Guedes na Câmara, dados da China e mais: os 5 assuntos que vão movimentar o mercado hoje

Veja o que deve movimentar o mercado nesta quarta-feira.

Equipe InfoMoney

(Jefferson Rudy/Agência Senado)

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SÃO PAULO – A perspectiva de avanços no andamento da reforma da Previdência contribuiu para que o Ibovespa se descolasse do mau-humor global desencadeado pelo acirramento da disputa comercial entre Estados Unidos e China, e caísse ontem apenas 0,65%, enquanto o índice Dow Jones teve seu maior tombo no ano (-1,7%). Destaque no Brasil para o término da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que informará, após o fechamento do mercado, a nova taxa básica de juros da economia – com expectativa de manutenção, em 6,50% ao ano.

No cenário doméstico, os investidores devem acompanhar atentamente a participação do ministro da Economia, Paulo Guedes, na audiência da comissão especial da Câmara dos Deputados, que analisa a reforma da Previdência. Guedes entra a partir das 14h00. Deputados da base aliada ao governo do presidente Jair Bolsonaro prometem blindá-lo das provocações de deputados da oposição.

Ontem à noite, Bolsonaro deu mais um passo na estratégia do governo de tentar obter apoio popular à reforma, com a defesa da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Previdência em entrevista à Rede TV. O presidente afirmou que o Planalto já conta com os votos necessários para a aprovar a Previdência na Câmara dos Deputados.

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Já no front externo, todas as atenções estão voltadas para o desenvolvimento das negociações comerciais entre norte-americanos e chineses, sobretudo após a confirmação do representante de Comércio dos Estados Unidos, Robert Lighthizer de que as tarifas de importações sobre bens da China serão elevadas, como anunciado no domingo por Donald Trump. Uma delegação comercial chinesa está prevista para aterrissar amanhã em Washington.

1. Bolsas Internacionais

Na Ásia, as bolsas fecharam em queda, em meio aos temores de tarifários e resultados abaixo das expectativas da balança comercial da China. Os dados do comércio exterior chinês surpreenderam negativamente, com as exportações, medidas em dólares, recuando 2,7% em abril na comparação anual, após uma expansão de 14,2% em março. Já as importações avançaram 4%, revertendo a queda do mês anterior (-7,6%). Dessa forma, o saldo comercial chinês caiu de US$ 32,6 bilhões em março para US$ 13,8 bilhões em abril.

Na Europa, as bolsas operam em baixa, diante dos receios de colapso no acordo comercial entre China e EUA. Apenas a bolsa alemã tem sinais misturados, após a alta inesperada da produção industrial de março ante fevereiro. Mas, entre os europeus, o cenário de incerteza política retorna com a tentativa do governo conservador do Reino Unido retomar as negociações com a oposição do partido Trabalhista em relação ao Brexit. Está prevista para hoje a participação da primeira-ministra, Theresa May, em sabatina no Parlamento Britânico.

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Entre as commodities, a expectativa entre operadores é a de que com o novo corte na produção da Vale, por conta da decisão judicial do Tribunal de Justiça de Minas Gerais de paralisar novamente a mina de Brucutu (uma das maiores da empresa no Brasil) a cotação do minério de ferro no mercado internacional deva subir a um valor superior a US$ 100. Ontem, o preço subiu 1,9% no porto de Quingdao (China), a US$ 96,15. Hoje, porém, os futuros de Dailan apontavam queda de 1,23%.

Já o petróleo, que chegou a obter ganhos durante a madrugada, apresentava desvalorização nos contratos futuros.

Confira o desempenho do mercado, segundo cotação das 07:02 (horário de Brasília):

*S&P 500 Futuro (EUA) -0,42%
*Nasdaq Futuro (EUA) -0,48%
*Dow Jones Futuro (EUA) -0,37%
*DAX (Alemanha) -0,02%
*FTSE (Reino Unido) -0,24%
*CAC-40 (França) – (fechado por feriado)
*FTSE MIB (Itália) -0,54%
*Hang Seng (Hong Kong) -1,23% (fechado)
*Xangai (China) -1,12% (fechado)
*Nikkei (Japão) -1,46% (fechado)
*Petróleo WTI -0,26%, a US$ 61,24 o barril
*Petróleo Brent -0,37%, a US$ 69,62 o barril
*Bitcoin US$ 5.891,08, -0,75%
R$ 23.480, +0,08% (nas últimas 24 horas)
*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa de Dalian caiam 1,23%, a 643 iuanes (nas últimas 24 horas)

2. Agenda Econômica

A FGV abre a divulgação dos indicadores, às 8h00, com os medidores de inflação IGP-DI e o IPC-S. Às 12h30, o Banco Central informa a posição de câmbio dos bancos.

A agenda de balanços está recheada hoje com divulgações, após o fechamento do mercado, de CSN, Gerdau, Braskem, GPA, Arezzo, Hapvida, EDP Brasil, Engie, Eneva, Alliansce, MRV, Sulamerica, JSL, Banco Inter, Enauta, Totvs, Valid, Wiz e SLC.

Sem indicadores relevantes, nos Estados Unidos está prevista a divulgação do balanço da Wall Disney, após o fechamento do mercado.

