Os 5 assuntos que devem movimentar os mercados nesta quarta-feira

Maior expectativa com avanços das reformas anima o mercado, porém cenário externo poderá ditar rumos dos negócios nesta quarta-feira

Equipe InfoMoney

(Brasília - DF, 20/05/2019) Palavras do Presidente da República, Jair Bolsonaro.\rFoto: Marcos Corrêa/PR

Publicidade

SÃO PAULO – O Ibovespa encerrou ontem com alta de 1,61%, diante da sinalização do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, de que a reforma da Previdência possa ser aprovada ainda no primeiro semestre e com a assinatura de um pacto entre os três poderes, em resposta às manifestações de apoio ao presidente Jair Bolsonaro no último domingo. Hoje, os investidores, entretanto, deverão estar mais atentos às movimentações do cenário externo, com a maioria das bolsas e os futuros de Nova York apontando para o terreno negativo, com a elevação das tensões comerciais entre EUA e China, assim como alertas da União Europeia ao endividamento da Itália.

Em relação à guerra comercial entre EUA e China, a gigante de tecnologia chinesa Huawei apresentou hoje uma moção na Justiça americana questionando a constitucionalidade de uma lei que limita suas vendas de equipamentos de telecomunicações, no lance mais recente de seu atual confronto com o governo dos Estados Unidos. O diretor jurídico da Huawei, Song Liuping, disse em coletiva de imprensa que solicitou a um tribunal nos EUA que julgue se é constitucional ou não uma decisão de Washington de invocar um dispositivo que impede o governo americano e seus fornecedores de utilizarem equipamentos da empresa chinesa.

Além disso, no front externo, o Banco Central Europeu (BCE) advertiu hoje para a possibilidade de que os riscos de piora no crescimento se materializem e de que isso eleve preocupações sobre a sustentabilidade de dívidas. “Além do alto nível de dívida e grandes déficits fiscais, alguns países poderiam enfrentar riscos na rolagem se participantes do mercado reavaliarem o risco soberano”, diz um documento do BCE, no momento de ampliação das tensões entre a União Europeia e a Itália – país que insiste em manter um patamar de gastos em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) superior ao limite determinado pelo bloco.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

No Brasil, até o dia 10 de junho, deve ser assinado um “pacto de cooperação” entre os três poderes para a aprovação de uma pauta de interesses em comum no Congresso Nacional. Entre os pontos estão a reforma da Previdência, a modernização do sistema tributário, a desburocratização administrativa, a repactuação federativa e o combate à corrupção. Especificamente sobre a reforma da Previdência, Maia, que foi alvo dos protestos do último domingo, afirmou que vai pedir que o parecer da reforma esteja finalizado antes do dia 15.

1. Bolsas Internacionais

No exterior, as bolsas europeias operam em queda nos principais mercados refletindo as preocupações com a guerra comercial e as tensões de uma possível batalha entre a União Europeia e a Itália. Segundo a CNBC, surgiram relatos afirmando que a UE estaria considerando medidas disciplinares sobre o fracasso do governo italiano em controlar as dívidas – o que uma autoridade europeia evitou confirmar. O vice-primeiro-ministro da Itália, Matteo Salvini, disse que Roma pode receber uma multa de 3 bilhões de euros por acumular dívidas e gerar um déficit que quebra as regras do bloco.

Continua depois da publicidade

O BCE advertiu ainda que os riscos de baixa no crescimento econômico poderiam gerar mais volatilidade nos mercados financeiros. Esses riscos de piora no crescimento reforçam a necessidade de se fortalecer balanços de dívidas de governos altamente endividados. O vice-presidente do BCE, Luis de Guindos, adverte no relatório para os riscos à estabilidade financeira, caso uma piora na perspectiva econômica se concretize. Outro alerta é para uma eventual escalada nas tensões comerciais, que poderiam provocar mais perdas nos preços dos ativos, diz o BCE.

Quer investir melhor o seu dinheiro? Clique aqui e abra a sua conta na XP Investimentos

Nos indicadores europeus, o destaque fica para o Produto Interno Bruto (PIB) da França, que cresceu 0,3% no primeiro trimestre de 2019 ante o quarto trimestre do ano passado, segundo números finais do Insee, como é conhecido o instituto de estatísticas francês. O resultado confirmou estimativa preliminar divulgada no fim do mês passado.

Na Ásia, os mercados fecharam em baixa, com exceção da China, que encerrou o pregão com leve alta – refletindo a contraofensiva da Huawei à constitucionalidade da limitação de suas vendas de equipamentos de telecomunicações, em meio à disputa comercial do país com os Estados Unidos.

Entre as commodities, o preço futuro do minério de ferro recua nesta manhã, após o recente ciclo de alta envolvendo preocupações com a oferta, diante de mais um possível rompimento de barragem pela Vale.

Já as cotações do petróleo recuam, diante de uma preocupação maior com os riscos de uma desaceleração econômica mundial, por conta da guerra comercial entre EUA e China.

Confira o desempenho do mercado, segundo cotação das 07h12 (horário de Brasília):

*S&P 500 Futuro (EUA), -0,68%
*Dow Jones Futuro (EUA), -0,90%
*Nasdaq Futuro (EUA), -0,71%
*DAX (Alemanha), -1,33%
*FTSE (Reino Unido), -1,42%
*CAC-40 (França), -1,75%
*FTSE MIB (Itália), -1,54%
*Hang Seng (Hong Kong), -0,57% (fechado)
*Xangai (China), +0,16% (Fechado)
*Nikkei (Japão), -1,21% (fechado)
*Petróleo WTI, -2,30%, a US$ 57,78 o barril
*Petróleo Brent, -2,11%, a US$ 68,63 o barril
*Bitcoin, US$ 8.598,36, -1,30%
R$ 35.300, +0,28% (nas últimas 24 horas)
*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa de Dalian caiam 1,58%, a 748,00 iuanes (nas últimas 24 horas).

