Ibovespa futuro cai 1% e dólar sobe com piora na guerra comercial entre EUA e China

Índice segue o dia negativo dos mercados globais e ofusca cenário mais calmo na política doméstica

Rodrigo Tolotti

Painel de cotações indicando forte queda (Crédito: Shutterstock)

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SÃO PAULO – O Ibovespa futuro opera em queda nesta quinta-feira (23) com o mercado externo pesando sobre as recentes boas notícias na política brasileira, após sinais de piora na guerra comercial entre Estados Unidos e China.

Às 09h17 (horário de Brasília), o índice futuro tinha queda de 0,89%, aos 94.100 pontos, enquanto o dólar futuro com vencimento em junho avança 0,36%, a R$ 4,058. Já o dólar comercial registra valorização de 0,47%, cotado a R$ 4,0593 na venda.

Os mercados da Ásia caíram nesta quinta-feira e os principais europeus operam em queda, assim como os índices futuros de Nova York, refletindo as preocupações dos investidores com acirramento das tensões comerciais entre os Estados Unidos e a China.

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O secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, afirmou à CNBC que uma viagem a Pequim para retomar as negociações comerciais ainda não foi programada, o que reduz as esperanças de uma resolução rápida para a guerra comercial.

Adicionalmente, a ata da última reunião do Federal Open Market Committee (Fomc), na qual a taxa básica de juros dos EUA foi mantida na banda entre 2,25% a 2,5%, revelou que os membros do Federal Reserve estão confortáveis com a taxa atual e acreditam que ela possa durar por “algum tempo” ainda, mesmo se a economia melhorar. Na Europa, pesa ainda a expectativa de renúncia da primeira-ministra britânica, Theresa May, “nos próximos dias”, segundo a imprensa britânica.

No Brasil, os destaques são as aprovações da Medida Provisória da Reforma Administrativa, que reduziu de 29 para 22 o número de ministérios do governo do presidente Jair Bolsonaro, no plenário da Câmara. Já a Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) aprovou ontem a tramitação da Reforma Tributária, com uma proposta que unifica cinco tributos (IPI, PIS, Cofins, ICMS e ISS) em apenas um, que será o Imposto sobre Operações com Bens e Serviços (IBS).

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Noticiário Político

O destaque político é a aprovação da Medida Provisória da Reforma Administrativa do governo do presidente Jair Bolsonaro, reduzindo de 29 para 22 o número de ministérios. Apesar da vitória do governo, o Centrão e os partidos de oposição retiraram das mãos do ministro Sérgio Moro, da Justiça, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que retornou à Economia. Moro lamentou a decisão, ponderando que “faz parte do debate democrático”. Se Bolsonaro quiser vetar apenas este trecho, corre o risco de ver caducar toda a MP.

A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) aprovou ontem a tramitação da Reforma Tributária, com um texto próprio dos parlamentares, sem esperar pela proposta do governo – que seria enviada após a aprovação da Reforma da Previdência. A proposta, que teve como base as ideias do economista Bernardo Appy, unifica cinco tributos (IPI, PIS, Cofins, ICMS e ISS) em apenas um, que será o Imposto sobre Operações com Bens e Serviços (IBS).

Após os protestos que tomaram as ruas na semana passada, o governo desbloqueou ontem R$ 1,59 bilhão para recompor o orçamento do MEC. Mesmo assim, a pasta da Educação continuará com R$ 5,4 bilhões contingenciados. O secretário especial da Fazenda, Waldery Rodrigues, admitiu que a iniciativa foi uma medida política, mas sem deixar evidente que reflete as manifestações da semana passada.

Sobre as manifestações programadas para este domingo de apoio ao presidente Bolsonaro, o Estadão ressalta que os atos estão ampliando as divisões entre grupos de apoiadores do presidente nas redes sociais e entre parlamentares do PSL. De um lado, os favoráveis são os grupos mais radicais e ligados a Olavo de Carvalho, e do outro correligionários que não se identificam com o filósofo, como Luciano Bivar, presidente do PSL, além de Janaina Pascoal.

Noticiário Econômico

O Estadão destaca que o governo deverá receber na semana que vem cerca de R$ 3 bilhões da Caixa como devoluções de empréstimos feitos durante o período do governo da presidente Dilma Rousseff. Segundo a publicação, outros bancos estatais devem seguir o mesmo caminho. As remessas ao Tesouro Nacional devem somar R$ 86 bilhões. Apenas este ano, devem entrar no caixa do governo cerca de R$ 30 bilhões.

O presidente Jair Bolsonaro pediu que a Receita Federal estude um projeto que permita reavaliar patrimônios declarados no Imposto de Renda. O chefe do órgão, Marcos Cintra, disse que a temática do projeto é a reavaliação de patrimônios que “normalmente são declarados com valores históricos” e que “poderiam eventualmente ser declarados para valores de mercado”. Segundo ele, a medida irá implicar em agilização de mercado, facilitação de negócios, e “alguma arrecadação extra em função dos que vierem a optar por um regime diferenciado”.

Ainda na economia, Bolsonaro afirmou ontem, sem dar maiores detalhes, que irá apresentar uma proposta com potencial de gerar mais recursos que a Reforma da Previdência em dez anos. Segundo o presidente, o governo quer levar adiante propostas que aumentem a arrecadação, sem alta de impostos.

Noticiário corporativo

A companhia de cosméticos Natura anunciou ontem a aquisição da Avon Products em uma operação que envolve troca de ações (all-share merger). O acordo avalia a Avon em US$ 3,7 bilhões e o novo grupo em US$ 11 bilhões. O negócio ainda está sujeito à aprovação de reguladores, mas transforma a empresa conjunta na quarta maior do setor, de acordo com o fato relevante publicado.

Juntas, as empresas estimam faturamento anual superior a US$ 10 bilhões Elas assumem a liderança na modalidade de venda por relações (ou porta a porta) por meio das mais de 6,3 milhões de Representantes e Consultoras da Avon e da Natura, e presença geográfica global, com mais de 3,2 mil lojas. A brasileira irá deter 76% da empresa conjunta. O restante ficará sob controle dos acionistas da Avon.

O financiamento será possibilitado mediante um crédito de US$ 1,6 bilhões que a Natura obteve perante o Banco Bradesco S.A; o Citigroup Global Markets Inc.; e o Itaú Unibanco S.A. No comunicado, a empresa diz esperar sinergias entre US$ 150 milhões e US$ 250 milhões anuais.

A Petrobras informou ontem que seu conselho de administração aprovou o modelo para venda de sua participação na BR Distribuidora, um passo crucial para tirar a empresa de distribuição do controle estatal. O processo ocorrerá por meio de uma oferta secundária de ações (follow-on). Em comunicado, a Petrobras informou que, após a oferta, sua participação na companhia será “inferior a 50%”.

A Petrobras disse ainda em seu comunicado que ainda não pode ser considerado um “anúncio de oferta”, sendo que a realização do processo dependerá de “condições favoráveis dos mercados de capitais nacional e internacional”. Em 26 de abril, a Petrobras já havia anunciado que estudava a realização de uma oferta pública secundária de ações das ações da BR Distribuidora.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.