Ibovespa cai 1% e volta para 94 mil pontos com exterior e Previdência; dólar vai a R$ 3,99

Índice segue tensão dos mercados globais com piora do cenário da guerra comercial entre EUA e China

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Após chegar a cair mais de 2% no fim da manhã, o Ibovespa voltou a amenizar as perdas nesta terça-feira (7), mas se mantendo abaixo dos 95 mil pontos. Os investidores seguem o clima tensão externo por conta da elevação de tarifas a produtos chineses anunciada por Donald Trump na véspera. Por aqui, o principal assunto é a realização da primeira reunião ordinária da Comissão Especial que analisa a PEC da reforma da Previdência.

Às 14h09 (horário de Brasília), o principal índice da bolsa tinha perdas de 1,05%, aos 94.014 pontos, enquanto o dólar comercial subia 0,57%, cotado a R$ 3,9805 na venda. Já o dólar futuro para junho tinha ganhos de 0,48%, a R$ 3,994. Em Wall Street, os índices também registram perdas de cerca de 2%, enquanto na Ásia o dia foi de novas perdas para as principais bolsas da região.

Enquanto isso, os contratos de juros futuros apresentam ganhos seguindo o câmbio, com o DI para janeiro de 2021 subindo 3 pontos-base, para 7,07%, ao passo que o juro futuro para janeiro de 2023 avança 4 pontos, a 8,20%.

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Segue pesando no mercado o cenário externo, com as tensões nas relações comerciais entre americanos e chineses, apesar da confirmação de que o vice-primeiro-ministro da China, Liu He, deverá partir em visita Washington nesta quinta-feira (9), quando as discussões para o fechamento de um acordo podem continuar, mesmo após as ameaças do presidente Donald Trump de elevar tarifas de importações.

Sobre a Previdência, a expectativa é de que ocorram 11 audiências públicas para debater o tema na Comissão Especial, e o ritmo da condução das reuniões vai ser essencial para ditar os ânimos do mercado em relação à aprovação do projeto.

O relator da reforma, deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), deu indicações de que irá propor medidas para aumentar a arrecadação previdenciária e, com isso, buscar manter a meta do governo no corte de despesas públicas. A pressão na Câmara é para que a reforma seja modificada, com a retirada, por exemplo, das alterações no BPC, aposentadoria rural e regras para os professores.

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Entre as commodities, o destaque é o preço do minério de ferro, que voltou a subir forte, com alta de 2,84% na bolsa de Dailian, por conta de uma nova suspensão da produção à Vale. O petróleo, por sua vez, opera em queda, refletindo a disputa comercial entre EUA e China, o que poderia desacelerar o ritmo de crescimento global.

Noticiário corporativo
A Vale informou ontem à noite sobre a decisão do Tribunal de Justiça de Minas Gerais que suspendeu os efeitos da decisão da 1ª Vara da Fazenda Federal de Belo Horizonte, de 18 de março, que autorizava a retomada das atividades da barragem de Laranjeiras e do complexo de Brucutu. “Consequentemente, as operações a úmido de Brucutu foram paralisadas, em cumprimento à referida decisão do TJMG”, informou a empresa em comunicado.

Entre os resultados o Magazine Luiza apresentou um lucro líquido de R$ 132,1 milhões, um desempenho 10,4% inferior na comparação com o primeiro trimestre do ano passado. O Ebitda subiu 31,6%, para R$ 395,4 milhões, enquanto a receita líquida avançou 19,8%, para R$ 4,329 bilhões.

Ambev teve lucro líquido ajustado de R$ 2,662 bilhões no primeiro trimestre deste ano, resultado 6,2% superior ao do mesmo período do ano passado. O Ebitda ajustado (sem efeitos não recorrentes) somou R$ 5,120 bilhões, uma alta de 7%. A receita líquida somou R$ 12,640 bilhões, representando uma expansão de 8,6% na comparação anual. No Brasil, o volume vendido de cerveja avançou 11,2% de janeiro a março, após dois trimestres consecutivos de queda, impulsionado pela combinação de clima favorável e Carnaval tardio.

