Vale passa a subir com desprendimento de talude sem maiores consequências; Marfrig sobe e BRF cai após acordo

Confira os destaques da B3 na sessão desta sexta-feira (31)

Lara Rizério

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – O Ibovespa abriu em queda com o mau humor externo em meio às ameaças do presidente americano Donald Trump contra o México e aos dados fracos da economia chinesa, indicando uma contração impactada pela guerra comercial, levando a uma queda das ações ligadas ao setor de commodities, como a Petrobras (PETR3;PETR4) e Vale (VALE3). Contudo, o humor do mercado brasileiro melhorou, descolando-se do mercado internacional e a petroleira zerou as perdas apesar do dia de forte queda do petróleo, enquanto a Vale virou para ganhos após a barragem da mina na Vale em Barão dos Cocais (MG) não ter sido afetada após o desprendimento de parte do talude. 

Já no radar corporativo, o destaque fica para a proposta de fusão entre BRF (BRFS3) e Marfrig (MRFG3), com o mercado digerindo os potenciais ganhos e riscos com a fusão. As ações da BRF chegaram a ter baixa de quase 4% e amenizaram, enquanto a Marfrig chegou a saltar quase 8%, mas também diminuiu os ganhos. Também em destaque, está a convocação do presidente do Santander à CPI em São Paulo. Confira esses e outros destaques do mercado:

Vale (VALE3)

Fragmentos de uma das paredes (talude norte) da Mina Gongo Soco, em Barão de Cocais (MG) desprendeu-se nesta sexta-feira, mas a Barragem Sul Superior da companhia não foi afetada, informou a Vale.

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“As primeiras avaliações indicam que o material está deslizando de forma gradual, o que até o momento corrobora as estimativas de que o desprendimento do talude deverá ocorrer sem maiores consequências”, afirma a mineradora. 

 

BRF (BRFS3), Marfrig (MRFG3) e JBS (JBSS3)
O destaque corporativo fica por conta do anúncio de ontem à noite de que as empresas de alimentos BRF e Marfrig avaliam uma combinação dos negócios entre as duas companhias. As empresas assinaram um memorando de entendimentos vinculante, estabelecendo regras e condições de acesso a informações que permitam a análise da possível viabilização da transação. O valor de mercado combinado das duas empresas é de cerca de R$ 28 bilhões, com faturamento anual na casa de R$ 76 bilhões.

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O memorando prevê um período de exclusividade de 90 dias, prorrogáveis por 30 dias, durante o qual nenhuma das partes poderá iniciar negociações com terceiros. No âmbito dessa análise, a BRF e a Marfrig deverão avaliar, junto aos seus respectivos assessores financeiros, legais, contábeis e outros, os efetivos benefícios econômicos que possam advir de eventual transação, e, ainda, a estrutura societária mais eficiente a ser adotada.

A BRF diz que a transação, se ocorrer, irá “reduzir a exposição da empresa aos riscos setoriais e gere sinergias, em virtude do equilíbrio e complementariedade de produtos, serviços e diversificação geográfica com relevância no Brasil, Estados Unidos, América Latina, Oriente Médio e Ásia”. A companhia espera ainda que isso ajude na redução da alavancagem financeira e adequação da estrutura de capital.

O comunicado destaca ainda que não existe uma estrutura societária definida para a fusão, que pode “incluir a consolidação dos ativos das duas companhias e de suas bases acionárias em uma nova sociedade”. Pelo acordo, os acionistas da BRF terão 84,98% da nova empresa, enquanto os da Marfrig ficarão com 15,02%.

Embora o anúncio das conversas sobre a fusão entre a BRF e a Marfrig tenha causado surpresa no mercado, uma das possíveis explicações para o acordo seria a possibilidade de se criar uma nova plataforma global de carnes. Com a força da BRF em frangos e suínos, principalmente no Brasil, e o porte da Marfrig nos EUA, onde estão mais de 50% de suas vendas, a união criaria um negócio mais semelhante, ainda que bem menor, às operações de JBS e da Tyson Foods. No ano passado, a JBS faturou R$ 181 bilhões, e a Tyson, cerca de R$ 160 bilhões. BRF e Marfrig teriam tido receita líquida combinada de R$ 76 bilhões, em 2018.

“As sinergias são difíceis de mensurar neste momento, no entanto, vemos potencial de otimização de gastos administrativos, despesas de vendas e oportunidades comerciais. De maneira conservadora, estimamos um aumento adicional de 10-15% nas ações da nova companhia, equivalente a essas sinergias, mas reconhecemos que ainda é cedo para ser precificado. Destacamos a necessidade de mais informações sobre a governança corporativa e o potencial acordo de acionistas desta nova empresa, que também poderiam gerar valor”, apontam a equipe de análise da XP Research. 

O Itaú BBA avalia, por sua vez, não achar que o negócio traga sinergias relevantes, além dos ganhos administrativos e operacionais de praxe. “Sobram, dessa forma, outras explicações, como a tentativa da BRF para reduzir sua alavancagem de forma mais rápida e a criação de um competidor global de porte mais parecido com a JBS e a Tyson Foods”, disse Antônio Barreto, analista de bebidas e agronegócio do Itaú BBA. 

Petrobras (PETR3;PETR4) e Engie (EGIE3)
A aguarda decisão do plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a necessidade de aval do Congresso para a realização de privatizações de empresas estatais foi adiada a próxima quarta-feira.

Com a continuidade do julgamento programada para a semana que vem, a decisão final do STF em torno da venda de 90% da Transportadora Associada de Gás (TAG) pela Petrobras por US$ 8,6 bilhões também fica para depois. Como a decisão do ministro Edson Fachin, que suspendeu a venda, está amparada na liminar de Lewandowski, o julgamento da primeira ação tende a afetar automaticamente a situação da TAG.

