Os 5 assuntos que vão mexer no mercado nesta quarta-feira

Ibovespa pode retomar hoje barreira dos 100 mil pontos, enquanto mercado aguarda decisões de política monetária na "super quarta-feira"; indicação de acordo sino-americano faz cotação do minério disparar

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou a véspera com alta de 1,82%, aos 99.404 pontos, influenciado pelo bom-humor externo, por conta de um possível avanço nas negociações comerciais entre Estados Unidos e China. O atingimento da barreira dos 100 mil pontos, entretanto, vai depender de três eventos especiais, que tornaram a sessão de hoje uma “super quarta-feira”: as decisão de política monetárias no Brasil e nos EUA, além da ida do ministro da Justiça Sergio Moro ao Senado.

Logo às 9h, o primeiro dos grandes eventos acontece, com o depoimento de Moro na reunião da Comissão de Constituição e Justiça do Senado Federal. Ele irá esclarecer informações publicadas pelo site The Intercept Brasil, de quando era juiz da Lava Jato, por ter trocado supostamente informações e orientado passos da operação com procurador, Deltan Dallagnol. O próprio ministro se colocou à disposição dos parlamentares para participar da sessão.

Os investidores locais deverão acompanhar ainda a retomada, também a partir das 9h, dos debates sobre a reforma da Previdência na comissão especial da Câmara, que ontem teve o primeiro dia de discussões, com duração de pouco mais de 12 horas, quando 51 deputados se revezaram contra e a favor da proposta. Ainda no Congresso, o Senado derrubou ontem à noite, por 47 votos a 28, o projeto do presidente Jair Bolsonaro para flexibilizar o porte e a posse de armas no País.

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No exterior, após o maior otimismo de ontem, os mercados europeus e futuros de Nova York adotam tom de cautela, à espera da decisão do Federal Reserve, às 15h, sobre as taxas de juros nos Estados Unidos. Na Ásia, porém, os mercados fecharam em forte alta nesta quarta-feira, diante das sinalizações de ontem do depois que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, por meio do Twitter, de que “teve uma conversa telefônica muito boa” com o presidente chinês Xi Jinping, enquanto uma reunião entre os dois está prevista para a próxima semana.

Entre as commodities, a expectativa de um acordo sino-americano fez os preços futuros do minério de ferro dispararem na bolsa de Dalian. O petróleo, por sua vez, operam em baixa, após a definição de um encontro entre os membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), em 1º de julho, quando deverá ser debatida a extensão ou não de um acordo sobre cortes na produção.

1. Bolsas Internacionais

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As bolsas asiáticas fecharam em alta esta quarta-feira, refletindo as expectativas da véspera de um avanço nas negociações comerciais entre os Estados Unidos e a China. Trump e Xi Jinping deverão ter encontros “prolongados” na semana que vem, durante reunião do G-20, no Japão. A cúpula terá início no dia 28 de junho. As tensões entre as duas maiores economias globais se deterioram nas últimas semanas, com a imposição de aumento e ameaças de tarifas adicionais nas transações comerciais entre os países.

No Japão, o déficit comercial em maio ficou 967,1 bilhões de ienes, inferior à previsão de 1,0789 trilhão de ienes dos analistas ouvidos pelo Wall Street Journal. Os dados oficiais da balança mostram recuo de 7,8% nas exportações, enquanto as importações recuaram 1,5%, na comparação anual. Destaque para a queda de 9,7% das exportações do Japão para a China, enquanto aos EUA houve alta de 3,3%. Para a Europa, houve recuo de 7,1% nas vendas do Japão.

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Na Europa, as bolsas operam em queda. O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, disse hoje ser “injusto” atacar a independência de bancos centrais, durante fórum anual do Banco Central Europeu (BCE), em Sintra, Portugal. A fala de Juncker veio um dia depois de o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, criticar o presidente do BCE, Mario Draghi, por ter sugerido hora antes que a instituição poderá voltar a cortar juros e comprar ativos se a perspectiva econômica da zona do euro não melhorar.

Segundo Trump, estímulos adicionais fazem com que seja “injustamente mais fácil” para a Europa competir com os EUA, diante da tendência de enfraquecimento do euro. Em resposta ontem mesmo a Trump, Draghi disse que o BCE “não mira a taxa de câmbio”.

Entre os indicadores, o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) do Reino Unido subiu 2% em maio ante igual mês do ano passado, desacelerando em relação ao ganho anual de 2,1% observado em abril. O resultado de maio ficou abaixo da expectativa de analistas, que previam manutenção da taxa anual em 2,1%.

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Na Alemanha, a taxa anual de inflação ao produtor desacelerou de 2,5% em abril para 1,9% em maio. Em relação a abril, o PPI alemão caiu 0,1% em maio.