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 SMLS3 SMILES ON 44,70 -5,42 +9,67 36,95M
 BTOW3 B2W DIGITAL ON 37,38 -3,66 -11,04 70,01M
 ELET6 ELETROBRAS PNB EDR 33,40 -2,74 +18,57 49,55M
 BRKM5 BRASKEM PNA 44,00 -2,59 -7,13 56,02M
 ECOR3 ECORODOVIAS ON 8,32 -2,58 -11,30 19,46M

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 BRDT3 PETROBRAS BRON ED 23,67 +3,68 +1,13 79,88M
 VVAR3 VIAVAREJO ON 4,67 +2,41 +6,38 68,77M
 ESTC3 ESTACIO PARTON ED 26,54 +1,69 +14,36 36,37M
 CYRE3 CYRELA REALTON 17,07 +1,55 +10,34 29,49M
 MRVE3 MRV ON 14,69 +1,45 +18,85 44,59M
* – Lote de mil a??es
1 – Em reais (K – Mil | M – Milh?o | B – Bilh?o)

Noticiário Político
No Brasil, hoje está prevista a primeira reunião ordinária da Comissão Especial que analisa a PEC da reforma da Previdência. Pelo cronograma apresentado pelo presidente do colegiado, deputado Marcelo Ramos, serão realizadas 11 audiências públicas com cerca de 60 convidados para debater o tema. 

O jornal O Globo destaca estudo do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) que aponta os gastos com aposentadoria no Brasil como o maior da América Latina e Caribe. Segundo a publicação, a Previdência consumiu 12,5% do PIB em 2015. Além de gastar mais, o Brasil tem uma trajetória explosiva de despesas e, caso nada seja mudado, esse número poderá saltas para 50% do PIB em 2065.

O estudo afirma ainda que o Brasil destina aos idosos sete vezes mais do que o investido na infância. Nos demais países, essa relação é de quatro vezes. Ontem, o presidente Jair Bolsonaro fez mais uma defesa da PEC, dizendo que a reforma da Previdência vai tirar o Brasil da “armadilha do baixo crescimento”.

O ex-comandante do exército e atual assessor especial do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Eduardo Vilas Boas, aumentou o tom de suas críticas ao escritor Olavo de Carvalho, afirmando ao jornal O Estado de S.Paulo que ele “passou do ponto, agindo com total desrespeito aos militares e às Forças Armadas”.

Para o general, Carvalho presta “enorme desserviço ao País”. Vilas Boas declarou ontem ainda nas redes sociais que Olavo de Carvalho é um “verdadeiro Trotski de direita” e que “age para acentuar divergências nacionais”. Nos últimos dias, no WhatsApp, grupo militares têm exposto o inconformismo com os ataques do escritor.

Noticiário Econômico
O Ministério da Economia prepara um projeto de lei complementar para alterar pontos da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) voltados aos estados, segundo o jornal Valor Econômico. A proposta, diz a publicação, vai padronizar o cálculo de gastos com pessoal e ainda alongar os prazos para reenquadramento dos entes que estourarem limites legais de indicadores fiscais.

A LRF estabelece limite de 60% da receita recorrente líquida para as despesas com pessoal nos estados, mas alguns usam metodologias diferentes, como a desconsideração das despesas com pensionistas, imposto retido na fonte e obrigações patronais. Na maioria dos casos, os governadores são respaldados pelos tribunais de contas estaduais.

A Folha de S.Paulo destaca que nos próximos dois meses o governo tem uma leva de julgamentos importantes para acompanhar no Supremo Tribunal Federal (STF), com a Advocacia-Geral da União (AGU) monitorando, especificamente, cinco casos que, em caso de derrota, poderiam criar gastos adicionais de mais de R$ 147 bilhões.

Os casos trazem riscos jurídicos aos cofres públicos, mas também aos estados e municípios. Dois estão na pauta de amanhã, sendo de discussão da aplicação da inflação na correção de precatórios e o outro que debate parâmetros para que uma entidade se considerada filantrópica – neste caso, o risco de ressarcimento do governo a essas entidades pode chegar a R$ 76 bilhões.

O secretário executivo do Ministério da Fazenda, Marcelo Guaranys, afirmou ao Estadão que mesmo com projeções de crescimento do PIB em baixa, o governo não dará incentivos, subsídios e proteção ao setor produtivo. Segundo ele, a nova matriz é apostar no aumento da competitividade para impulsionar o crescimento, atacando empresários que pedem benefícios.

Já o secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, afirmou em entrevista à GloboNews que o governo poderá adotar o um novo contingenciamento nas despesas públicas caso o Congresso Nacional não aprove até junho o projeto de lei que pede crédito suplementar de R$ 248,9 bilhões para este ano.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.