Ibovespa zera ganhos após exercício de opções e de olho em reunião de Guedes com Bolsonaro

O tema do reajuste do diesel deve ser debatido durante o encontro; amanhã, Bolsonaro deverá se reunir amanhã com o CEO da Petrobras

Ricardo Bomfim

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SÃO PAULO – O Ibovespa zera ganhos nesta segunda-feira (15) depois do exercício de opções sobre ações. No radar, investidores estão preocupados com as comunicações que o governo fará depois da reunião que ocorre nesta tarde entre o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes. Os dois devem discutir o veto de Bolsonaro ao reajuste de 5,7% nos preços do diesel que seria promovido pela Petrobras.

Às 15h54 (horário de Brasília), o índice registrava leve alta de 0,15%, a 93.016 pontos, enquanto o dólar comercial cai 0,42% a R$ 3,8705 na compra e a R$ 3,8728 na venda. O dólar futuro para maio registra perdas de 0,35% a R$ 3,872.

Segundo o gestor de fundos da Constância Investimentos, Mauricio Gallego, a leve recuperação de hoje é puxada pelas ações de estatais, que caíram muito na última sexta por conta da ligação de Bolsonaro ao presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, para proibir a estatal de reajustar preços. “Houve um claro desmonte de posições na semana passada e a recuperação hoje é modesta, principalmente comparada à queda na sexta”, afirma. 

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Cassiano Leme, que também é gestor da Constância, aponta que o cenário positivo pelo qual os investidores torcem seria Bolsonaro sair dessa reunião sinalizando que não vai mais se deixar levar por pressões e vai deixar que as estatais pratiquem suas políticas de preço livremente.

Gallego ressalta que o que mais assustou o mercado na sexta foi Bolsonaro ter comparado o tamanho do reajuste do diesel com a inflação como se a relação fosse essa sendo que, na verdade, o aumento foi consequência da política de paridade com os preços no mercado internacional. “Nessa conversa, esperamos que Guedes diga ao presidente que ele falou algo fora do que se espera de um presidente”, explica o gestor. 

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Lá fora, as bolsas internacionais operam entre perdas e ganhos à espera do PIB (Produto Interno Bruto) da China amanhã à noite. Também sairão os dados de produção industrial e vendas no varejo do gigante asiático. 

Por aqui, os indicadores econômicos nacionais repercutem negativamente. Considerado uma prévia do PIB, o IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central) caiu 0,73% em fevereiro, ante expectativa de queda de 0,31%, de acordo com estimativa de economistas consultados pela Bloomberg. 

Já o Relatório Focus do Banco Central mostrou revisão para baixo nas expectativas do PIB para 2019. A projeção de crescimento foi de 1,97% para 1,95% nessa semana. As expectativas para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) – medidor oficial de inflação – por sua vez, subiram de 3,9% para 4,06%. A projeção para o dólar no fim do ano foi mantida em R$ 3,70 e, por fim, a perspectiva para a taxa Selic ficou estável em 6,5% ao ano. 

Do lado positivo na política, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que a CCJC (Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania) deve aprovar a admissibilidade da reforma da Previdência amanhã. De acordo com ele, a Comissão Especial da Previdência pode ser criada após a Páscoa (domingo, 21). 

O presidente da CCJC, Felipe Francischini, disse que vai manter a votação da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da Previdência como prioritária. Segundo ele, os partidos do “Centrão” tentaram convencê-lo de inverter a pauta de votações, passando o Orçamento Impositivo na frente. Parlamentares do “Centrão” ainda apostam que possam inverter a ordem, já que para isso é necessária a aprovação por maioria simples.

Os juros futuros recuam hoje. O DI para janeiro de 2021 tem baixa de cinco pontos-base a 7,09% ao passo que o DI para janeiro de 2023 tem perdas de seis pontos-base a 8,23%.

Exercício de opções

O exercício de opções movimentou R$ 6,124 bilhões na B3 hoje. Desses, R$ 2,496 bilhões foram em opções de compra e R$ 3,627 bilhões em opções de venda. A ação mais negociada foi a Petrobras preferencial com R$ 500,1 milhões em opções de compra a R$ 26,25 por ação. Em seguida ficou a Vale com R$ 377,6 milhões em opções de compra a R$ 50,72 por cada papel. 

