Ibovespa futuro fica próximo da estabilidade com sinais mistos da política e alívio externo

Índice tenta sustentar os ganhos da véspera de olho no cenário político e andamento das reformas no Congresso

Rodrigo Tolotti

Painel de cotações (Shutterstock)

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SÃO PAULO – O Ibovespa futuro começa esta terça-feira (21) em alta, estendendo os ganhos da véspera e seguindo o dia de alívio no exterior. Favorece o clima no mercado o aceno dado pelo presidente Jair Bolsonaro ao Congresso para a aprovação da reforma da Previdência, mesmo após ele criticar a classe política.

Às 09h07 (horário de Brasília), o índice futuro tinha alta de 0,09%, aos 92.795 pontos, enquanto o dólar futuro com vencimento em junho recuava 0,06%, a R$ 4,098.

Apesar dos sinais contraditórios de ontem, quando pela manhã Bolsonaro afirmou que a “classe política” é o grande problema do Brasil, mas à tarde de que os parlamentares estão empenhados na aprovação da reforma, um texto alternativo, como chegou-se a ventilar em Brasília nos últimos dias, parece estar completamente descartado.

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Dessa forma, a proposta encaminhada pelo Governo em fevereiro deverá seguir firme, mas com o DNA do Congresso, que vai promover alterações.

Além disso, Bolsonaro e seus aliados buscam apoio popular às manifestações e atos nas ruas que estão programados para o próximo domingo. Junto com a defesa das reformas e do pacote anticrime, alguns grupos defendem uma CPI contra o Judiciário e o enfrentamento aos partidos do “Centrão”.

O movimento, porém, não recebeu apoio de integrantes do PSL, como a deputada Janaina Paschoal, que ameaça deixar o partido, e do MBL, que questiona a “idolatria” cega a Jair Bolsonaro.

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No exterior, o governo dos Estados Unidos relaxou temporariamente restrições comerciais impostas na semana passada à companhia Huawei, da China, numa decisão voltada a minimizar problemas para seus clientes. O Departamento do Comércio afirmou em nota que a licença entrou em vigor na segunda-feira, 20, e vale por 90 dias.

O secretário de Comércio americano, Wilbur Ross, afirmou que o relaxamento das restrições à Huawei possibilitará a manutenção de redes de negócios existentes e a realização de atualizações nos dispositivos da empresa asiática, a maior fabricante de equipamentos de telecomunicações do mundo.

O governo americano disse que permitirá transações “específicas, limitadas” envolvendo os itens da Huawei e suas 69 afiliadas de fora dos EUA, o que garantirá a continuidade das operações para os usuários de celulares existentes e de redes rurais de banda larga da empresa.

Hoje cedo, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) informou que reduziu sua projeção de crescimento global neste ano de 3,3% para 3,2%, diante da incerteza no comércio com as tensões comerciais. No caso do Brasil, a OCDE espera crescimento de 1,4% em 2019 e de 2,3% em 2020.

Noticiário Político
O presidente Jair Bolsonaro voltou a culpar ontem parlamentares e “grupos corporativistas” pelos problemas de sua administração. Segundo ele, o País “tem tudo pra dar certo, mas o problema é a nossa classe política”. Ao mesmo tempo, fez um aceno aos parlamentares dizendo que estão empenhados em aprovar a Reforma da Previdência. Já o ministro da Economia, Paulo Guedes, indicou ontem à iniciativa de transferir ao Congresso a responsabilidade de decisão sobre quais programas e ações terão recursos cortados ou contingenciados.

As mudanças no projeto da Reforma da Previdência serão feitas com base na proposta do governo, destacou o relator do projeto, deputado Samuel Moreira, que descartou um texto alternativo, como sugerido pelo presidente da comissão especial, Marcelo Ramos. Entretanto, os parlamentares vão querer fazer alterações em pontos da proposta.

