Ibovespa sobe com petróleo e possível acordo entre EUA e China; Previdência volta a pesar

Mercado se recupera da forte queda de ontem, mas otimismo é limitado pelo front político por aqui

Ricardo Bomfim

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – O Ibovespa sobe puxado principalmente pelo exterior nesta quarta-feira (26). O petróleo anima as bolsas subindo 2,5% depois de ser reportada pela Administração de Informação de Energia (EIA, na sigla em inglês) uma queda de 12,788 milhões de barris nos estoques da commodity. 

Além disso, o alívio nas tensões externas segue dando o tom, com fala do secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Steve Mnuchin, de que o acordo para encerrar a guerra comercial contra a China está “90% completo”. 

Por aqui, a Comissão Especial da Câmara dos Deputados volta a se reunir para analisar a reforma da Previdência em meio a temores de atraso. As notícias do dia são de que há um novo cronograma para a tramitação do texto, com votação apenas na próxima terça-feira (2). A expectativa anterior era de que a Previdência já fosse votada esta semana na Comissão. 

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Às 11h43 (horário de Brasília) o principal índice da B3 subia 0,5% a 100.591 pontos. Já o dólar comercial cai 0,17% a R$ 3,8444 na compra e a R$ 3,8462 na venda. O dólar futuro para julho registra leves ganhos de 0,08% a R$ 3,8495. 

Ontem, a Bolsa caiu forte por conta de notícias de que o centrão estaria tentando adiar a votação da Previdência. Também pesaram o discurso de dirigente do Fed afastando possibilidade de um corte de juros mais rápido e o julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) da possibilidade de libertar o ex-presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, até que seja julgado o pedido de habeas corpus da defesa por suspeição do ministro da Justiça, Sérgio Moro. O pedido do ex-presidente foi negado por 3 votos a 2 e ele segue preso em Curitiba. 

Lá fora, as expectativas de um acordo entre EUA e China aumentam por conta da reunião do G-20, que começa na sexta-feira (28). Lá, o presidente norte-americano, Donald Trump, irá se encontrar com o presidente chinês, Xi Jinping.

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Por aqui, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) tenta negociar a volta dos estados ao texto da Previdência. Ele assegura que a proposta tem votos e poderá ainda passar na Câmara antes do recesso parlamentar de julho. 

Já o presidente da República, Jair Bolsonaro, está em deslocamento até Osaka, no Japão, para participar da reunião do G-20. Segundo o jornal Folha de S.Paulo, o presidente está em contato com a Casa Branca para um encontro bilateral com o presidente norte-americano, Donald Trump. Bolsonaro poderá se encontrar ainda com o presidente da China, Xi Jinping, e com os líderes do Japão, Singapura, Arábia Saudita e Índia.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2021 avança dois pontos-base a 5,98%, ao passo que o DI para janeiro de 2023 recua três pontos-base a 6,76%. 

Noticiário corporativo

A Petrobras (PETR3; PETR4) vai realizar uma nova rodada de ofertas para definir a venda dos polos de Enchova e Pampo, localizados na Bacia de Campos. No último dia 13, a Petrobras informou ao mercado que recebeu propostas finais para os polos.

As novas ofertas recebidas superam US$ 1 bilhão, segundo informou a estatal em um comunicado, montante próximo ao que foi oferecido pela Ouro Preto e EIG em 2018. Desta vez, a candidata principal seria a Trident Energy, com sede em Londres, segundo fontes do setor ouvidas pelo Broadcast.

Ainda no radar da companhia, o preço da ação da Petrobras vendida pela Caixa foi de R$ 30,25 – representando um desconto em relação à cotação de ontem (R$ 30,70), mas superior ao do dia do lançamento da oferta (R$ 29,85). No total, a Caixa vai arrecadar cerca de R$ 7,3 bilhões pela venda das 241,3 milhões de ações ordinárias da Petrobras.

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) multou ontem o empresário Eike Batista em mais R$ 550 mil por omitir informações sobre incertezas em relação à viabilidade econômica da exploração de petróleo pela OGX nos balanços do primeiro trimestre de 2013 tanto da petroleira, hoje rebatizada de Dommo Energia (DMMO3), quanto da OSX, braço de logística e estaleiro do antigo Grupo EBX. Com isso, o total de multas aplicadas pela CVM a Eike chega a R$ 559,5 milhões.