Bolsas internacionais

Na Ásia, enquanto a bolsa no Japão fechou com ganhos, as de Xangai e Hong Kong, tiveram quedas. Nem mesmo os avanços no fechamento do acordo comercial entre os Estados Unidos e a China foram suficientes para segurar os mercados asiáticos em alta. Os investidores seguem cautelosos, em relação à China, à espera da série de indicadores econômicos que serão divulgados ao longo desta semana na Ásia, para avaliar o patamar de crescimento da maior economia do continente.

Na Europa, as bolsas também operam sem sinais distintos, acompanhando o desenrolar do acordo comercial entre os EUA e a China, assim como a divulgação da safra de resultados corporativos ao longo desta semana. O mercado europeu opera sem as tensões sobre o Brexit, após semanas à espera de uma decisão sobre a postergação ou não da saída do Reino Unido da UE.

Parlamentares britânicos ainda cogitam a apresentação de uma nova proposta de referendo sobre a saída do Reino Unido da União Europeia, mas que, neste momento, não encontra apoio do governo.

Entre as commodities, o preço do petróleo opera em baixa nesta segunda-feira, após os avanços da semana passada, com o Brent atingindo a máxima em cinco meses. A queda, porém, deve ter um piso, já que seguem as preocupações com o oferta do produto, por conta dos cortes na produção entre os países membros da Opep (Organização Mundial dos Países Exportadores).

Noticiário corporativo

O mercado seguirá acompanhando atentamente o noticiário referente aos desdobramentos da decisão da Petrobras (PETR3; PETR4) de acatar as ordens do presidente Jair Bolsonaro de barrar o reajuste no preço do diesel. Para esta segunda-feira, é prevista uma reunião interministerial na Casa Civil para tratar dos aspetos técnicos sobre a política dos combustíveis.

O presidente Jair Bolsonaro se reúne às 16h00, com ministro da Economia, Paulo Guedes, quando tema do reajuste do diesel deve ser debatido. Amanhã, Bolsonaro deverá se reunir com o CEO da Petrobras, Roberto Castello Branco, no Palácio do Planalto, para discutir o assunto e tomar alguma decisão sobre o reajuste.

Ainda entre as blue chips de commodities, o desastre de Brumadinho passou a preocupar as siderúrgicas, que passam a registrar falta de pelotas fornecidas pela Vale (VALE3). Segundo o jornal Valor Econômico, siderúrgicas localizadas no Sudeste estão sem o fornecimento do produto. O presidente do Instituto Aço Brasil, Marco Polo Lopes, afirmou que, se nada acontecer, em 30 dias as siderúrgicas começarão a sentir essas paradas das minas, o que poderá implicar no desligamento de auto-fornos.

Já a Eletrobras (ELET3; ELET6) informou que os créditos da Amazonas Distribuidora de Energia, que em junho de 2017 somavam cerca de RS 4,056 bilhões, referente ao reembolso da Conta de Consumo de Combustíveis (CCC), foram cedidos integramente à companhia.

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 BRDT3 PETROBRAS BRON 22,91 +4,14 -10,86 69,37M
 CSAN3 COSAN ON 45,43 +3,16 +35,77 108,07M
 ELET3 ELETROBRAS ON 32,27 +3,07 +33,18 113,62M
 RENT3 LOCALIZA ON 32,54 +2,49 +9,70 168,73M
 WEGE3 WEG ON 18,62 +2,08 +6,89 23,25M

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 ECOR3 ECORODOVIAS ON 8,72 -5,11 -7,04 43,20M
 CCRO3 CCR SA ON 12,02 -2,91 +7,32 60,03M
 BTOW3 B2W DIGITAL ON 36,60 -2,66 -12,90 52,88M
 CIEL3 CIELO ON 9,05 -2,16 +4,80 78,34M
 EMBR3 EMBRAER ON 18,17 -2,15 -16,19 35,40M
* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)

 

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.