Para o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, as liminares concedidas pelos ministros Ricardo Lewandowski e Fachin causaram insegurança não só para a Petrobras, mas para o Brasil e a economia brasileira. Mesmo assim, Castello Branco afirmou estar confiante na “racionalidade e no senso de Justiça” dos ministros do STF ao analisarem o tema de forma colegiada.

Na avaliação de Castello Branco, o petróleo é uma “uma grande fonte de geração de riqueza” e a não concretização dos planos de desinvestimento da Petrobras “limita significativamente a exploração dessa riqueza natural em prol da sociedade brasileira”.

A Petrobras informou ontem à noite que o projeto de venda dos Polos Enchova e Pampo, localizados no Estado do Rio de Janeiro, está na fase de apresentação das ofertas finais pelos potenciais interessados. No entanto, não é possível confirmar ainda o comprador, bem como o valor da melhor oferta, destacou a empresa.

Santander (SANB11)
O juiz do Foro Central Criminal da Barra Funda, Fabio Pando de Matos, determinou a condução coercitiva contra o presidente do Banco Santander, Sérgio Rial, para que ele preste depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito da Sonegação Tributária, na Câmara Municipal de São Paulo. O depoimento está marcado para a próxima quinta, 6, às 11h, no Palácio Anchieta. A decisão se estende a outros executivos do banco. Segundo o magistrado, eles serão ouvidos na condição de testemunha e terão direito ao silêncio.

O Santander afirma que “está em situação de regularidade fiscal com o município de São Paulo, e que a convocação de 15 executivos da instituição pela CPI ocorre mesmo após todos os esclarecimentos já terem sido prestados anteriormente, e sem que novas informações possam ser acrescentadas – portanto, o Banco recorrerá da decisão”. “Em 2018, o Santander e suas coligadas recolheram ao município de São Paulo cerca de R$ 430 milhões em ISS, o equivalente a 60% do que é recolhido em todo o País pelo grupo, e R$ 36 milhões em IPTU”, afirma o banco.

Embraer (EMBR3)
A fabricante de aeronaves Embraer divulgou hoje pela manhã os seus resultados do primeiro trimestre, que havia sido postergada por conta do fechamento da operação entre a Boeing e a Embraer, que foi aprovada pelos acionistas da empresa brasileira em assembleia geral extraordinária no 26 de fevereiro. Os resultados diz a empresa consideram os efeitos da separação da unidade de aviação comercial como operação descontinuada.

De janeiro a março, a Embraer apresentou prejuízo líquido de R$ 160,8 milhões, enquanto as perdas ajustadas (excluindo-se impostos diferidos e itens especiais) foram de R$ 229,9 milhões. No mesmo período do ano passado, o prejuízo líquido ajustado foi R$ 208,9 milhões.

O Ebit (resultado operacional) ficou negativo em R$ 53,7 milhões e o Ebitda (resultado operacional acrescido da depreciação e amortização) somou R$ 120,3 milhões. No mesmo intervalo de 2018, o Ebit havia sido negativo em R$ 27,7 milhões e o Ebitda somado R$ 177,1 milhões.

No primeiro trimestre, a Embraer entregou 11 aeronaves comerciais e 11 executivas (oito jatos leves e três grandes), ante 14 aeronaves comerciais e 11 executivas (oito jatos leves e três jatos grandes) no mesmo período de 2018. A carteira de pedidos firmes atingiu US$ 16,0 bilhões ao final do período – há um ano essa carteira somava US$ 19,5 bilhões.

A receita líquida somou R$ 3,111 bilhões de janeiro a março, praticamente estável ante os R$ 3,121 bilhões do mesmo intervalo de 2018.

Fleury (FLRY3)
A empresa da área de saúde Fleury concluiu a aquisição de 100% do capital da Newscan Serviços Médicos, empresa detentora da Lafe Serviços Médicos, por R$ 170,0 milhões, à vista. A Lafe atua em serviço de apoio diagnóstico com a oferta de análises clinicas na região metropolitana do Rio de Janeiro por meio de 32 unidades de atendimento.

EcoRodovias (ECOR3)
A EcoRodovias concluiu a operação de compra da Concessionária de Rodovias Minas Gerais Goiás (MGO), por R$ 654,8 milhões. A MGO tem concessão até janeiro de 2044 para a administração recuperação, conservação, manutenção, ampliação e operação da BR-050 (GO/MG), no trecho de 436,6 quilômetros, entre Cristalina (GO) e a divisa de Minas Gerais com São Paulo, no município de Delta (MG).

Taesa (TAEE11)
A Taesa informou que a Aneel aprovou o pedido de anuência prévia formulado pela companhia para a aquisição de 51% das ações da Triângulo Mineiro Transmissora de Energia (TMT) e da Vale do São Bartolomeu Transmissora de Energia (VSB). Segundo a empresa, a confirmação do negócio está sujeita ao cumprimento ainda de outras condições precedentes usuais para esse tipo de operação.

Ultrapar (UGPA3)
A Ultrapar precificou a oferta de notas representativas de dívida no mercado externo no montante de US$ 500 milhões, emitidas por sua subsidiária Ultrapar International com vencimento em 2029, ao cupom (juros) e yield de 5,25% ao ano. A remuneração será paga semestralmente até a data do vencimento.

As notes serão utilizados para financiar a recompra de até o valor máximo de US$ 200 milhões de principal das notas com vencimento em 2026 em circulação e, o restante, para fins corporativos gerais.

(Agência Estado)

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.