Ibovespa ameniza queda após Trump indicar conversa com Xi; dólar reduz alta

Índice recua, perdendo os 95 mil pontos em meio a cenário mais negativo nas bolsas globais

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – O Ibovespa ameniza perdas nesta quinta-feira (9)  após o presidente norte-americano Donald Trump, afirmar que pode conversar ao telefone com o presidente Xi Jinping. As falas tiraram o peso do clima da guerra comercial que existia no começo do pregão quando Trump havia dito que a China “quebrou o acordo” comercial que estava sendo elaborado. 

Às 16h12 (horário de Brasília), o principal índice da bolsa operava com perdas de 0,81%, aos 94.826 pontos, enquanto o dólar comercial tinha ganhos de 0,37%, a R$ 3,9476 na venda. Em Wall Street, os três principais índices têm queda, mas já longe das mínimas, quando caíram mais de 1%.

Já o dólar futuro para junho tinha alta de 0,51%, a R$ 3,957, enquanto os contratos de juros futuros caem após o Copom manter a Selic estável. O DI para janeiro de 2021 recua sete pontos-base, para 6,93%, enquanto o contrato para janeiro de 2023 cai quatro pontos, a 8,07%.

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Trump disse nesta tarde que o presidente chinês, Xi Jinping, escreveu a ele uma “linda carta” e que provavelmente eles se falarão em breve. Os comentários foram feitos pouco antes de uma delegação chinesa chegar a Washington para a próxima rodada de negociações comerciais. Trump disse “veremos” sobre fechar um acordo e ressaltou que “nossa alternativa é excelente”.

Mais cedo, Trump culpou a China pelo colapso das negociações, o que justificou seu anúncio, por meio do Twitter no último domingo, de que elevaria as tarifas, a partir de amanhã, sobre a importação US$ 200 bilhões em bens chineses.

Por outro lado, Pequim afirmou ontem que vai retaliar Washington se os aumentos tarifários forem confirmados. O vice-premier chinês, Liu He, viajou junto com sua delegação aos EUA, para a partir de hoje tentar encontrar uma saída para as negociações.

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No Brasil, destaque para a participação de Guedes ontem na comissão da Câmara quando ressaltou que a recuperação econômica depende da reforma da Previdência. Além disso, o Banco Central manteve a taxa Selic inalterada, em 6,5% ao ano, por unanimidade, reforçando o risco de uma inflação menor por conta da fraca atividade econômica.

Entre as commodities, os futuros do minério de ferro operam praticamente estáveis; enquanto no Brasil está prevista para hoje a publicação dos resultados da Vale – o primeiro com os impactos do rompimento da barragem de Brumadinho, no final do mês de janeiro.

O petróleo opera em alta diante do acirramento do conflito entre as duas maiores economias globais, mesmo com um declínio acima do esperado dos estoques do produtos nos Estados Unidos.

Destaques corporativos
Em dia agitado da temporada de resultados, o Banco do Brasil informou que fechou o primeiro trimestre com um lucro líquido ajustado de R$ 4,25 bilhões, uma alta de 40,3% sobre o mesmo período do ano passado. O resultado também ficou acima da maior projeção dos analistas consultados pela Bloomberg, que era de lucro de R$ 3,88 bilhões.

De acordo com o banco, “esse foi o maior resultado nominal em um trimestre na história do BB”, que ainda justificou a melhora por conta do aumento da margem financeira, pela redução das despesas de provisão de crédito, pelo aumento das rendas de tarifas e pelo controle de custos.

Já a CSN registrou um lucro líquido de R$ 86,763 milhões no primeiro trimestre deste ano, um desempenho 94% inferior ao reportado no mesmo período do ano passado, que somou R$ 1,486 bilhão. Segundo a empresa, o resultado do primeiro trimestre deste ano registrou um valor negativo de R$ 135 milhões na linha de outras receitas e despesas líquidas, revertendo um ganho de R$ 1,796 bilhão de um ano antes.

Essa perda de janeiro a março ocorreu, principalmente, pelo “reconhecimento ao resultado de hedge accounting e outras despesas, parcialmente compensados pela valorização das ações da Usiminas”, explicou a companhia no relatório de administração que acompanha o balanço.

Enquanto isso, o controlador do grupo varejista GPA, Casino Guichard-Perrachon, confirmou que estuda várias opções estratégicas para uma combinação de seus ativos latino-americanos, mas que isso até agora não justifica uma comunicação ao mercado. Ontem, as ações da empresa desabaram 7,4% na bolsa após notícia do colunista Lauro Jardim do jornal O Globo informar que a empresa quer combinar seus negócios na América do Sul.

