Ibovespa Futuro opera em alta moderada, entre otimismo com Previdência e tensão geopolítica

Acirramento nas relações entre Estados Unidos e Irã preocupa investidores pelo mundo, mas perspectiva favorável para reforma traz ânimo à Bolsa

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Após renovar máxima histórica no último pregão, impulsionado pela possibilidade de redução dos juros por parte de bancos centrais pelo mundo e pelo ambiente de maior otimismo com a tramitação da reforma da Previdência no Congresso Nacional, o Ibovespa Futuro inicia a semana em leve alta. Às 9h38 (horário de Brasília), os contratos futuros do índice com vencimento em agosto operavam com variação positiva de 0,19% a 103.120 pontos.

Nesta sessão, investidores seguem monitorando os desdobramentos das tensões entre Estados Unidos e Irã após a derrubada, na quinta-feira (20), de um drone americano em região próxima ao Estreito de Ormuz, importante rota de petroleiros que saem do Oriente Médio.

Após o episódio, Washington estuda impor novas sanções a Teerã. Como consequência, os preços do petróleo sofreram forte valorização nas últimas sessões. O jornal Washington Post e o site Yahoo News noticiaram que o presidente norte-americano, Donald Trump, autorizou um ataque cibernético que derrubou computadores militares iranianos ocorrido na última quinta-feira. O ciberataque teria atingido lançadores de mísseis do país. O Pentágono não confirmou as informações.

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No Brasil, os destaques ficam por conta das expectativas em relação à reforma da Previdência. O governo já contaria com algo entre 318 e 335 votos, segundo contagem de veículos de imprensa. A Comissão Especial da reforma será retomada amanhã (25).

Os contratos de juros futuros com vencimento em janeiro de 2020 recuavam 1 ponto-base, a 5,975%. Já os papéis com vencimento em janeiro de 2022 operavam em queda de 2 pontos-base, a 6,28%. O movimento dos DIs reforça apostas crescentes do mercado de que o Banco Central deverá cortar a Selic em breve, sobretudo se a reforma previdenciária caminhar conforme esperado no parlamento.

Já os contratos futuros de dólar com vencimento em agosto operavam em queda de 0,39%, a R$ 3,810. O dólar comercial, por sua vez, caía 1,031%, a R$ 3,8097 na compra.

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Confira os destaques deste pregão:

Bolsas Internacionais

As bolsas asiáticas fecharam em alta. Negociadores da China e dos Estados Unidos estão discutindo soluções para suas desavenças comerciais antes da aguardada reunião entre os líderes dos dois países, às margens da cúpula do G20 que acontece no Japão no fim da semana.

Wang Shouwen, um vice-ministro de Comércio chinês, disse nesta segunda-feira que os dois lados estão tentando “consolidar o importante consenso alcançado” pelos presidentes dos EUA, Donald Trump, e da China, Xi Jinping, em conversa telefônica ocorrida na semana passada. Wang não forneceu mais detalhes.

O diálogo sino-americano está atualmente num impasse, depois de 11 rodadas de conversas sobre questões comerciais e tecnológicas que levaram as duas potências econômicas a impor tarifas adicionais a centenas de bilhões de dólares de produtos um do outro.

Na Europa, por sua vez, as bolsas operam em queda, com as tensões entre EUA e Irã se sobressaindo, diante da aplicação de novas sansões.

Entre os indicadores, o índice de sentimento das empresas da Alemanha caiu de 97,9 pontos em maio para 97,4 pontos em junho, atingindo o menor nível desde novembro de 2014, segundo pesquisa divulgada hoje pelo instituto alemão Ifo.

O resultado ficou um pouco abaixo da expectativa de analistas consultados pelo The Wall Street Journal, que previam queda do indicador a 97,6 pontos neste mês.

Agenda Econômica

A estimativa do mercado financeiro para o crescimento da economia segue em queda. É o que mostra o boletim Focus, resultado de pesquisa semanal a instituições financeiras, feita pelo Banco Central. A projeção para a expansão do Produto Interno Bruto foi reduzida pela 17ª vez consecutiva: desta vez, de 0,93% para 0,87%.

Já a estimativa de inflação, calculada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), caiu de 3,84% para 3,82% este ano, na quarta redução seguida. Ao final de 2019, as instituições financeiras esperam que a Selic esteja em 5,75% ao ano, a mesma perspectiva da semana passada. Para o fim de 2020, a expectativa é que os juros voltem para 6,5% ao ano, e, no fim de 2021, cheguem a 7,5% ao ano.

A agenda doméstica também conta com o resultado da arrecadação de maio, a ser publicado pela Receita Federal às 14h. Serão divulgados, ainda, as transações correntes e o IED, às 10h30, pelo Banco Central, e, à tarde, a balança comercial semanal.

Nos Estados Unidos destaque para os dados do Fed Chicago, às 9h30, do índice de atividade nacional, de maio; e, às 11h30, o Fed Dallas informa o índice de produção manufatureira de junho.