Confira o desempenho do mercado, segundo cotação das 07h29 (horário de Brasília):

*S&P 500 Futuro (EUA), -0,03%
*Nasdaq Futuro (EUA), -0,01%
*Dow Jones Futuro (EUA), -0,01%
*DAX (Alemanha), -0,02%
*FTSE (Reino Unido), -0,35%
*CAC-40 (França), -0,07%
*FTSE MIB (Itália), +0,08%
*Hang Seng (Hong Kong), +2,56% (fechado)
*Xangai (China), +0,96% (fechado)
*Nikkei (Japão), +1,72% (fechado)
*Petróleo WTI, +0,04%, a US$ 53,92 o barril
*Petróleo Brent, -0,56%, a US$ 61,79 o barril
*Bitcoin, US$ 9.135,64, -0,98%
R$ 35.256, -0,44% (nas últimas 24 horas)
*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa de Dalian subiam 5,08%, a 807,00 iuanes (nas últimas 24 horas).

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2. Agenda Econômica

No Brasil, o destaque é a publicação da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, a partir das 18h, da taxa básica de juros, Selic. A expectativa majoritária do mercado é pela manutenção da taxa, em 6,5% ao ano, entretanto analistas enxergam chance um possível corte hoje, possivelmente de 0,25 ponto porcentual.

A maior probabilidade é de que o ciclo de corte comece no segundo semestre, em meio às indicações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, de que aguardará o desenrolar da reforma na Câmara. O fraco nível da atividade econômica e a expectativa de inflação abaixo da meta em 2020 podem, no entanto, antecipar a decisão de corte.

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Ainda no Brasil, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), da Fipe, que mede a inflação em São Paulo, registrou alta de 0,08% na segunda quadrissemana de junho, acelerando em comparação ao aumento de 0,01% da primeira quadrissemana deste mês. A CNI publica ainda, 10h00, o Índice de Confiança do Empresário Industrial referente a junho.

Nos Estados Unidos, às 15h00, será conhecida a decisão de política monetária do Federal Reserve. A expectativa da maior parte do mercado é de que haja manutenção de juros, mas vem crescendo a projeção por um corte já nessa reunião, em meio à inflação ainda fraca e números ruins do mercado de trabalho.

Além do comunicado do Fomc, mais sinalizações poderão ser dadas com a conferência de Jerome Powell, chairman do Fed, a partir das 15h30, que será crucial para guiar as expectativas do mercado.

3. Previdência e Armas

O primeiro dia de discussão do relatório sobre a reforma da Previdência (PEC 6/19) na comissão especial que analisa a proposta foi encerrado ontem à noite após pouco mais de 12 horas de debates. Até agora, 51 deputados se revezaram para falar contra e a favor – pouco menos de um terço dos 152 inscritos, 91 contra e 61 a favor. A reunião para continuar o debate sobre a proposta está marcada as 9 horas desta quarta-feira (19), no plenário 1.

O relator da reforma da Previdência, Samuel Moreira (PSDB-SP), afirmou que fará uma correção no seu relatório para deixar mais claro que os trabalhadores rurais estão de fato fora da reforma. Embora as mudanças para as aposentadorias rurais tenham sido retiradas do texto, isso não ficou explícito nos trechos que tratam das regras de transição para regime geral da Previdência, da qual os trabalhadores rurais também fazem parte.

Moreira chegou a comentar não ser ainda possível avaliar quais mudanças poderão ser feitas no seu relatório antes da votação no colegiado. “O debate começou agora e estamos ouvindo ainda os parlamentares. Não deu para saber ainda, por exemplo, o que é mais fácil de retornar ao texto, se a capitalização ou os Estados. Ainda não há nenhum movimento concreto do governo para incluir a capitalização ou os Estados na reforma. Mas qualquer mudança no relatório precisa construir ampla maioria para a votação”, afirmou.

Moreira disse que conversará ainda esta semana mais uma vez com governadores favoráveis à inclusão dos Estados na reforma. “Essa construção está em andamento, mas ainda não dá para dizer nada em definitivo”, afirmou. Já em relação à capitalização, Moreira avaliou que talvez esse não seja o ambiente mais favorável para se discutir a criação de todo um novo sistema previdenciário. “Acredito que possamos discutir a capitalização em outro momento, com mais tempo e com uma discussão mais aprofundada”, repetiu.

O relator disse ainda ter esperança de que a apresentação do relatório na última semana possa ter melhorado o ambiente para a votação da reforma. Segundo ele, quanto mais entendimento houver sobre o texto, mais rápida será a votação. Ele admitiu, porém, que não espera que haja votos favoráveis da oposição ao texto.

Ainda sobre aposentadoria, o secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, disse que o governo fará um pente-fino nos benefícios do INSS assim que forem aprovados projetos que abrem espaço no orçamento para pagar médicos peritos. Ele afirmou que há acordos para que os projetos sejam votados na Comissão Mista de Orçamento (CMO) na próxima terça-feira.