3. Previdência

Em meio à sua tentativa de buscar apoio popular à reforma da Previdência, o presidente Bolsonaro apareceu pela segunda vez concedendo entrevista à TV de grande massa. Ontem à noite, declarou no Luciana By Night da Rede TV que, em sua avaliação, o governo já tem os votos necessários para a aprovar a PEC da Previdência na Câmara dos Deputados. Ele afirmou que o projeto conta com o consenso no Parlamento e que não há outra alternativa para o País enfrentar a crise fiscal, seja na União, nos estados ou municípios. Para ele, “há mais de 300 parlamentares” dispostos a votar favoravelmente.

A participação do ministro Paulo Guedes na audiência da comissão especial da Câmara dos Deputados, que analisa a reforma da Previdência, deverá ser marcada por uma tentativa da base governista de blindá-lo, diz o Estadão. A ideia é evitar que ele se torne, novamente, alvo da oposição, como em participação anterior na Comissão de Constituição e de Justiça e de Cidadania. A estratégia dos parlamentares alinhados com o governo é chegar cedo, ocupar as primeiras fileiras e se colocar no topo das inscrições para o debate. Ontem, o relator da proposta na comissão, Samuel Moreira (PSDB-SP) definiu o plano de trabalho, tratando das audiências públicas, mas sem prazos para a apresentação do relatório final. Moreira tem como meta apresentar este prazo apenas na primeira quinzena de junho. A intenção são realizar dez audiências públicas até o final de maio.

No aspecto político, o Estadão destaca a recriação de dois ministérios como moeda de troca de Bolsonaro com o Congresso para a busca de votos necessários à aprovação da Previdência. Com a decisão, o Ministério do Desenvolvimento Regional foi dividido pelas pastas de Cidades e Integração Nacional – como anteriormente. Os ministros, afirma a publicação, serão indicados pelos presidentes Câmara e do Senado, respectivamente. Ainda segundo o jornal, os parlamentares ainda trabalham para tirar o Coaf das mãos de Sérgio Moro, na Justiça, recolocando-o na Economia. A Coluna de política do Estadão pontua que o ato é uma demonstração de que Bolsonaro começa a jogar o jogo da chamada política tradicional. Já o Painel da Folha aponta que a medida é a cartada final para terceirizar a base de apoio no Congresso, com os titulares das duas novas pastas, indicados por Maia e Alcolumbre, centralizando a liberação de verbas a projetos de interesse dos parlamentares.

4. Noticiário Econômico

O governo deverá anunciar hoje um pacote de privatizações na área de infraestrutura no montante de R$ 38 bilhões, informa o jornal Valor Econômico. A publicação destaca que o pacote contempla a concessão de linhas de transmissão de energia e a venda de ações da União no IRB e de debêntures da Vale em poder do Tesouro. Estão inclusos ainda a Companhia Docas de São Sebastião (SP), três blocos de aeroportos (Goiânia, Curitiba e Manaus) e BR-381 (em Minas Gerais). A maioria dos leilões deve ocorrer em 2020.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central vai definir hoje a nova taxa básica de juros da economia. O anúncio da nova taxa, atualmente em 6,50% ao ano, será após o fechamento do mercado. A expectativa, mesmo com a piora do quadro inflacionário de curto prazo e sucessivas revisões para baixo do PIB, é de manutenção da taxa em vigor.

5. Noticiário corporativo

A Petrobras divulgou ontem à noite que registrou um lucro líquido de R$ 4,031 bilhões de janeiro a março, desempenho 42% inferior ao reportado no mesmo período do ano passado, de R$ 6,961 bilhões. O resultado também ficou abaixo das expectativas da mediana dos analistas consultados pela Bloomberg, que era de R$ 5,309 bilhões. O Ebitda ajustado cresceu 7%, a R$ 27,487 bilhões, em linha com as expectativas. Como previsto, a produção de petróleo da empresa recuou 4%, por conta da concentração de paradas para manutenção de plataformas. Segundo a empresa, a expectativa é de que ocorra um crescimento da produção, a partir do segundo trimestre, à medida que os novos sistemas avancem no processo de ramp-up. A receita com vendas somou R$ 79,999 bilhões no primeiro trimestre, com alta de 7%. As ADRs da petroleira recuaram 0,75% no after hours, nos EUA, após a divulgação do balanço.

A TIM divulgou um lucro líquido normalizado de R$ 251 milhões no primeiro trimestre deste ano, representando uma alta de 2,5% sobre o mesmo período do ano passado. Segundo a empresa, o avanço do lucro veio de uma combinação de elevação no faturamento de todas as suas linhas de atuação, aliado a cortes nas despesas. A tele contou ainda com menores gastos na linha de despesas financeiras, por conta de uma menor participação do pagamento de empréstimos e juros. O Ebitda normalizado somou R$ 1,497 bilhão, uma expansão de 5,3%. Já a receita líquida avançou 1,7%, para R$ 4,191 bilhões.

O Valor Econômico destaca que, após os principais acertos para a venda da Braskem, a Odebrecht e LyondellBassel se debruçam agora para fechar os detalhes finais da operação, o que inclui a entrega do formulário F-20 na bolsa de Nova York – condição dada pelo comprador. Além disso, há preocupação com o laudo sobre as causas do afundamento do solo em bairros de Maceió (AL), onde a Braskem opera. A ação movida pela Justiça alagoana obrigou a empresa a suspender a distribuição de dividendos, contribuindo para que o acordo ainda não te há sido fechado, diz a publicação.