Ibovespa perde força no fim e fecha na mínima do dia; dólar vai a R$ 3,90

Mercado não tem forças para sair do zero a zero na volta do fim de semana; Focus mostra queda para 5,75% nas projeções para a Selic

Ricardo Bomfim

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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou em queda nesta segunda-feira (17), à espera de uma definição nos próximos dias sobre a reforma da Previdência e com o cenário externo mais negativo. O secretário de Comércio americano, Wilbur Ross, disse que os Estados Unidos estão dispostos a tarifar em 25% mais US$ 300 bilhões em produtos chineses se Washington e Pequim não conseguirem fechar um acordo comercial. 

O principal índice da B3 teve perdas de 0,43% a 97.623 pontos, com volume financeiro negociado de R$ 20,389 bilhões. O volume foi puxado pelo exercício de opções sobre ações. Enquanto isso, o dólar comercial teve variação positiva de 0,03% a R$ 3,8999 na compra e a R$ 3,9005 na venda. O dólar futuro para julho avança 0,14% a R$ 3,894. 

O câmbio chegou a bater R$ 3,92 com reações automáticas à fala do ministro-chefe de Casa Civil, Onyx Lorenzoni de que o Brasil está a poucas semanas de anunciar um sistema previdenciário novo, que mantém o país solvente do ponto de vista fiscal. Entendeu-se que ele estaria falando de um novo texto da Previdência, mas a informação desencontrada logo foi desmentida. 

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No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2021 tem alta de cinco pontos-base a 6,03%, ao mesmo tempo em que o DI para janeiro de 2023 registra ganhos de oito pontos-base a 7,00%. 

A semana terá uma super quarta com fala do ministro da Justiça, Sérgio Moro, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) e decisão de juros do Federal Reserve. 

Segundo Lucas Monteiro, operador de multimercados da Quantitas Gestão de Recursos, a Bolsa deve permanecer com dias mornos em compasso de espera pela super quarta. “O mercado está mais apreensivo e cauteloso, tanto aqui quanto lá fora, por conta das decisões de política monetária”, explica. 

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Os investidores também aguardam pelo desenrolar das notícias de que Paulo Guedes, ministro da Economia, busca negociar ajustes ao texto da reforma da Previdência após ter criticado as alterações feitas pelo parecer do relator Samuel Moreira (PSDB-SP). 

Entre os indicadores, o Relatório Focus mostrou pela primeira vez no ano que os economistas esperam um crescimento menor que 1% no Produto Interno Bruto (PIB) em 2019. De 1% na semana passada, a mediana das projeções colhidas pelo Banco Central recuou para 0,93% agora. 

Para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), os economistas esperam um aumento de 3,83%, contra 3,85% na semana anterior. A taxa de câmbio se manteve em R$ 3,80.

A grande mudança, contudo, foi nas projeções para a taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic, que foi revisada de 6,5% (patamar atual) para 5,75%, refletindo as apostas embutidas nos juros futuros de queda da taxa. 

Por outro lado, o mercado pouco reage à demissão do presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Joaquim Levy, que foi defendido pelo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ). 

Noticiário corporativo

A Petrobras (PETR3; PETR4) fez em Sergipe sua maior descoberta desde o pré-sal, em 2006. De seis campos, espera extrair 20 milhões de m³ por dia de gás natural, o equivalente a um terço da produção total brasileira.

Divulgada no mês passado, a descoberta deve gerar R$ 7 bilhões de receita anual à estatal e sócias, calcula a consultoria Gas Energy, cita o Estadão. Na avaliação do governo, a conquista pode ajudar a tirar do papel o esperado “choque de energia barata” prometido pelo ministro da Economia, Paulo Guedes e “reindustrializar” o País.

O Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) elevou de R$ 100 mil para R$ 200 mil a multa diária para a Vale (VALE3) por conta das atividades na mina de Onça Puma, no Pará. Desde março, a desobediência da Vale já rendeu R$ 19,5 milhões em multas.