O projeto de Reforma Tributária deverá ser votado amanhã na Comissão de Constituição e de Justiça (CCJ), segundo seu presidente, Felipe Francischini. Ele afirmou, porém, que estranhou a fala de Bolsonaro de que o governo vá enviar ao Congresso outra proposta com o mesmo tema, assim que a Reforma da Previdência for aprovada. De acordo com o Estadão, o deputado do PSL reclamou da falta de diálogo sobre quais pautas podem ganhar destaque na CCJ.

Bolsonaro e seus aliados buscam apoio popular às manifestações e atos nas ruas que estão programados para o próximo domingo. Segundo o Estadão, ao menos 60 cidades estão com manifestações programadas. A publicação destaca que além da defesa das reformas e do pacote anticrime, alguns grupos defendem uma CPI contra o Judiciário e o enfrentamento do Centrão.

O Clube Militar, lideranças evangélicas e dos caminhoneiros endossaram as manifestações. No entanto, em São Paulo, a deputada Janaina Paschoal criticou os atos e ameaçou deixar o PSL. O MBL não irá endossar as manifestações, por questionar a pauta e a “idolatria” cega a Jair Bolsonaro. Alguns interlocutores do presidente também são contrários aos movimentos de domingo, pelo risco de baixa adesão das ruas.

O Estadão destaca que representantes de dez partidos, entre eles PT, PSDB, PDT e Cidadania, se reuniram, em São Paulo, para organizar o lançamento do movimento “Direitos Já, Fórum pela Democracia”. O objetivo é formatar um grupo suprapartidário de oposição ao governo Bolsonaro. O movimento, que começou pelo WhatsApp, foi organizado por Fernando Guimarães, do PSDB, e Março Aurélio Carvalho, do PT.

Noticiário Econômico
O jornal Valor Econômico informa que o Brasil perdeu espaço em relação a outros emergentes em termos de nível de renda, ao invés de se aproximar. Com baixo crescimento da produtividade, o PIB per capita corresponde hoje a pouco mais de um quarto do americano. Em 1980, equivalia a 40%. Nesse período, o Chile subiu de a 41,5%, de 27,4%; China avançou a 28,9%, de 2,5%; e Coreia do Sul atingiu 66%, ante 17,5%.

A cobrança de IOF sobre as exportações traz preocupação ao setor indústria, pontua o Valor Econômico. Segundo a publicação, ao tornar mais clara a determinação de cobrança do IOF às empresas que não trazem imediatamente ao país os recursos decorrentes da exportação, há riscos de uma tributação adicional de R$ 3,7 bilhões, aponta a Confederação Nacional da Indústria (CNI).

O Estadão destaca que, após um ano da greve, a situação dos caminhoneiros só piorou. Com o fim do subsídio, a categoria afirma que o diesel está hoje mais caro do que estava em maio de 2018 e que a tabela de fretes não funciona. Segundo a reportagem, a internet empoderou dos caminhoneiros, mas também criou desavenças; categoria se queixa atualmente da falta de união.

Noticiário corporativo
No noticiário corporativo, seguem as preocupações quanto ao rompimento de uma nova barragem da Vale. Segundo o Estadão, a barragem do complexo do Gongo Soco, em Barão dos Cocais, tem risco entre 10% e 15% de se romper, afirmou ontem o secretário estadual de Meio Ambiente de Minas Gerais, Germano Vieira, citando inspeção feita por auditoria independente.

O colapso da estrutura da mina da Vale pode desmoronar e desencadear a destruição da barragem de Barão dos Cocais e atingir a cidade em 1 hora e 12 minutos. O movimento do talude, encosta que dá sustentação à mina, subiu de 4 centímetros por dia para 7 centímetros por dia, aponta a Agência Nacional de Mineração.

O Valor Econômico destaca que a Petrobras ainda está contabilizando o prejuízo causado pelo naufrágio parcial de dois módulos da plataforma P-71, ocorrido no final de semana, no litoral de Santa Catarina. A publicação afirma que, se confirmada a perda total dos equipamentos, a estatal poderia sofrer uma atraso de um ano no cronograma da plataforma e ter perdas bilionárias na geração de caixa.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.