Ibovespa sobe mais de 2% e encosta nos 92 mil pontos com melhora do cenário político

Índice descola de dia negativo com investidores esperançosos após fala de Bolsonaro e integrantes do governo

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – O Ibovespa engatou uma forte alta na tarde desta segunda-feira (20), voltando ao nível dos 92 mil pontos depois perder os 90 mil pontos na última sexta. O mercado se animou com as declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes, e do relator da Reforma da Previdência, Samuel Moreira (PSDB-SP). Também foi bem acolhida a notícia de que o major Vitor Hugo (PSL-GO) deve deixar a liderança do governo pelo presidente Jair Bolsonaro. 

Neste cenário, o principal índice da B3 fechou com valorização de 2,17%, aos 91.946 pontos, com o volume financeiro atingindo R$ 23,388 bilhões – inflado pelo vencimento de opções sobre ações, que movimentou R$ 9,26 bilhões. Enquanto isso, o dólar comercial teve leve alta de 0,07%, cotado a R$ 4,1049 na venda, ao passo que o dólar futuro com vencimento em junho registrou ganhos de 0,04% a R$ 4,108.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2021 caiu quatro pontos-base a 6,95%, ao passo que o DI para janeiro de 2023 recuou cinco pontos-base a 8,18%.

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No cenário político, por trás da iniciativa dos deputados de fazer um projeto alternativo de Reforma da Previdência, há uma demonstração de aumento do embate com a gestão do presidente Jair Bolsonaro.

Segundo o analista da XP Investimentos, Gabriel Fonseca, a notícia não é, no entanto, totalmente negativa. “Se o Congresso tomar as rédeas da Previdência à revelia do governo será uma vitória de Pirro, mas o que mais importa para o mercado é a preservação da agenda econômica do [ministro da Economia] Paulo Guedes”, afirma. 

Hoje, Guedes disse ter confiança no trabalho de Samuel Moreira como relator da Previdência. “Estamos otimistas com aprovação da reforma e potência fiscal necessária”, destacou após encontro com o deputado do PSDB. 

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Já Moreira apontou que a proposta a ser trabalhada é a do governo e confirmou que apresentará seu relatório na comissão especial até o dia 15 de junho. “Alterações no texto serão feitas ouvindo o governo e os líderes partidários”, ressaltou ele, que ainda comentou ser grande a convergência com Guedes. 

Ainda no radar, o governo buscará em menos de 15 dias a aprovação de 11 medidas provisórias que estão prestes a vencer, como a que reorganiza os ministérios. Integrantes de diversos partidos avaliam que deixar caducar as MPs será um recado ao governo, sobretudo após o compartilhamento do texto de que o Brasil é “ingovernável”, sem “conchavos”.

Relatório Focus

A mediana das expectativas dos economistas ouvidos pelo Banco Central espera que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresça 1,24% em 2019, ante projeção de 1,45% na semana passada, apontou o Relatório Focus. Para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a previsão ficou estável em 4,11%. 

No caso da taxa de câmbio, a projeção dos economistas foi elevada de R$ 3,75 para R$ 3,80. Por fim, as perspectivas para a Selic foram mantidas em 6,5% para este ano, mas cortadas de 7,5% para 7,25% ao ano. 

Noticiário corporativo

No noticiário corporativo, as atenções se voltam à Vale que está com o talude norte da cava da Mina Gongo Seco, em Barão dos Cocais (MG), com risco de rompimento a qualquer momento até o próximo sábado, dia 25, informou a mineradora. Como parte de ações preventivas de engenharia, a Vale começou a terraplenagem para construção da contenção em concreto localizada a 6 km à jusante da barragem Sul Superior, em Barão de Cocais.

Segundo informações da “Gazeta Web”, a Braskem pode deixar suas operações em Maceió (AL) em até seis meses. A companhia paralisou suas atividades no estado depois de um laudo divulgado pelo Serviço Geológico Nacional falando que uma instabilidade no solo dos bairros do Pinheiro, Bebedouro e Mutange foi provocada pela extração de sal-gema.

De acordo com o jornal, diretores da empresa negam que este movimento seja uma “chantagem” contra o governo do estado, mas sim “uma questão de sobrevivência empresarial”.