“O cidadão que é beneficiário do INSS ser submetido a perícia médica é uma previsão legal que estávamos descumprindo”, completou. Segundo o presidente do INSS, Renato Vieira, já foram notificados 806 mil beneficiários com indícios de irregularidades neste ano. Em média, 15% a 18% dos benefícios com indícios de irregularidades são cancelados.

Ontem, mesmo com os apelos do presidente Jair Bolsonaro, o Senado derrubou por 47 votos a 28 o decreto que flexibiliza as regras para o porte de armas. Foi a maior derrota imposta pelo Senado ao governo. Antes da votação, Bolsonaro usou redes sociais, eventos públicos e entrevistas para pedir votos. E ligou pessoalmente para senadores. “Não deixe o projeto morrer”, disse ontem, 18, em dois eventos.

A decisão pode ser revertida na Câmara dos Deputados, mas o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), já sinalizou que a proposta também não deve prosperar por lá. “O governo tem uma defesa do decreto que acho frágil, mas respeito.” A gestão até já estuda um “plano B”, diz o Estadão. “Temos de buscar uma alternativa, retirar um ponto ou outro, mas manter a espinha dorsal desse decreto das armas”, afirmou a líder no Congresso, Joice Hasselmann (PSL-SP).

O Estadão informou que há duas estratégias em curso no governo: a primeira é de avançar projetos de leis que já estão em tramitação no Parlamento. A outra estratégia é questionar no Supremo a decisão do Congresso de derrubar o decreto.

4. Moro

A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado Federal realiza audiência pública com o ministro da Justiça, Sérgio Moro. Segundo a presidente do colegiado, senadora Simone Tebet (MDB-MS), Moro irá ao Senado para esclarecer informações publicadas na imprensa sobre uma suposta colaboração dele com procuradores da força-tarefa da operação Lava Jato enquanto era juiz federal.

Segundo Simone Tebet, a exposição de Sergio Moro terá duração de 30 minutos. Em seguida, os senadores inscritos, intercalados por ordem de partido, terão cinco minutos para perguntas. O ministro terá o mesmo tempo para resposta e, depois, os parlamentares terão prazo máximo de dois minutos para réplica e tréplica. Simone explicou que as regras de condução foram definidas seguindo as normas regimentais e informou que a lista de inscrição dos senadores será aberta às 9h.

Ontem, em entrevista veiculada pelo SBT, Moro afirmou que os vazamentos foram um “ataque orquestrado”, com o objetivo de atingir as instituições nacionais e prejudicar o andamento das investigações ou mesmo buscar a anulação de condenações no âmbito da operação Lava Jato. Ele descartou ainda a possibilidade de que os diálogos tenham sido vazado por integrantes da Lava Jato, como chegou a ser sugerido.

O ministro evitou ainda reconhecer a autenticidade das mensagens, dizendo que não tem mais acesso a elas. Em relação à Lava Jato, afirmou que os casos da operação não fazem mais parte do seu cotidiano e que não têm mais envolvimento com eles.

Ainda sobre os vazamentos, a CCJ do Senado aprovou ontem requerimento e vai convidar Dallagnol para explicar o caso envolvendo supostas mensagens trocadas entre ele e Moro.

Ontem, o site The Intercept publicou mais um trecho do chat privado entre Moro e Dallagnol, revelando que o ex-juiz discordou de investigações sobre o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso na Lava Jato porque, nas palavras dele, não queria “melindrar alguém cujo apoio é importante”.

O diálogo teria ocorrido em 13 de abril de 2017, um dia depois do Jornal Nacional ter veiculado uma reportagem a respeito de suspeitas contra o tucano.

5. Noticiário corporativo

Os bancos públicos e o fundo de investimento do FGTS (FI-FGTS) são os maiores credores do grupo Odebrecht SA sem garantias reais, como ações e imóveis, destaca o jornal O Estado de S. Paulo. Essas instituições detêm quase R$ 17 bilhões de dívidas incluídas nessa categoria dentro da recuperação judicial da empresa, que foi aceita ontem, 18, pelo juiz João de Oliveira Rodrigues Filho, da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais, de São Paulo. O processo da Odebrecht, que tem dívidas de R$ 98,5 bilhões, é considerado o maior da história.

O leilão de ativos da Avianca deverá ocorrer no dia 10 de julho, de acordo com a 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo. Em recuperação judicial desde dezembro do ano passado, a Avianca deverá elaborar um novo edital para que mais empresas ofertem lances. Antes da suspensão, Gol, Azul, Latam estavam habilitadas. Recentemente, Globalia, Passaredo, Sideral e Twoflex demonstraram interesse nos slots do aeroporto de Congonhas, em São Paulo.

(Com Agência Estado, Agência Câmara e Agência Senado)