Peritos apuraram que setores de metalurgia e beneficiamento estavam em pleno funcionamento. Segundo o MPF, as atividades cercaram por todos os lados três aldeias indígenas na região do Cateté, no sudeste do Pará. No total, são 14 empreendimentos extraindo cobre, níquel e outros minérios.

Segundo o jornal Valor Econômico, a ODB, holding do grupo Odebrecht, deverá formalizar hoje o seu pedido de recuperação judicial, com dívidas de R$ 80 bilhões. Se confirmada, será a maior recuperação judicial já homologada no Brasil, à frente da requerida pela Oi, de R$ 64 bilhões.

Do total das dívidas, mais de R$ 50 bilhões são financeiras, detidas ou garantidas pelas holdings e subholdings. Os seis maiores bancos estão os maiores credores, além de detentores de bônus emitidos fora do País.

As maiores baixas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 KROT3 KROTON ON 10,19 -2,77 +15,89 65,42M
 ELET6 ELETROBRAS PNB 35,21 -2,68 +24,99 69,93M
 CSAN3 COSAN ON 46,10 -2,50 +40,79 72,53M
 ELET3 ELETROBRAS ON 34,43 -2,46 +42,10 102,31M
 MULT3 MULTIPLAN ON N2 26,53 -2,46 +9,66 99,19M

As maiores altas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 IRBR3 IRBBRASIL REON 96,40 +2,99 +18,51 281,39M
 MRVE3 MRV ON ED 17,70 +2,31 +46,29 85,11M
 AZUL4 AZUL PN N2 44,78 +2,26 +24,39 78,11M
 GOLL4 GOL PN N2 31,00 +2,24 +23,51 93,92M
 VVAR3 VIAVAREJO ON 5,07 +2,01 +15,49 145,54M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 PETR4 PETROBRAS PN N2 27,11 +0,18 1,33B 1,34B 42.831 
 VALE3 VALE ON 50,20 -2,33 1,04B 1,12B 43.761 
 B3SA3 B3 ON 35,50 -0,70 608,12M 386,96M 33.141 
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN 33,95 -0,12 533,34M 655,34M 27.589 
 BBDC4 BRADESCO PN 36,04 -0,25 499,92M 616,52M 29.468 
 BBAS3 BRASIL ON EJ 50,47 -0,10 346,12M 537,20M 15.221 
 ABEV3 AMBEV S/A ON 17,80 +0,91 323,97M 344,48M 22.576 
 LREN3 LOJAS RENNERON 46,25 +0,89 287,94M 161,31M 14.894 
 SUZB3 SUZANO S.A. ON 32,90 +1,23 284,56M n/d 20.140 
 IRBR3 IRBBRASIL REON 96,40 +2,99 281,39M 139,89M 8.506 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
IBOVESPA

BNDES e Previdência

O destaque no final de semana foi o pedido de demissão do presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Joaquim Levy, após ter sido alvo de críticas do presidente Jair Bolsonaro no sábado, em função da nomeação do advogado Marcos Barbosa Pinto para o cargo de diretor de Mercado de Capitais do banco de fomento. No sábado, Bolsonaro afirmou: “Levy, demite esse cara na segunda ou eu demito você sem passar pelo Guedes (ministro da Economia)”.

Barbosa Pinto trabalhou como assessor do BNDES durante o governo PT, de 2005 a 2007, o que irritou Bolsonaro. Ele foi chefe ainda de gabinete de Demian Fiocca na presidência do BNDES (2006-2007). Fiocca era considerado, no governo federal, um homem de confiança de Guido Mantega, ministro da Fazenda nos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. O próprio Levy foi ministro da Fazenda de Dilma entre 1º de janeiro e 18 de dezembro de 2015, primeiro ano do segundo mandato da petista.

Em entrevista ao portal G1, Paulo Guedes disse entender a “angústia’ de Bolsonaro com a situação. “Eu entendo a angústia do presidente. É algo natural ele se sentir agredido quando o presidente do BNDES coloca na diretoria do banco nomes ligados ao PT”, disse o ministro da Fazenda.