As maiores altas, dentre as ações que compõem o índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 BRKM5 BRASKEM PNA 40,40 +10,11 -14,73 134,21M
 CYRE3 CYRELA REALTON 16,31 +6,88 +5,43 57,66M
 MULT3 MULTIPLAN ON N2 22,95 +6,40 -5,13 148,88M
 MRFG3 MARFRIG ON 7,18 +6,37 +31,50 79,21M
 CMIG4 CEMIG PN 13,20 +5,68 -1,70 184,57M

As maiores baixas, dentre os papéis que compõem o índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 SUZB3 SUZANO S.A. ON 37,30 -1,84 -0,98 292,91M
 VALE3 VALE ON 46,85 -1,82 -8,14 1,02B
 FLRY3 FLEURY ON 19,02 -0,42 +0,21 90,39M
 BRAP4 BRADESPAR PN 29,29 -0,27 -3,86 49,41M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 PETR4 PETROBRAS PN N2 25,52 +3,40 1,32B 1,36B 65.652 
 VALE3 VALE ON 46,85 -1,82 1,02B 860,59M 41.753 
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN 32,32 +2,60 772,11M 583,77M 40.407 
 ABEV3 AMBEV S/A ON 16,49 0,00 714,73M 405,82M 60.148 
 BBAS3 BRASIL ON 46,65 +4,01 565,53M 540,71M 34.232 
 BBDC4 BRADESCO PN 34,00 +2,72 491,95M 537,87M 30.541 
 JBSS3 JBS ON 24,20 +2,67 351,00M 306,32M 46.809 
 SUZB3 SUZANO S.A. ON 37,30 -1,84 292,91M n/d 28.949 
 B3SA3 B3 ON 32,71 +3,19 283,81M 296,00M 21.631 
 ITSA4 ITAUSA PN 11,44 +3,25 271,17M 234,51M 34.768 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
IBOVESPA

Bolsas Internacionais
No exterior, as bolsas europeias fecharam majoritariamente em queda, enquanto as da Ásia tiveram com sinais mistos. Apenas Tóquio teve alta após o PIB japonês crescer acima do esperado, com taxa anualizada de 2,1% no primeiro trimestre deste ano. Na China, as bolsas recuaram diante das notícias de que as negociações comerciais entre os EUA e a China tiveram uma pausa.

Segundo a CNBC, o agendamento de discussões para futuras negociações comerciais foi suspenso desde que o governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aumentou o escrutínio às empresas de telecomunicações chinesas.

O yuan, moeda chinesa, já se desvalorizou quase 2,7% este mês, perto da cotação de 7 para 1 dólar, rompida pela última vez durante a crise financeira de 2008. A depreciação ajuda os chineses a amenizar o impacto das novas tarifas dos EUA mantendo suas exportações acessíveis nos Estados Unidos. Mas uma grande queda no yuan pode desencadear uma saída de dinheiro da China e prejudicar a estabilidade econômica.

Além disso, os investidores globais estão monitorando os riscos geopolíticos depois que o presidente Donald Trump lançou uma nova ameaça a Teerã, tuitando que o conflito no Oriente Médio seria o “fim oficial” do Irã, enquanto a Arábia Saudita alertou que está pronta para responder com “toda a força.”

As declarações de Trump elevaram os preços futuros do petróleo. Além disso, o ministro da Energia da Arábia Saudita, Khalid al-Falih, afirmou ontem que existe um consenso entre a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados (Opep +) de reduzir os estoques brutos, mas que seu país continuará respondendo às necessidades dos países exportadores.

Ainda entre as commodities, os preços futuros do minério de ferro operam em alta de 2,2% nesta segunda-feira, com o aumento pela demanda pelo produto, diante do cenário em que as siderúrgicas chinesas estão atingindo recordes de produção e há riscos à oferta por conta de ações judiciais contra a Vale no Brasil.

Já na Europa, o cenário de instabilidade geopolítica e de guerra comercial entre EUA-China levaram os principais índices à queda majoritariamente. Adicionalmente, a primeira-ministra britânica, Theresa May, escreveu em artigo que apresentará uma “oferta nova e ousada” ao Parlamento para obter apoio para seu acordo Brexit, o que acontecerá em algumas semanas, antes de deixar o cargo.

