Ibovespa Futuro sobe forte após manifestações mostrarem apoio à Reforma da Previdência

Mercado demonstra alívio porque as pessoas foram às ruas mais para defender as reformas do que para pedir fechamento do Congresso e do STF

Ricardo Bomfim

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SÃO PAULO – O Ibovespa Futuro abre em alta nesta segunda-feira (27) passado o temor de que as manifestações convocadas para o último domingo piorariam o relacionamento entre o governo brasileiro e o Congresso. O que se viu foi apoio às reformas como a da Previdência, considerada essencial para equalizar o déficit público e destravar os investimentos no País. Vale destacar que a liquidez promete ser reduzida no mercado, com o feriado fechando os mercados nos EUA e no Reino Unido. 

Lá fora, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que o seu governo ainda não está pronto para fechar um acordo comercial com a China, mas ressaltou acreditar que os dois países chegarão a um entendimento em algum momento no futuro

Às 9h05 (horário de Brasília), o contrato futuro do índice para junho tinha alta de 0,93% a 94.520 pontos, enquanto o dólar futuro com o mesmo vencimento recua 0,42% a R$ 4,009. No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2021 cai três pontos-base a 6,77%, ao passo que o DI para janeiro de 2023 registra perdas de quatro pontos-base a 7,94%. 

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Já no Brasil, além da defesa dos atos do governo, os apoiadores pediram a aprovação da reforma da Previdência, do pacote anticrime, do porte e da posse de armas. Também houve apoios a ministros do governo como o da Justiça, Sergio Moro, e o da Economia, Paulo Guedes.

Segundo o jornal O Estado de S.Paulo, o maior ato ficou concentrado na capital paulista e as manifestações também trouxeram protestos contra o centrão, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Para a Folha de S.Paulo, a exaltação de Bolsonaro aos atos pode elevar a crise com o Congresso, em meio às negociações das reformas. Mesmo sem ir pessoalmente, o presidente passou o dia tuitando e compartilhando vídeos, que eram um recado a parlamentares, associando-os à velha política. Segundo o jornal O Globo, as manifestações ocorreram em 156 cidades, enquanto as manifestações do último dia 15 de maio ocorreram em cerca de 200 cidades.

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Entre as commodities, destaque para os futuros de minério de ferro, que disparavam 4,5% nesta manhã, a 761,00 iuanes – o equivalente a US$ 110,35 –, sob a expectativa de rompimento de barragem da Vale, que poderia reduzir a oferta global do produto. Já o petróleo opera com o WTI em queda e o Brent em alta nesta manhã, mas com o mercado preocupado com possíveis cortes na produção por parte dos principais países produtores.

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Vale destacar que a sessão é de possível liquidez enxuta com feriados nos EUA e Reino Unido, mas o mercado segue de olho nos desdobramentos da guerra comercial.

Relatório Focus

Divulgado de manhã cedo, o Relatório Focus do Banco Central mostrou mais uma redução na mediana das expectativas dos economistas para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2019, de 1,24% para 1,23%. Para 2020, espera-se uma expansão de 2,5% na economia brasileira. 

As previsões para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medidor oficial de inflação, mantiveram-se em 4,07%. Em 2020, as projeções são de 4%. 

Também ficaram estáveis as previsões para taxa de câmbio e para a taxa básica de juros Selic, em R$ 3,80 e 6,5% respectivamente. 

Noticiário Político

O noticiário político é dominado pela repercussão das manifestações deste domingo, de apoio ao governo do presidente Jair Bolsonaro e à reforma da Previdência, ao pacote anticrime e aos ministros de governo Sergio Moro, da Justiça, e Paulo Guedes, da Economia.

Ontem pela manhã, ao participar de um culto no Rio de Janeiro, Bolsonaro afirmou que a população foi às ruas para defender o futuro do país: “Hoje, por coincidência, é um dia em que o povo está indo às ruas não para defender o presidente, um político ou quem quer que seja. Ele está indo para defender o futuro desta nação”.

No final da tarde do domingo, Bolsonaro afirmou, em relação aos protestos contra o Centrão, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e ao Supremo Tribunal Federal (STF), que “quem estivesse pedindo o fechamento do Congresso ou do STF estaria na manifestação errada”. “A população mostrou isso. Sua grande maioria foi às ruas com pautas legítimas e democráticas”, disse.

Já à noite, segundo a Folha de S. Paulo, em entrevista à TV Record, Bolsonaro fez um aceno ao Congresso ao pregar diálogo, mas disse que a palavra Centrão virou “palavrão” e que parte considerável dos parlamentares não quer ser rotulada ao bloco “clientelista” e os cobrou para que se desvinculem.

Ainda segundo a Folha, Maia avaliou que os protesto do dia 15, pela educação, foram três vezes maiores, enquanto nas redes sociais o engajamento foi oito vezes maior, sugerindo o uso de robôs. Já Paulinho da Força, um dos líderes do Centrão, disse que “achou pequeno” os protestos e que “nada muda”. “Vamos continuar votando pelo Brasil, desconhecendo que o governo existe”, afirmou.

