Os 4 fatores que estão movimentando o Ibovespa nesta sexta-feira

Mercado tem um dia extremamente volátil diante de incertezas em todos os fronts

Ricardo Bomfim

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SÃO PAULO – O Ibovespa tem um dia extremamente volátil nesta sexta-feira (26) repercutindo quatro fatores. O primeiro é o noticiário dos EUA, que teve um Produto Interno Bruto (PIB) bem acima do esperado no no primeiro trimestre, com 3,2% de crescimento. O segundo é a temporada de balanços no Brasil, com resultados acima do esperado no setor de varejo. O terceiro são as incertezas acerca de como será a tramitação da Reforma da Previdência na Câmara dos Deputados. Já o quarto é a queda do petróleo no mercado internacional. 

Às 11h28 (horário de Brasília), o principal índice da B3 tinha queda de 0,3% a 96.264 pontos. Na máxima, o índice atingiu 96.563 pontos, subindo 0,01%, e na mínima bateu 95.563 pontos, caindo 0,76%.

Já o dólar comercial cai 0,56% a R$ 3,9328 na compra e a R$ 3,934 na venda. O dólar futuro para maio tem variação negativa de 0,46% a R$ 3,935. 

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Segundo o trader da H.Commcor, Ari Santos, o PIB dos EUA superou as expectativas e trouxe alguns sinais positivos, que não aumentam a chance de aumento de juros por lá, mas seguem as expectativas com as próximas etapas no trâmite da Reforma da Previdência no Congresso e os indicadores econômicos brasileiros não estão tão bons por aqui. “Há um medo generalizado de comprar e manter os papéis”, afirma. “Isso faz com que o mercado seja muito volátil.” 

Para Santos, o investidor de longo prazo está fora da renda variável, de modo que sobraram só os operadores de day-trade (operações diárias de compra e venda de ações). “Por isso, o mercado não sai dessa banda entre 94 mil pontos e 97 mil pontos. São investidores que entram e zeram posições todo dia, o tempo todo”, acrescenta. 

O trader acredita que se não houver uma definição melhor do cenário, quem compra para longo prazo e poderia fazer o Ibovespa realmente engatar uma tendência de alta para voltar aos 100 mil pontos vai continuar fora da Bolsa.  

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Nos juros futuros, o DI para janeiro de 2021 sobe três pontos-base a 7,09%, ao passo que o DI para janeiro de 2023 fica estável a 8,21%. 

EUA

Nos EUA, o incremento de 3,2% no PIB foi bem maior que a expectativa mediana dos economistas consultados pela Bloomberg, que era de alta de 2,3% na economia norte-americana. 

Para analistas, o número elevado do PIB foi distorcido pelo gasto governamental e pela disparada das exportações depois de um acúmulo nos estoques causado pela guerra comercial. Isso reduz os temores do mercado global de que uma aceleração na economia americana fizesse com que o Federal Reserve resolvesse subir os juros por lá, o que favoreceria os ativos seguros dos EUA e reduziria a atratividade dos ativos seguros de países emergentes como o Brasil. 

O gasto público nos EUA subiu 3,9% no primeiro trimestre, depois de uma queda de 1,3% nos três meses anteriores. Também impulsionaram o crescimento econômico o setor imobiliário e o comércio exterior, graças ao aumento de 3,7% nas exportações e queda no mesmo nível das importações, reduzindo o déficit comercial do país. 

Resultados

Por aqui, foram divulgados na véspera resultados corporativos que surpreenderam positivamente, como o da Lojas Renner (LREN3). 

A companhia teve lucro líquido de R$ 161,6 milhões no primeiro trimestre, alta 45% na comparação anual. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações, na sigla em inglês) ajustado somou R$ 316,3 milhões, cifra 26,8% superior à do mesmo período do ano passado, com alta de 1,4 ponto porcentual na margem Ebitda, para 19,2%.

A receita líquida de mercadorias totalizou R$ 1,650 bilhão (+ 18%) e as vendas mesmas lojas avançaram 12,7% no período. Segundo a empresa, o aumento margem líquida no primeiro trimestre deveu-se basicamente ao melhor resultado operacional, com a expansão do Ebitda total ajustado.

Já a Cia Hering (HGTX3) registrou um lucro líquido de R$ 46,685 milhões, alta de 36,1%. O Ebitda atingiu R$ 57,034 milhões (+25,9%), com margem de 15,3%, alta de 2,1 pontos porcentuais. Segundo a empresa, o crescimento foi impulsionado pelo melhor resultado operacional além da menor alíquota efetiva de imposto de renda em função da deliberação de juros sobre capital próprio. A receita líquida atingiu R$ 373,937 milhões, expansão de 8,8% e as vendas mesmas lojas cresceram 11,5%.

Reforma da Previdência

A escolha de Samuel Moreira (PSDB-SP) como relator da Reforma da Previdência na Comissão Especial foi elogiada pelo pelo secretário especial da Previdência, Rogério Marinho. 