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 ELET3 ELETROBRAS ON 33,90 +2,63 +39,91 40,21M
 BRDT3 PETROBRAS BRON 24,89 +2,47 +6,34 17,18M
 ELET6 ELETROBRAS PNB 34,89 +2,02 +23,86 10,83M
 IRBR3 IRBBRASIL REON 100,79 +1,99 +23,91 18,48M
 CSAN3 COSAN ON 46,07 +1,99 +40,70 13,25M

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 ESTC3 ESTACIO PARTON 28,09 -1,40 +21,04 25,45M
 RAIL3 RUMO S.A. ON 20,08 -1,04 +18,12 20,81M
 CIEL3 CIELO ON 6,88 -1,01 -19,32 23,15M
 AZUL4 AZUL PN N2 42,21 -0,92 +17,25 54,80M
 QUAL3 QUALICORP ON 21,95 -0,90 +70,29 31,13M
* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)

Previdência e Bolsonaro

A discussão da proposta da reforma da Previdência na Comissão Especial da Câmara dos Deputados continua hoje, com 47 deputados ainda inscritos para debater a proposta. Depois disso, o relator deve apresentar seu voto complementar e a votação pode ser iniciada. Mas já existem requerimentos da oposição para obstruir a votação. O presidente da comissão, deputado Marcelo Ramos (PL-AM), disse que o objetivo é votar a matéria na Câmara ainda no primeiro semestre.

“A hipótese mais longa seria a aprovação de um requerimento de adiamento da votação por 5 dias. Ainda assim, nós teríamos a votação na comissão no dia 9 de julho e ainda sobrariam duas semanas para o Plenário. Então está tudo dentro do cronograma e perseguimos o objetivo de votar no primeiro semestre”, afirmou Ramos. Até às 18 horas dessa terça-feira, 37 destaques à reforma já haviam sido apresentados por partidos e deputados. 10 deles, que são de partidos, têm que ser votados separadamente. Os destaques buscam alterações no texto.

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) voltou a defender que Estados e municípios estejam incluídos na reforma da Previdência ainda no relatório que deve ser votado na Comissão Especial nos próximos dias. O deputado, que entende a inclusão de Estados e municípios na reforma como “fundamental”, disse estar comprometido em receber pessoalmente todos os governadores antes que o relator da reforma, Samuel Moreira (PSDB-SP), faça leitura da complementação de seu relatório. As declarações foram publicadas no perfil oficial de Maia no Instagram.

Na avaliação de Maia, há cerca de 315 ou 320 votos certos, mas pode-se chegar a um teto de 380 votos favoráveis à aprovação da reforma da Previdência. São necessários, no mínimo, 308 votos. “A reforma da Previdência e a tributária podem garantir ai uma capacidade de investimento para o governo federal que hoje é de R$ 60 bilhões a R$ 80 bilhões, vai para R$ 150 bilhões, R$ 200 bilhões. Olha a margem do que a gente vai poder discutir no próximo orçamento”, afirmou Maia.

Ontem, o presidente Jair Bolsonaro, pressionado pelo Congresso, revogou o decreto que facilitava a posse e o porte de armas. Ele publicou, entretanto, outras três normas sobre o tema e apresentou um Projeto de Lei para que o assunto seja discutido no Legislativo. Além disso, o presidente vetou trechos do projeto que previa a indicação de diretores de agências reguladoras, com base em lista tríplice. Parlamentares pretendem derrubar esse veto.

Ainda no Legislativo, destaque para a aprovação pelo plenário da Câmara do texto-base do projeto da nova lei de licitações. Os destaques apresentados ao texto serão analisados em outro momento. A proposta substitui três legislações vigentes do setor, entre elas a 8.666/1993, conhecida como a Lei Geral de Licitações. O texto aprovado cria novas modalidades de contratação, exige o seguro-garantia para obras de grande porte e tipifica crimes relacionados à questão. O texto também disciplina as regras de licitações para a União, Estados e municípios.

Está prevista para hoje ainda reunião da CPI do BNDES, que ouvirá ex-presidente da instituição, Joaquim Levy.

Lula

O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu por três votos a dois por manter o ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na prisão até que seja julgado o habeas corpus que pede sua soltura. Para a defesa, o ex-juiz Sérgio Moro, responsável pela condenação de Lula, não é imparcial e isso deveria anular o julgamento da primeira instância. O advogado de Lula, Cristiano Zanin, minimizou o resultado de ontem, afirmando que deverá ser diferente quando a Corte analisar o mérito do habeas corpus.

Votaram contra a liberdade do ex-presidente os ministros Luiz Edson Fachin, Cármen Lúcia e Celso de Mello. Já a favor de libertar o Lula votaram os ministros Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski. Ontem foi julgada apenas a proposta de Gilmar Mendes de libertar Lula até que o caso fosse julgado em definitivo. Ou seja, não se deliberou hoje sobre Moro ser ou não suspeito para julgar o caso. Gilmar disse que precisa de mais tempo para analisar o processo do tríplex no Guarujá (SP), por isso pediu vista do mérito do caso principal.

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.