Itaú BBA se decepciona com resultados e corta projeção para o Ibovespa em 2019, mas segue otimista

Estrategistas do banco reduziram a projeção do índice de 117 mil pontos para 110 mil pontos no final do ano, mas mantêm visão construtiva para o índice em um prazo mais longo

Lara Rizério

Gráfico de ações (Crédito: Shutterstock)

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SÃO PAULO – A temporada de resultados do primeiro trimestre de 2019 acabou em meados de maio – e não trouxe bons agouros para o mercado brasileiro. É o que destaca o Itaú BBA em relatório, apontando que este foi o motivo para os estrategistas revisarem para baixo as estimativas para o Ibovespa ao final deste ano. A projeção passou de 117 mil pontos para 110 mil pontos – ou seja, de um potencial de valorização de 23% para 16% em relação ao fechamento da última segunda-feira (27). 

Isso porque, após a temporada dos primeiros três meses deste ano, a equipe de estratégia, liderada por Marcos Assumpção, reduziu a estimativa de crescimento dos lucros do índice de 31% para 17% em 2019. De um modo geral, os resultados do primeiro trimestre foram decepcionantes devido: i) ao fraco crescimento do PIB no período (estimativa do Itaú de queda de 0,2% na base anual) e ii) e ao prejuízo líquido em grande parte de empresas de commodities, afetadas principalmente pelas provisões da Vale (VALE3). A mineradora registrou um prejuízo de R$ 6,4 bilhões nos primeiros três meses deste ano em meio aos impactos financeiros da ruptura da barragem de Brumadinho, ocorrida em janeiro. 

Além disso, houve surpresas negativas em relação aos resultados de grandes empresas como Petrobras (PETR3;PETR4), Suzano (SUZB3) e BRF (BRFS3). Já em outros setores, Kroton (KROT3), B3 (B3SA3) e Bradesco (BBDC4) tiveram surpresas ligeiramente negativas. Ou seja, foram as companhias de commodities as grandes “culpadas” pela revisão para baixo nas estimativas para o Ibovespa. 

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“Notamos que uma escalada na guerra comercial entre os EUA e a China poderia ter um impacto negativo no crescimento global e portanto, nos preços das commodities. Nos setores financeiros e ligados à economia doméstica, as revisões foram apenas marginais, prejudicadas pelo declínio do crescimento das expectativas do PIB deste ano”, afirmam. 

Os estrategistas também explicam porque a estimativa é de um crescimento de 17% nos lucros das empresas ante uma perspectiva de crescimento do PIB de no máximo 1% em 2019. “Em primeiro lugar, esperamos ganhos do setor financeiro e de empresas de commodities (correspondentes a dois terços de participação do Ibovespa) crescendo 18% e 27%, respectivamente, enquanto os nomes domésticos (mais ligados ao PIB) devem crescer apenas 2% em relação ao ano anterior. Em segundo lugar, acreditamos que o Ibovespa não é um reflexo do PIB e as empresas listadas, em média, podem ter um desempenho melhor do que os pares não listados. Como lembrete, os ganhos do Ibovespa (uma proxy para valor adicionado) representam 7,5% do total de ganhos corporativos brasileiros”, avaliam.

Contudo, apesar da revisão para baixo na estimativa para o Ibovespa em 2019, o Itaú BBA segue com uma visão construtiva para o índice, sob o lema “dor de curto prazo, ganho de longo prazo”. Isso por conta de três fatores: i) a estimativa de taxas de juros mais baixas no longo prazo; ii) estimativa de aceleração do crescimento do PIB a partir de 2020 e iii) uma potencial migração de investimentos para o mercado de ações. Mas, claro, o cenário é altamente dependente de uma aprovação da reforma da Previdência.

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Assim, mesmo com a visão menos positiva no curto prazo, os estrategistas seguem otimistas com o mercado de ações brasileiro. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.