Uma das promessas de campanha de Bolsonaro era abrir a “caixa-preta” do BNDES em relação a empréstimos polêmicos, como os feitos para Cuba e Venezuela. “Ninguém fala em abrir a caixa-preta e ainda nomeia um petista”, disse Guedes.

Em nota, Levy declarou que sua expectativa é que o ministro da Economia aceite sua demissão. No comunicado, ele deseja a Guedes “sucesso nas reformas”.

Entre os cotados para assumir o cargo, segundo o Estadão/Broadcast, estão Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central que assumiu a presidência do conselho do BNDES neste ano, e Salim Mattar, secretário especial de Desestatização e Desinvestimento do Ministério da Economia. Também estão no páreo Carlos Thadeu de Freitas, ex-diretor do banco, e Solange Vieira, funcionária de carreira do BNDES e atual presidente da Superintendência de Seguros Privados (Susep).

A forma como Levy foi demitido gerou diversas reações. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, se disse “perplexo” pela forma como Levy foi demitido. Em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, ele afirmou que a impressão no Congresso é a de que a equipe econômica continua participando da “usina de crises”. Segundo Maia, Levy era um quadro de qualidade que tinha a acrescentar para garantir as reformas.

A Folha pontua que a demissão foi vista com preocupação pela indústria, gerando expectativas em relação ao seu sucessor e temor de interferência política. Já o Estadão ressalta que a demissão foi mal vista no mercado financeiro, com críticas de pesos pesados do setor, que viram como desnecessária a postura, que pode afastar a atração de bons nomes para compor o governo.

O UOL, por sua vez, diz que a CPI do BNDES quer explicações de Levy e que uma convocação será apresentada hoje pelo Podemos, para que o economista fale sobre a chamada “caixa preta” dos empréstimos internacionais.

Bolsonaro e Governo

O presidente da República, Jair Bolsonaro, usou as redes sociais ontem para dizer que o governo estuda reduzir o imposto para produtos de tecnologia. Segundo ele, a intenção é fomentar competitividade e inovação. Bolsonaro afirmou que o imposto poderia cair de 16% para 4%, “para estimular a competitividade e inovação tecnológica”. A intenção é reduzir os impostos sobre importação de produtos de tecnologia da informação, como computadores e celulares.

No sábado, Bolsonaro disse, ao ser questionado sobre a reforma da Previdência, que a “a bola está com o parlamento”. “Na nossa bancada, PSL, a gente orienta de uma forma. Se perder no voto, paciência. Vamos respeitar”, disse ele neste sábado, 15, ao deixar o Palácio da Alvorada.

Questionado sobre as declarações por vezes polêmicas do ministro da Economia, Paulo Guedes, ele disse que isso “é natural”. “Em casa a gente briga as vezes, com filhos”, disse. No entanto, elogiou o ministro. “Ninguém duvida da capacidade do Paulo Guedes”, afirmou.

Bolsonaro afirmou ainda no final de semana, após novos diálogos vazados publicados pelo site The Intecept, que “não existe 100% de confiança” sobre Moro. O presidente, entretanto, defendeu o legado de Moro no combate à corrupção. Na sexta à noite, o site informou que, em supostas conversas, Moro sugeriu aos procuradores uma ação para rebater a defesa do ex-presidente Lula por um “showzinho” da defesa do ex-presidente.

A Folha destaca que Bolsonaro intensifica “fritura” de aliados às vésperas da ida de Moro ao Senado federal para dar explicações sobre os vazamento de conversas com membros da força-tarefa da Lava Jato, como forma de evitar a instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Congresso.

O jornal destaca que o clima de “fritura” iniciou com a demissão do ministro da secretaria de governo, general Santos Cruz, se seguindo a de Levy, do BNDES. Tudo isso, em meio às insatisfações de Guedes, com o texto do relator da reforma da Previdência.

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.