Ibovespa sobe 6,5% desde meados de maio, enquanto mundo todo vê queda; entenda o descolamento

Bolsa "ignora" exterior, em meio a manifestações de apoio a Bolsonaro e melhora na chance de aprovação das reformas

Ricardo Bomfim

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SÃO PAULO – A virada do Ibovespa para alta nesta quarta-feira (29) consolida o movimento da Bolsa brasileira de descolamento em relação ao exterior. De 17 de maio até hoje, o índice disparou 6,52%, ante quedas de 2,73% do S&P 500, de 2,22% do Dow Jones e de 3,56% do Nasdaq. 

As bolsas europeias também têm desvalorização desde o último dia 17. O índice alemão DAX recua 3,21%, o inglês FTSE registra perdas de 2,68% e o francês CAC 40 tem baixa de 3,98%.  

O analista Matheus Soares, da Rico Investimentos, destaca em relatório que a melhora do ambiente político é a grande responsável por essa diferença entre o ânimo dos investidores aqui e lá fora. 

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Soares lembra que o pacto firmado ontem entre os presidentes da República, Jair Bolsonaro, do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP) e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para aprovar a reforma da Previdência e outras pautas econômicas importantes foi uma ótima notícia. “Como o encontro para o pacto ocorreu após as manifestações terem ido a favor das reformas e contra os principais poderes do Congresso, o mercado embutiu a expectativa de que sairia coisa boa dessa conversa”, diz. 

Na véspera, ainda ocorreu a aprovação da Medida Provisória 870, que reduz o número de ministérios de 29 para 22, com a manutenção da decisão da Câmara dos Deputados de deixar o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) sob a alçada do ministro Paulo Guedes, na Economia. Isso foi uma vitória do governo e mostra que diminuíram as tensões entre Executivo e Legislativo. 

Soma-se a isso o fato de que Maia e Guedes articulam pauta de corte de gastos, dando prioridade a 29 projetos de lei já em tramitação ou que ainda serão encaminhados pelo governo para “modernização e digitalização do Estado brasileiro”. Dos 29 projetos listados, 16 são de autoria de congressistas, inclusive de oposição. 

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Por outro lado, o ambiente externo não tem motivos para comemorar. A equipe de análise da Rosenberg Associados apontou que o o cenário continua pouco amigável aos emergentes, cujos ativos e moedas são pressionados por um clima de aversão ao risco, pelo recuo nos preços das commodities metálicas e pelo fortalecimento do dólar.

“Vários focos de incerteza contribuem para a nebulosidade: além da disputa comercial entre EUA e China, o petróleo segue volátil em função de tensões geopolíticas, eleições aumentaram a fragmentação e a polarização no Parlamento Europeu e as eleições de 2020 nos EUA já despertam preocupação”, destaca o relatório. 

Na Europa, soma-se a isso as preocupações para o Brexit, depois da primeira-ministra britânica, Theresa May, anunciar que deixará o cargo em 7 de junho, deixando o caminho livre para que o eurocético, Boris Johnson se torne premiê. 

Apesar do descolamento, os investidores brasileiros devem acompanhar de perto o movimento das bolsas internacionais, principalmente as ações do setor de commodities, que são bastante impactadas pelo cenário externo. O Brasil tem recentemente se afastado do movimento das principais bolsas internacionais, mas o mercado nacional está longe de ser uma “ilha de tranquilidade” em meio à turbulência global. 

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.