2. Agenda Econômica

No Brasil, a FGV divulga, às 8h00, a sondagem de serviços de maio e o IBGE, às 9h00, o índice de preços ao produtor da indústria de transformação. Às 10h30, o Banco Central publica a variação mensal do estoque de crédito e o estoque de crédito do sistema financeiro, assim como as taxas de inadimplência da pessoa física. Às 14h30, o Tesouro Nacional deverá divulgar o resultado primário do Governo Central.

Nos Estados Unidos, está programada para as 11h00 a publicação do índice de atividade regional do Fed de Richmond de maio.

3. Noticiário Político

Durante encontro no Palácio do Planalto, o presidente Jair Bolsonaro propôs aos presidentes do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, do Senado, Davi Alcolumbre, e da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, “um pacto de cooperação” entre os três poderes, para a aprovação de uma pauta de interesses em comum no Congresso Nacional. O ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, informou após o encontro que um documento com esse teor deve ser assinado na semana de 10 de junho.

Segundo o Estadão, com tom genérico, o pacto fala em reforma da Previdência, modernização do sistema tributário, desburocratização administrativa, repactuação federativa e combate à corrupção. Bolsonaro declarou não querer conflito na relação com os três poderes. Na Câmara, líderes mostraram ceticismo, pontua a publicação. Sobre a reforma da Previdência, após ser alvo dos protestos do último domingo, Maia afirmou que vai pedir que o parecer da reforma esteja finalizado antes do dia 15.

Outro destaque na política é o acerto na pauta entre o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e a equipe econômica para dar prioridade a 30 projetos de lei já em tramitação ou que ainda serão encaminhados pelo governo para modernização e digitalização do Estado brasileiro, informa o jornal Valor Econômico. Segundo a Folha de S.Paulo, do encontro saíram propostas ainda para a criação de um gatilho automático para austeridade e mudança na Lei de Greve.

Como esperado, os senadores aprovaram ontem à noite a retirada do Coaf – órgão que investiga transações financeiras – do ministro da Justiça, Sérgio Moro. A decisão recebeu o apoio do governo Bolsonaro, que temia o retorno da estrutura administrativa antiga, com 29 ministérios, ao invés dos 22 que a MP determina. O texto básico da MP foi aprovado por 70 a 4.

4. Noticiário Econômico

O Estadão destaca que, em busca de crédito suplementar de R$ 248,9 bilhões para pagar despesas, o governo propôs ao Congresso a redução do pedido para R$ 146,7 bilhões. Segundo a publicação, o restante seria obtido por meio de outras fontes após a mudança na Lei Orçamentária de 2019. A “regra de ouro” do Orçamento impede que o governo contraia dívida para pagar gastos correntes, como aposentadorias, benefícios assistenciais, Bolsa Família e subsídios agrícolas.

A Folha informa que o retorno do presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, que estava afastado após ter sido preso por supostas irregularidades em sua gestão, gerou um racha no governo Federal em torno do desfecho para o “Sistema S”. Segundo a publicação, o governo queria trocar a direção da CNI para conquistar a maioria com as demais entidades e aprovar as mudanças que pretende fazer nas entidades que administram estes recursos. Agora, três grupo divergem sobre o plano.

O Brasil, junto com os países da União Europeia, México e Canadá, poderiam se beneficiar da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, aponta estudo da Confederação das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (Unctad), informa a Folha. Segundo o levantamento, dos US$ 250 bilhões em produtos exportados pela China sujeitos a sobretaxa pelos EUA, 82% devem passar a ser fornecidos por outros países, 12% seguirão com a China e 6% ficariam com os norte-americanos.

Na via contrária, aponta a Unctad, a tendência é mesma, já que dos US$ 110 bilhões sobretaxados pelos chineses de produtos dos EUA, 85% devem ser capturados por outros países, 10% se manteriam com os EUA e 5% passariam as mãos de empresas chinesas. Dentre os produtos mais beneficiados no Brasil estariam o milho, o algodão, a carne suína, bovina, soja, suco de laranja e carne de frango.

O Valor destaca que o debate atual sobre um corte adicional dos juros para estimular a economia não é trivial, segundo o presidente do Banco Central, Roberto Campos. Segundo Campos, apesar da expectativa de crescimento da economia ter caído, não houve retração nas expectativas de inflação nem no curto nem no longo prazo.

5. Noticiário corporativo

A Medida Provisória 868, que altera o marco legal do saneamento deve ser retirada da pauta da Câmara, diz o Valor. Segundo a publicação, como o texto caduca na próxima segunda-feira, deputados e o governo articulam um projeto de lei disciplinando o tema, em regime de urgência. A proposta, porém, viabiliza a privatização de companhias estaduais de saneamento.

A Justiça rejeitou ontem a oferta da Azul para ficar com os ativos da Avianca Brasil, por US$ 145 milhões. Segundo sentença, a Azul não tem legitimidade para invalidar o plano de recuperação aprovado anteriormente, que prevê o leilão de sete unidades produtivas, de forma isolada, com os ativos da empresa aérea, diz o Estadão.

Ainda na briga pelas operações da Netshoes, a Centauro elevou, novamente, sua proposta e agora oferece pagar US$ 3,50 por ação da empresa, cobrindo a última oferta da varejista Magazine Luiza, que era de US$ 3,00 por ação. A Netshoes, com essa nova oferta, seria vendida por US$ 109 milhões.

(Agência Estado)