Cielo desaba mais de 4% após resultado; Vale e siderúrgicas caem 3% com minério e mais destaques

Confira os destaques da B3 na sessão desta quarta-feira (24)

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – O destaque do mercado nesta sessão ficou para a repercussão da temporada de resultados do primeiro trimestre de 2019, com o mercado digerindo os números da Cielo, além de Via Varejo e Weg, que não agradaram o mercado.

Contudo, o mercado olha para os próximos passos das companhias, principalmente da Cielo, o que fez com que os papéis oscilassem entre queda de 5% e alta de 5%. Enquanto isso, Petrobras tem leve alta e Vale e siderúrgicas registram leves perdas. 

Confira os destaques do mercado na sessão desta quarta-feira (24):

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Cielo (CIEL3)

A Cielo registrou um lucro líquido de R$ 548,5 milhões no primeiro trimestre deste ano, cifra 40,4% menor que a registrada no mesmo intervalo do ano passado.

O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) recuou 34%, para R$ 1,243 bilhão, enquanto a receita líquida caiu 0,4%, para R$ 2,773 bilhões. O volume financeiro capturado pela empresa com suas maquininhas subiu 3%, para R$ 155,7 bilhões.

A empresa informou que projeta um lucro líquido consolidado entre R$ 2,3 bilhões e R$ 2,6 bilhões este ano.

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De acordo com o Morgan Stanley, os resultados foram fracos e não há evidência de que a estratégia mais agressiva de preços e de marketing está tendo impacto em estabilizar a perda de participação de mercado da companhia. 

A XP Research também ressalta que, em geral, o resultado foi mais fraco do que o esperado, mas agora toda a atenção está voltada nos próximos passos da Cielo em resposta ao recente movimento agressivo da Rede na antecipação de recebíveis.

E foi notoriamente a indicação sobre os próximos passos que fez com que as ações virassem na Bolsa nesta sessão. O presidente-executivo da Cielo, Paulo Caffarelli, afirmou que a adquirente oferecerá aos clientes terminais grátis e pagamentos instantâneos, seguindo as recentes iniciativas das concorrentes.

Caffarelli disse que os preços cobrados pelos processadores de cartões no Brasil ainda devem cair nos próximos meses, em meio à concorrência acirrada. Ele ainda apontou que é cedo para dizer se a empresa atingirá sua meta de lucro anual.

Via Varejo (VVAR3)

A Via Varejo, controladora das redes Casas Bahia e Ponto Frio, registrou um prejuízo líquido de R$ 49 milhões no primeiro trimestre deste ano, revertendo um lucro apurado de R$ 64 milhões do mesmo período do ano passado. O resultado foi impactado pela menores vendas e margens brutas no período, mesmo com uma redução nas despesas.

O Ebitda ajustado recuou 18,2%, somando R$ 521 milhões. A receita líquida recuou 4% e as vendas mesmas lojas caíram 1,9%. Os executivos da companhia vão detalhar os resultados às 14h00 durante teleconferência com analistas e investidores.

De acordo com a XP Research, a varejista reportou ontem resultados mais fracos do que o esperado com uma queda no crescimento de vendas mesmas lojas. 

“Além disso, o crescimento das vendas online foi de 1,7% ao ano, inferior à nossa estimativa de crescimento de 7,0% devido a eventos pontuais ligados ao processo de estabilização dos canais online”, apontam. 

Os analistas esperam recuperação de resultados em 2019, mas desafios operacionais e incertezas em relação à venda da Via Varejo para um investidor estratégico devem manter as ações pressionadas, o que leva à recomendação neutra dos ativos. 

“Reconhecemos que o desinvestimento para um investidor estratégico pode, de fato, ser um gatilho relevante, mas o tempo e a probabilidade de se materializar são muito incertos, enquanto operacionalmente, após trimestres subsequentes de decepção, gostaríamos de entrega e visibilidade antes de recuperar a convicção”, afirmam os analistas. 

WEG (WEGE3)

A WEG registrou um lucro líquido de R$ 306,8 milhões no primeiro trimestre deste ano, um desempenho 7,7% superior ao do mesmo período do ano passado.

O Ebitda atingiu R$ 461,8 milhões, cifra 21,6% acima da registrada há um ano, enquanto a margem avançou 0,8 ponto porcentual, para 15,7%. A receita operacional líquida foi de R$ 2,932 bilhões no primeiro trimestre, alta de 14,9%. No mercado interno, o faturamento subiu 11%, enquanto no externo avançou 18,1%.

Carrefour (CRFB3)

O Carrefour registrou um crescimento de 9,9% das vendas consolidadas no primeiro trimestre, que somaram R$ 14,2 bilhões. A maior inflação dos alimentos contribuiu para o resultado. As vendas no conceito mesmas lojas cresceram 7,2%, excluindo gasolina e com GMV, o maior nível desde o primeiro trimestre de 2017, afirmou a companhia em relatório preliminar das vendas.

Petrobras (PETR3;PETR4)

A Petrobras disse que aguarda a definição da medida que permitirá à União pagar os US$ 9,06 bilhões referentes à revisão do contrato de cessão onerosa, segundo comunicado.

A estatal disse ainda que analisará as normas publicadas para avaliar seu exercício do direito de preferência no leilão dos excedentes da cessão onerosa.

