhem.

Atenção ainda para a reunião da Opep que acontece entre os dias 1 e 2 de julho. De acordo com o Credit Suisse, o foco será sobre se o acordo para corte de produção em 1,2 milhão de barris por dia será estendido para o restante do ano (e a expectativa é que isso ocorra). 

Destaques do pregão:

Bolsa em alta

Poucas ações que compõem a carteira teórica do Ibovespa operam no campo negativo nesta sessão. Neste caso, o destaque fica com os papéis de Suzano (SUZB3) e Pão de Açúcar (PCAR4), com quedas superiores a 1%. No sentido oposto, as ações de Cyrela (CYRE3), CVC Brasil (CVCB3) e Eletrobras (ELET6) lideram os ganhos do dia.

Contribuem para o dia positivo do índice também os papéis de Petrobras (PETR4), Vale (VALE3) e siderúrgicas. Essas ações, altamente expostas ao desempenho das commodities no mercado internacional, respondem positivamente às expectativas dos investidores pelo encontro entre os presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e da China, Xi Jinping.

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 CYRE3 CYRELA REALTON 20,71 +3,29 +33,87 5,55M
 ELET3 ELETROBRAS ON 34,96 +2,52 +44,28 15,63M
 CVCB3 CVC BRASIL ON 51,38 +2,25 -15,98 23,24M
 PETR3 PETROBRAS ON N2 30,44 +1,84 +20,25 50,92M
 MRVE3 MRV ON 19,59 +1,82 +61,91 7,12M

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 SUZB3 SUZANO S.A. ON 33,14 -1,89 -12,02 30,90M
 PCAR4 P.ACUCAR-CBDPN EJ 93,13 -0,95 +15,95 21,19M
 CSAN3 COSAN ON 45,94 -0,56 +40,30 4,41M
 ENBR3 ENERGIAS BR ON 18,96 -0,52 +35,67 6,88M
 ESTC3 ESTACIO PARTON 28,86 -0,52 +24,36 5,35M
* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)

Bolsonaro e G-20

Após um embate com a chanceler alemã, Angela Merkel, em relação ao desmatamento no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro se reuniu com o líder francês, Emmanuel Macron. Apesar de ter sido cancelada inicialmente, após Macron ameaçar não assinar nenhum tratado comercial com o Brasil caso saísse do acordo de Paris, o encontro acabou acontecendo e o presidente brasileiro reiterou o compromisso de se manter no tratado sobre o clima e convidou o francês para visitar a Amazônia.

Durante transmissão ao vivo pelo Facebook, do Japão, Bolsonaro chegou a afirmar que “não vai receber pito” de ninguém. A resposta foi endereçada especialmente à Merkel, que havia descrito como “dramática” a situação do Brasil e que pretendia abordar o presidente brasileiro para uma conversa clara. O ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, disse que países como Alemanha buscam explorar florestas brasileiras no futuro e dão “palpite” na questão ambiental. “Quem tem moral para falar da preservação do meio ambiente no Brasil? Esses países que criticam? Vão procurar sua turma”, disse.

A troca de farpas entre chefes de Estado de Brasil, França e Alemanha, por sua vez, aumentou a tensão sobre as negociações dos detalhes finais do acordo entre Mercosul e União Europeia, discutido há duas décadas. Havia expectativa de que um consenso entre os ministros dos dois blocos pudesse ser alcançando ainda na última quinta-feira, 27, mas as conversas avançaram a noite em Bruxelas sem que um anúncio final fosse feito. A decisão sobre o futuro do tratado ficou para hoje.

O presidente Jair Bolsonaro se encontrou hoje ainda com Trump, em Osaka, no Japão. Segundo o Estadão, questionado três vezes por jornalistas sobre o papel do Brasil em meio à disputa EUA-China, Trump evitou se posicionar e não deu nenhuma resposta específica. Trump não colocou o Brasil, ainda, no centro de suas respostas, também em questões sobre a Venezuela. A nota oficial do encontro diz que eles falaram sobre “riscos associados às atividades chinesas no hemisfério Ocidental”, sobre Venezuela e o apoio ao Brasil ingressar na OCDE.

Trump afirmou ainda que o Brasil tem ativos que “alguns países nem conseguem imaginar” e que é um “tremendo país”. “Estamos falando sobre comércio, estamos comercializando muito mais que antes. E temos muito o que discutir”, acrescentou.

Bolsonaro participou ainda de uma reunião informal do Brics (Brasil, Índia, China, Rússia e África do Sul), quando afirmou que o governo pretende trabalhar ativamente pelo fortalecimento do grupo. “Contem com o empenho de nosso Governo para que a cooperação entre nós se fortaleça sempre mais”, declarou. “Destaco que nossa união pode colaborar e muito na busca de soluções de conflitos internacionais”.

Na agenda do presidente consta ainda encontro com o presidente da China, Xi Jinping.