Segundo a Coluna do Estadão, líderes do Parlamento viram uma inegável demonstração de forma de Jair Bolsonaro nas manifestações, mas que ficaram restritas a um grupo fiel e muito peculiar de apoiadores. Na prática, pontua a coluna, o saldo dos atos foi acirrar os ânimos no Legislativo e aumentar a polarização com a esquerda nas ruas.

Para a Coluna Painel S.A., da Folha, os atos de domingo foram vistos com descrença por empresários e altos executivos. Embora tenham atraído público maior do que muitos previam, a avaliação é de que a manifestação não terá relevância na pressão pela reforma da Previdência. A sua aprovação, pontua a coluna deverá se dar mais por força do alinhamento entre Maia e Guedes do que por causa de qualquer protesto.

Já o Painel da Folha, destaca a avaliação de ministros do STF e de integrantes da cúpula do Congresso de que os atos de domingo não foram significativos a ponto de mudar a conjuntura política e deslocar o eixo de pressão do Planalto para as duas instituições, que foram alvo dos protestos.

Bolsas Internacionais

Em entrevista coletiva ao lado do primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, o presidente norte-americano comentou que os EUA têm um desequilíbrio comercial “inacreditável” com o Japão e que Washington também fechará um acordo com Tóquio.

Enquanto isso, um artigo publicado neste fim de semana pela agência estatal de notícias Xinhua diz que os pedidos dos EUA para que a China resolva questões econômicas são uma violação dos principais interesses de Pequim, segundo a CNBC. À medida que as negociações comerciais entre os EUA e a China se concentram cada vez mais no tratamento chinês de empresas estrangeiras, Pequim afirma que as principais queixas americanas sobre aspectos estruturais de sua economia estão correndo contra os seus “interesses centrais”.

Na Ásia, as bolsas da China e do Japão fecharam em alta, com os investidores observando os acontecimentos da visita de Trump ao continente. Em termos de indicadores, o lucro das grandes indústrias chinesas recuou em abril, 3,7% em abril na comparação anual, após uma alta, em março, de 13,9%. Entre janeiro e abril, o segmento industrial lucrou 3,4% menos do que no mesmo intervalo do ano passado.

Na Europa, os principais índices operam em alta, após os resultados das eleições do Parlamento Europeu. As urnas trouxeram uma nova realidade política no continente, com o fim do domínio dos partidos tradicionais de centro-direita e centro-esquerda, diante da ampliação da representatividade de siglas de ultradireita, partidários da liberalização econômica e ambientalistas. Os partidos pró-União Europeia, entretanto, mantiveram maioria, com cerca de dois terços dos assentos.

Noticiário Econômico

O Estadão destaca que o teto de gastos, regra que impede que as despesas do governo subam acima da inflação, vai mudar para abrir caminho à partilha de recursos do pré-sal com Estados e Municípios. A informação é do secretário especial da Fazenda, Waldery Rodrigues, que afirmou que a equipe econômica vai enviar uma PEC para incluir entre as despesas livres do teto a divisão do bônus do megaleilão de petróleo.

O Valor Econômico informa que, apesar das incertezas, um grupo de empresas mantém o planejamento de captar cerca de R$ 35 bilhões na bolsa até junho, entre IPOs e follow-ons. Em todo o ano passado, essas captações somaram R$ 6,8 bilhões, mas que, neste ano, até agora, já foram R$ 6,9 bilhões.

O Valor traz reportagem afirmando que a mediana de 32 consultorias e instituições financeiras consultadas já indicam que o PIB do primeiro trimestre recuou 0,2% ante o quarto trimestre. Se confirmada, será a primeira queda trimestral desde o fim de 2016, quando a economia ainda estava em recessão.

Noticiário corporativo

A rede de varejo Magazine Luiza elevou sua proposta de compra da varejista online de artigos esportivos Netshoes. A nova oferta, informada por meio de fato relevante ontem à noite é 50% superior a primeira e soma US$ 93 milhões, o equivalente a US$ 3 por ação. O preço original era de US$ 62 milhões, ou US$ 2 por ação. A Netshoes divulgou um fato relevante neste domingo dizendo que o conselho de administração da empresa recomenda que os acionistas aceitem a oferta do Magazine.

A nova proposta – aprovada pelo conselho de administração do Magazine Luiza – acontece dias depois de a Centauro ter oferecido US$ 2,80 por ação para adquirir a Netshoes. A oferta do Magazine está condicionada à realização da assembleia de acionistas da Netshoes, já marcada para a próxima quinta-feira, dia 30, com o objetivo de votar proposta.

A possibilidade de rompimento da barragem da Vale em Barão de Cocais (MG), a 100 quilômetros de Belo Horizonte, seguirá no radar dos investidores. A movimentação do talude chegou a 20 centímetros em alguns pontos, neste final de semana, um centímetro acima do observado anteriormente.

A Defesa Civil continua monitorando a movimentação. A previsão da Agência Nacional de Mineração (ANM) era de que o rompimento ocorreria até ontem, sábado, dia 25. O risco de rompimento do talude, que funciona como uma parede de contenção, segue no nível 3, o mais alto.

(Agência Estado)

Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.