No entanto, há notícias de que o Centrão não gostou da indicação. Foi apurado pelas jornalistas Idiana Tomazelli, Adriana Fernandes e Mariana Haubert, do Estadão que os partidos do maior bloco da Câmara ameaçam com uma retaliação, travando toda a pauta dos Estados no Congresso. Já falam em excluir os Estados e os municípios da reforma, e também em segurar os repasses da Lei Kandir.

Moreira não era o nome preferido do governador de São Paulo, João Doria, que queria Eduardo Cury (PSDB) na relatoria, mas Cury desistiu do posto e o governador de São Paulo aceitou apoiar o amigo do secretário Rogério Marinho.

Com isso, é colocada mais lenha na fogueira da reforma, que passou com muita dificuldade na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC), etapa que era considerada a mais fácil da tramitação. O mercado deve aguardar com nervosismo as próximas notícias. 

Petróleo

O barril do petróleo tipo WTI cai 2,9% a US$ 63,34 na bolsa de Chicago, enquanto o barril do tipo Brent – referência para a Petrobras – recua 2,7% na ICE londrina. No radar a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) pretendem aumentar a produção para contrabalancear os cortes nas exportações iranianas devido às sanções impostas pelos EUA ao país. 

Outras notícias corporativas

Em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, o presidente da Petrobras (PETR3; PETR4), Roberto Castello Branco, afirmou não querer que “eventos do passado”, em relação à intervenção do governo no preço do combustível, “se repitam”, mas diz “desconsiderar o risco de uma nova greve dos caminhoneiros é temerário”.

Segundo ele, a Petrobras não pode subsidiar o diesel porque cria um problema sério para o Brasil, mas Castello reconheceu que os caminhoneiros ganharam poder de barganha. 

Além disso, ontem à noite, a Petrobras anunciou que assinou três contratos de compra e venda para alienação de ativos no valor total de US$ 10,3 bilhões (cerca de R$ 40 bilhões). Em 2019, o valor total de alienação de ativos é de US$ 11,3 bilhões. Entre as transações está a alienação de 90% da TAG, por aproximadamente US$ 8,6 bilhões.

A segunda operação é a cessão de 50% dos direitos de exploração e produção do campo de Tartaruga Verde e do Módulo III do campo de Espadarte para a Petronas, por US$ 1,293,5 bilhão. A terceira é a cessão da participação total da Petrobras em 34 campos de produção terrestres para a empresa Potiguar E&P S.A., subsidiária da PetroRecôncavo, por US$ 384,2 milhões.

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O Valor destaca que a Aliança Geradora de Energia, controlada pela Vale (VALE3) está processando a própria controladora e outras empresas pelos danos à Hidrelétrica Risoleta Neves, conhecida como usina de Candonga. Os danos foram causados pelo rompimento da barragem de Fundão, em Minas Gerais, há mais de três anos. São alvos da ação além da Vale, a BHP, a Samarco e a Fundação Renova. A ação pede o pagamento de indenização referente aos danos emergentes e lucros cessantes do período entre 5/11/2015 e 25/05/2035.

Ainda no noticiário corporativo, seguem as conversas para que a Natura (NATU3) compre as operações da Avon, segundo o jornal Valor Econômico. A publicação diz que a negociação pode ser concluída em breve, com o interesse da Natura focado nas operações da Avon no Brasil. O jornal afirma ainda que a venda da empresa de capital fechado, que representa os negócios da Avon nos EUA e Canadá, à sul-coreana LG não afetam as conversas.

Também no Valor saiu a notícia de que a rede Magazine Luiza (MGLU3) está negociando com exclusividade a compra da Netshoes. Segundo a publicação, a exclusividade começou há duas semana e segue até o final deste mês, entretanto uma ampliação do prazo não está descartada. O preço de venda estaria girando ao redor de US$ 3 por ação, enquanto a cotação atual da empresa é de pouco mais de US$ 2.

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 FLRY3 FLEURY ON 21,35 -5,32 +12,49 37,99M
 UGPA3 ULTRAPAR ON EB 20,58 -3,15 -21,60 25,30M
 JBSS3 JBS ON 19,89 -2,93 +71,61 69,35M
 CIEL3 CIELO ON 7,75 -2,27 -10,26 53,58M
 MRFG3 MARFRIG ON 7,31 -1,88 +33,88 6,40M

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 SBSP3 SABESP ON 45,36 +2,39 +44,00 52,13M
 RENT3 LOCALIZA ON 35,04 +2,16 +18,13 87,54M
 MGLU3 MAGAZ LUIZA ON ED 178,55 +2,03 -0,84 61,43M
 QUAL3 QUALICORP ON 17,39 +1,64 +34,91 18,00M
 LREN3 LOJAS RENNERON ED 46,53 +1,48 +10,63 124,86M
* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)

 

Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.