Neoenergia 

A Neoenergia apurou um lucro líquido no primeiro trimestre de R$ 509,7 milhões, representando uma alta de 69,5% em relação ao desempenho do mesmo período do ano passado. O Ebitda avançou 28%, para R$ 1,336 bilhão. A receita líquida somou R$ 7,103 bilhões, alta de 28,08%. O fornecimento de energia ao mercado cativo avançou 5,6% e o consumo nas áreas de concessão cresceram 5,8%. O número de clientes recuou 1,7%, para 13,8 milhões.

A Neoenergia informou que pretende emitir debêntures no montante de R$ 1,25 bilhões. O assunto será deliberado durante AGE no dia 29 de abril. Na reunião será deliberado ainda o pedido de registro de oferta pública de distribuição secundária de ações ordinárias. O Banco do Brasil vai se desfazer da fatia detida pelo BB-BI, de 9,3%.

Bancos

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) vai julgar hoje seis processos administrativos que investigam conduta anticompetitiva do Santander, Bradesco, Itaú Unibanco, Banco de Brasília e Banrisul no mercado de crédito consignado.

Vale (VALE3) e siderúrgicas

Junto com CSN (CSNA3) e Usiminas (USIM5), a Vale caiu forte após o minério de ferro fechar no menor nível em três semanas em Cingapura com investidores pesando o aumento nas exportações semanais do Brasil e nova oferta de pequena mina na Austrália contra redução nos estoques portuários na China.

Enquanto isso, no noticiário da Vale, o engenheiro de recursos hídricos da companhia, Felipe Rocha, disse ontem a diretoria da mineradora tinha conhecimento dos riscos de um possível desabamento da barragem de Brumadinho.

Em declaração à CPI no Senado que apura as causas do acidente, ele afirmou que os riscos foram apresentados em um painel de especialistas e em um subcomitê da Vale. Rocha afirmou, entretanto, que não poderia afirmar se as apresentações chegaram ao conhecimento do ex-presidente, Fabio Schvartsman.

Além disso, a Vale entrou com um processo judicial contra a BSG Resources na corte distrital do Southern District de Nova York, para fazer cumprir a decisão arbitral contra a empresa anteriormente por um tribunal em Londres.

A BSGR foi condenada a pagar à Vale US$ 1,246 bilhão – ou mais de US$ 2 bilhões considerando juros e despesas – por fraude e violações de garantia ao induzir a mineradora a constituir uma joint venture com participação de 51% para exploração da concessão de mina de minério de ferro na região de Simandou, na República da Guiné, e na concessão adjacente de Zogota.

Em comunicado, a Vale explica que pagou um preço inicial de US$ 500 milhões e investiu mais de US$ 700 milhões, principalmente em Zogota, mas o governo da Guiné revogou as concessões após evidências de corrupção entre a empresa do bilionário israelense Beny Steinmetz e autoridades locais.

“O Governo da Guiné concluiu de forma explícita que a Vale não participou de forma alguma nesses atos de corrupção da BSGR”, diz a Vale, por meio de nota. Ainda conforme o comunicado, a decisão arbitral considerou uma investigação do Departamento de Justiça dos EUA, “na qual um dos associados de Steinmetz, Frederic Cilins, foi gravado tentando obter e destruir, sob as ordens de Steinmetz, documentos que o incriminavam por conter evidências da corrupção, o que motivou a prisão de Cilins nos EUA.”

Além da corte de NY, a Vale afirma que entrará com outros processos judiciais em outros países para fazer cumprir a decisão arbitral contra a BSGR e pessoas envolvida e que “está investigando relatos recentes de que a BSGR teria feito um acordo com a República da Guiné através do qual a empresa receberia, através de uma companhia chamada Niron plc, os direitos relacionados a Zogota que, caso confirmados, seriam ativos sujeitos ao cumprimento da decisão arbitral contra a BSGR.”

JBS (JBSS3)

A JBS informou ontem que realizou por meio de empresas controladas nos EUA reabriu a emissão de três bônus no valor total de US$ 700 milhões. Os recursos da transação e o saldo em caixa serão usados para amortizar um saldo de US$ 1 bilhão do Term Loan da sua controlada JBS USA Lux com vencimento em outubro de 2022.

Minerva (BEEF3)

A Minerva aprovou a emissão de debêntures no montante de R$ 600 milhões. A operação será dividida em duas séries, com vencimentos de três e de cinco anos. Os recursos serão utilizados para alongamento de dívidas.

Saneamento

De acordo com o Valor Econômico, o Ministério da Economia estima que as privatizações das companhias estaduais de água e esgoto motivadas pelo novo marco legal do saneamento básico poderiam gerar entre R$ 130 bilhões a R$ 170 bilhões aos governos estaduais. 

A equipe econômica tentaria aproveitar o momento propício após a aprovação da MP868 (que expira em 3 de junho) para impulsionar a venda das empresas como contrapartida ao resgate federal aos entes federativos.

Para viabilizar tal movimento, o Ministério do Desenvolvimento Regional vai propor a criação de microrregiões de blocos de municípios para juntar em um mesmo pacote localidades deficitárias e superavitárias, dessa forma evitando que participantes privados apresentem propostas para as melhores cidades e deixem as regiões menos atrativas para as empresas estaduais.

(Agência Estado e Bloomberg)

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.