Clique aqui para conferir mais destaques.

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 PCAR4 P.ACUCAR-CBDPN 80,83 -7,92 +0,64 462,61M
 BRKM5 BRASKEM PNA 40,51 -7,41 -14,50 153,27M
 MGLU3 MAGAZ LUIZA ON 186,47 -3,63 +3,56 169,03M
 MRFG3 MARFRIG ON ATZ 6,52 -3,41 +19,41 25,02M
 PETR3 PETROBRAS ON N2 29,42 -2,65 +15,90 293,68M

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 SUZB3 SUZANO S.A. ON 43,39 +5,11 +15,19 288,08M
 MRVE3 MRV ON 15,54 +4,09 +25,73 105,58M
 KLBN11 KLABIN S/A UNT ED N2 16,41 +3,27 +4,67 128,36M
 KROT3 KROTON ON 9,70 +3,19 +9,62 68,82M
 VVAR3 VIAVAREJO ON 4,67 +3,09 +6,38 127,46M
* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)

Noticiário político

Durante uma longa sabatina ontem na comissão especial que analisa a reforma da Previdência, o ministro da Economia, Paulo Guedes, buscou fugir das armadilhas da oposição e traçou uma estratégia de defesa da proposta. Segundo ele, sem a aprovação da PEC, o País corre o risco de não conseguir garantir o pagamento a aposentados e que o “buraco fiscal” poderá “engolir o País”.

Aos deputados, o ministro adotou uma postura amena no tom da voz e recorreu a palavras didáticas para explicar a reforma. Ao lado de Guedes, o secretário especial da Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, afirmou ser injusto que 15% dos mais ricos acumulem 47% da renda previdenciária. Ontem, pesquisa da CNI apontou que 59% dos brasileiros apoiam a reforma – e que 83% dos entrevistados não querem pagar mais impostos e 59% acreditam que a falta de dinheiro deve ser combatida com mudanças nas regras de aposentadorias e pensões.

A equipe econômica do governo estuda alguns modelos para implantar o regime de capitalização após a possível aprovação da proposta de reforma da Previdência, destaca o jornal Valor Econômico. O problema é que a ideia inicial de Guedes, de um sistema de contas individuais para todos, sem contribuição patronal, é o de maior custo de transição, por conta da arrecadação previdenciária que a mudança acarretará.

Segundo a publicação, entre as opções analisadas, estão exigir a capitalização para rendas acima de determinado valor e até alguma contribuição patronal. Ontem, Guedes afirmou que se a PEC aprovar economia de apenas R$ 700 bilhões, o sistema de capitalização será inviabilizado.

Por unanimidade, pela nona vez consecutiva, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve ontem a Selic (taxa básica de juros) em 6,5% ao ano. No comunicado, o Banco Central pontuou o risco de uma inflação menor devido ao fraco desempenho econômico desde a última reunião em maço.

Além disso, o Copom avaliou que os indicadores econômicos recentes de atividade sugerem perda de dinamismo do final do ano passado seguiu-se neste início de 2019. O Copom considera em seu cenário ainda uma possível frustração com a continuidade das reformas, além de uma eventual deterioração do cenário externo das economias emergentes. Para o comitê, o cenário externo segue desafiador, sobretudo pelos riscos associados à uma desaceleração da economia global. Segundo o Valor, o comunicado dá pistas de que um novo corte, mesmo que leve, possa ser considerado pelo colegiado, diante da falta de retomada da atividade econômica.

Noticiário Político
Uma de suas promessas de campanha, o decreto de Bolsonaro para facilitar o uso de armas poderá sofrer contestações por ser mais amplo do que o previsto inicialmente. O decreto, que facilita o porte de arma de fogo, foi publicado ontem e contemplou 19 categorias (como políticos, caminhoneiros, advogados, agentes penitenciários, entre outros), o que surpreendeu, já que inicialmente se esperava que apenas atiradores esportivos, caçadores, colecionadores de armas e praças das Forças Armadas fossem beneficiados. O texto, porém, está sendo questionado por juristas, já estaria ferindo o Estatuto do Desarmamento. A Câmara dos Deputados prepara estudo sobre a constitucionalidade da medida.

Ainda no aspecto político, o TRF-2 decidiu que o ex-presidente Michel Temer deverá retornar à prisão, sob acusação de chefiar uma organização criminosa, que teria negociado R$ 1,8 bilhão em propinas relacionadas às obras de Angra 3. O ex-presidente informou que irá se apresentar hoje à Justiça. O seu ex-assessor Coronel Lima também recebeu ordem de prisão.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.