Noticiário Político

Em meio a mais uma polêmica, após compartilhar um texto no WhatsApp em que diz que o Brasil fora de conchavos é “ingovernável”, o presidente Jair Bolsonaro afirmou, no final de semana, ao ser questionado sobre o assunto que apenas repassou a “meia dúzia de pessoas”.

Bolsonaro compartilhou ainda um vídeo, no Facebook, de pastor estrangeiro afirmando que ele foi “escolhido por Deus” para comandar o País. Junto à publicação, o presidente escreveu que “não existe teoria da conspiração, existe uma mudança de paradigma na política” e que “quem deve ditar os rumos do país é o povo! Assim são as democracias”.

Bolsonaro defendeu ainda, no final de semana, a aprovação integral da medida provisória 870, que reestrutura a administração pública. “Para quê aumentar os ministérios? Tem 22, eu queria que tivesse menos”, afirmou o presidente. “Espero que aprovem as medidas provisórias do jeito que eu mandei para lá”. Ele ainda tentou acenar ao Congresso, dizendo que “o Congresso é soberano para decidir, mudar, rejeitar”.

Em outra frente, para tentar melhorar sua imagem em regiões com governadores opositores, o presidente está programando sua primeira viagem oficial ao Nordeste, para entregar casas populares e anunciar mais verbas para obras de infraestrutura, destaca o Estadão.

Sobre uma nova proposta à Previdência, o porta-voz da Presidência, Otávio do Rêgo Barros, afirmou que o governo vai continuar defendendo integralmente a proposta de reforma já enviada ao Congresso, em fevereiro pelo Executivo. “Retomamos o posicionamento. A proposta que foi enviada ao Congresso é a proposta que nós entendemos como a melhor”, afirmou.

A Folha destaca que desgastado com as derrotas no Congresso e os protestos de rua, Bolsonaro terá de buscar em menos de 15 dias a aprovação de 11 medidas provisórias que estão prestes a vencer, como a que reorganiza os ministérios. Integrantes de diversos partidos avaliam que deixar caducar as MPs será um recado ao Governo, sobretudo após o compartilhamento do texto de que o Brasil é “ingovernável”, sem “conchavos”.

O Painel da Folha pontua que a escalada de apoiadores do presidente contra o Congresso e o STF nas convocações para os atos do dia 26 não deverá gerar um embarque dos militares em “uma saída não constitucional”. Segundo a Coluna, caso Bolsonaro mantenha o discurso de que é vítima de uma conspirata, “parlamentares avaliam que a relação com o legislativo poderá chegar a um ponto de não retorno”.

O Globo destaca que a equipe econômica negocia alterações no relatório da Reforma da Previdência a fim de facilitar sua aprovação. Entre as possíveis concessões estão a flexibilização na idade mínima para a aposentadoria para professores e trabalhadores rurais, de 60 anos como na proposta original, para 58 anos (mulheres) e 61 anos (homens). Mudanças no BPC e na proposta de capitalização também estão em debate, porém os técnicos querem manter a economia de R$ 1 trilhão em dez anos.

Noticiário Econômico

O Estadão destaca que passados cinco anos do início da deterioração econômica brasileira, considerando como o início da recessão o trimestre entre abril e junho de 2014, nenhum setor produtivo voltou ao patamar pré-crise.

Na mais lenta retomada da história do País, a construção civil ainda está 27% aquém do registrado no começo de 2014 e a indústria, 16,7%. Um pouco menos atingidos, serviço e varejo também sofrem para se recuperar e estão em níveis 11,7% e 5,8% inferiores ao de 2014, respectivamente. O processo é tão vagaroso, com frustrações de expectativa de crescimento trimestre após trimestre, que economistas têm tido dificuldade para explicar o que ocorre no País.

O Valor Econômico traz um balanço da safra de resultados das empresas no primeiro trimestre, avaliando que 40% deles foram positivos, 35% neutros e 25% abaixo do esperado. Os dados mostram resistência das companhias ao período de recessão. Entretanto, o otimismo dos empresários do começo do ano deu lugar a um sentimento de desconfiança, diante da falta de coordenação política para tocar as reformas.

Folha ressalta que as companhias listadas evitaram citar pioras nas expectativas para o PIB em seus resultados do primeiro trimestre. Segundo a publicação, 37 das 63 companhias não mencionaram problemas macroeconômicos, enquanto 18 mencionaram preocupação com o cenário.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.