Economia e Previdência

Em meio à tentativas de reaquecer a atividade econômica, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que o Banco Central (BC) deve seguir reduzindo a alíquota de recolhimento de depósitos compulsórios em mais de R$ 100 bilhões. Ontem, o BC decidiu reduzir a alíquota do recolhimento compulsório sobre recursos a prazo em dois pontos percentuais, de 33% para 31%. A alteração, que terá efeito a partir do mês que vem, vai destravar R$ 16,1 bilhões. A medida deve ampliar o acesso ao crédito no país.

Após a fala de Guedes, o Banco Central publicou uma nota sobre a questão, afirmando que a ação relativa aos compulsórios ainda está em curso, “sem definições de prazos ou montantes”. “O BC não antecipa decisões ou regulações”, acrescentou a autarquia. O BC destacou que a liberação anunciada na quarta-feira, no valor de R$ 16,1 bilhões, terá efeito no dia 15 de julho deste ano.

Ainda na economia, o Conselho Monetário Nacional (CMN) fixou em 3,5% a meta de inflação a ser perseguida pelo Banco Central em 2022. A margem de tolerância para cumprimento da meta será de 1,5 ponto porcentual, para mais ou para menos (inflação entre 2,00% e 5,00%). A meta de 2019 é de 4,25%; a de 2020, de 4%; e a de 2021, de 3,75%.

O secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Saschida, destacou que uma meta de inflação baixa não implica uma alta de juros por parte do Banco Central. De acordo com o secretário, uma meta de inflação mais baixa está associada a menor incerteza em relação a comportamento futuro da inflação.

O secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, disse ainda, que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que tem sido grande aliado do governo no Congresso, mantém a confiança de que é possível votar o texto da Previdência no plenário da Câmara antes do recesso parlamentar.

Maia afirmou que a próxima terça (2) é o prazo final para reincluir ou não estados e municípios na reforma da Previdência. Na terça, Maia participa de uma reunião com os governadores e o relator, deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), para definir o apoio ou não à reforma. Em evento em São Paulo, Maia garantiu que o texto será votado até dia 18, antes do recesso parlamentar.

Durante sua live no Facebook, Bolsonaro reforçou que a melhora do quadro econômico do país passa pela aprovação da reforma da Previdência, que ele espera que seja votada no plenário da Câmara antes do recesso parlamentar de julho.

“A semana que vem se vota na comissão especial e, pelo que tudo indica, se aprova o texto, que na semana seguinte já pode ir para plenário e, quem sabe, votarmos, pelo menos o primeiro turno, antes do recesso parlamentar”, disse Bolsonaro.

Bolsas mundiais

Na Europa, os mercados operavam em alta nesta manhã, assim como os índices futuros das bolsas americanas. No Velho Continente, vale destacar que o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) da zona do euro subiu 1,2% na comparação anual de junho, permanecendo no nível de maio. O resultado veio em linha com a previsão de analistas consultados pelo The Wall Street Journal.

A leitura prévia de junho mantém a inflação da zona do euro bem distante da meta do Banco Central Europeu (BCE), que é de uma taxa ligeiramente inferior a 2%, e aumenta a pressão para que a instituição volte a adotar medidas de estímulos.

Na semana passada, o presidente do BCE, Mario Draghi, sinalizou que a instituição poderá voltar a cortar juros e comprar ativos por meio de seu programa de relaxamento quantitativo (QE, pela sigla em inglês) se a perspectiva econômica da zona do euro não melhorar.

Na Inglaterra, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 0,5% no primeiro trimestre do ano ante o quarto trimestre de 2018. Na comparação anual, o PIB britânico se expandiu 1,8% entre janeiro e março. Os números confirmaram estimativas preliminares e vieram em linha com as projeções de analistas.

Entre as commodities, os preços do petróleo operam praticamente estáveis, enquanto os preços futuros do minério de ferro acumulam alta de 5% em dois dias.

Noticiário corporativo

A Petrobras está em conversas com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) sobre sua saída do segmento de transporte e distribuição de gás, disse o presidente da estatal, Roberto Castello Branco, após o governo anunciar plano de acabar com monopólios no transporte e distribuição de gás. O presidente da Petrobras afirmou ainda que a companhia poderá concluir a venda de ao menos uma refinaria este ano, de um total de oito colocadas à venda.

Agora pela manhã, a Petrobras informou o início da etapa de divulgação das oportunidades (teasers) referentes à venda de ativos em refino e logística associada no país. Os desinvestimentos representam, aproximadamente, 50% da capacidade de refino nacional, totalizando 1,1 milhão de barris por dia de petróleo processado.

Ainda sobre a Petrobras, em reunião com o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a Procuradoria-Geral da República (PGR) e a Advocacia-Geral da União (AGU) acertaram que entregarão à Corte até o dia 15 de julho propostas de aplicação da multa paga pela Petrobras, em acordo com a Justiça norte-americana, que direcionou R$ 2,5 bilhões ao Brasil. Um acordo sobre o destino desse dinheiro deve ser fechado em agosto, de acordo com Moraes.

(Agência Estado, Agência Brasil e Agência Câmara)

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.