Bolsonaro e Previdência

O presidente da República, Jair Bolsonaro, voltou a avaliar, ontem, que os juros estão altos no Brasil. Em um post no Twitter, acompanhado de um vídeo com elogios e detalhes do Plano Agrícola e Pecuário 2019/2020, anunciado terça-feira, 18, Bolsonaro escreveu: “Boas notícias para o campo, mas reconhecemos que os juros ainda estão altos no Brasil”. É pelo menos a segunda vez que o presidente usa o crédito agrícola para criticar juros praticados no País.

O presidente afirmou ainda no final de semana que a “reforma” da Previdência virou uma “palavra mágica” para os investidores interessados em colocar recursos no País. Segundo ele, há um grande números de empresários interessados em investir no Brasil e com a reforma aprovada a confiança será retomada. “E os investimentos virão. E atrás disso, vem emprego”, disse o presidente.

Bolsonaro comparou a necessidade de aprovação da reforma da Previdência como uma “emboscada”, já que o País não tem outras alternativas. O presidente disse ainda que o ministro da Economia, Paulo Guedes, está confiante de que, com a aprovação da reforma, a economia vai deslanchar. Ele defendeu que é preciso fazer a reforma, porque a expectativa de vida da população está crescendo. “O que acontece se não tomar esta medida agora? Em 2021 e 2022, não tem como pagar mais”, disse.

O presidente deu ainda indiretas ao Congresso no final de semana, se comparando à “Rainha da Inglaterra”, que reina, mas não governa, por conta dos “superpoderes” do Legislativo. A reclamação do presidente foi feita após tomar conhecimento de um projeto que transfere à Câmara o poder de indicação a cargos nas agências reguladoras.

Por sua vez, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, rebateu as declarações de Bolsonaro, afirmando que o projeto “não tira poderes do presidente e não delega nada de novo ao Parlamento”.

Enquanto isso, o Painel da Folha informa que Bolsonaro não pretende ajudar na articulação para recolocar Estados e Municípios na reforma. A declaração teria sido dada na última terça-feira, em reunião com a bancada do Podemos. A intenção do presidente vai no sentido oposto do desejo de Maia, pontua a coluna.

Ainda sobre a reforma, o jornal Valor Econômico estimou que, se fosse votada hoje, a reforma teria entre 325 e 335 votos, caso o relator Samuel Moreira (PSDB) fizesse os ajustes solicitados pelos líderes partidários e mantivesse o diálogo aberto até o momento da votação.

O Painel da Folha destacou que o grupo de deputados que trabalha pela aprovação das reforma da Previdência começou a mapear o apoio na Câmara e apurou poderia ter cerca de 325 votos favoráveis às mudanças nas regras das aposentadorias.

Já a coluna de Lauro Jardim, no jornal O Globo, trouxe que, pelas contas do Planalto, a reforma da Previdência já teria, segundo dados do monitoramento online, 318 votos a favor na Câmara – dez a mais do que o necessário.

A Comissão Especial da reforma será retomada amanhã (25), a partir das 9h00. Segundo o presidente da comissão, deputado Marcelo Ramos (PL-AM), nada impede que a votação da proposta comece no mesmo dia em que for encerrada a discussão.

Sérgio Moro

O jornal Folha de S. Paulo trouxe como destaque no domingo novos diálogos entre o ex-juiz e atual ministro da Justiça, Sérgio Moro, e procuradores da Lava Jato. Segundo a publicação, a troca de mensagens sugere que o ex-juiz discutiu com Deltan Dallagnol maneiras para evitar maiores desgastes pela divulgação, pela Polícia Federal, de planilhas com nomes de políticos com foro privilegiado envolvidos na operação Lava Jato.

A reportagem aponta que o objetivo seria proteger Moro de eventuais tensões com o Supremo Tribunal Federal, que pudessem paralisar as investigações num momento crítico à operação, em 2016. Os nomes de políticos, obtidos durante investigação à Odebrecht, contavam com foro privilegiado, só podendo ser julgados pela Corte superior. Em nota, Moro voltou a afirmar que não reconhece a autenticidade dos diálogos.

Moro adiou para a primeira semana de julho sua ida à Câmara dos Deputados, após ter sido convidado por quatro comissões para prestar esclarecimentos sobre as trocas de mensagens com procuradores. Ele estará em viagem aos EUA até quarta-feira (26).

O jornal O Estado de S. Paulo destaca ainda que está nas mãos do ministro Celso de Mello a decisão sobre o julgamento, que deverá ser retomado amanhã, no STF, do pedido da defesa do ex-presidente Lula por suposta imparcialidade do ex-juiz na sua condenação no caso do tríplex no Guarujá (SP).

Noticiário corporativo

O jornal O Globo destaca que o governo pretende leiloar 16 mil quilômetros de rodovias até 2022, com um novo modelo, que permitiria que o valor dos pedágios variasse conforme as condições das estradas. Isso poderia estimular as concessionárias a acelerarem as obras, diz a publicação. Outra ideia seria instituir a cobrança por trecho percorrido. Assim, quem percorrer mais quilômetros, pagaria mais.

O jornal Valor Econômico traz que a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, recorreu, na sexta-feira, da decisão do Superior Tribunal de Justiça sobre a liberação da distribuição de dividendos da Braskem. O ministro do STJ, João Otávio de Noronha, havia acatado pedido da petroquímica para substituir o bloqueio de R$ 2,7 bilhões em dividendos por um seguro-garantia.

(Agência Estado)

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.