Ibovespa futuro fecha em queda de 4,9% e dólar futuro chega a R$ 4,00 com turbulência política

Falas de Paulo Guedes no Senado, entrevista de Jair Bolsonaro e derrota do governo na Câmara pressionara o mercado nesta quarta

Rodrigo Tolotti

(Jefferson Rudy/Agência Senado)

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SÃO PAULO – Mesmo após o fechamento do pregão regular, com o Ibovespa caindo 3,57%, o mercado estendeu as perdas e o índice futuro fechou com perdas de 4,89%, a 90.500 pontos, ao passo que o dólar futuro com vencimento em abril disparou 2,99%, para R$ 3,993, chegando a R$ 4,001 na máxima da sessão.

O dia negativo já se mostrou desde a abertura, com investidores refletindo a volta dos temores externos sobre o crescimento global, mas principalmente a tensão política interna, com nova derrota do governo no Congresso, além das falas do ministro da Economia Paulo Guedes no Senado e uma entrevista de Jair Bolsonaro na televisão.

Na noite de ontem, a Câmara, em votação relâmpago, impôs derrota ao governo de Jair Bolsonaro, aprovando com mais de 400 votos emenda que diminui a margem de manobra do governo com o orçamento. A votação repercutiu como um recado da Câmara ao governo sobre a postura de não negociar com partidos.

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Já nesta tarde, em mais de três horas de fala, Guedes participou de audiência na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado, e falou sobre os rumores de sua saída do cargo caso a Reforma da Previdência não chegue a uma economia de R$ 1 trilhão.

“Eu respondo sempre a mesma coisa, que acredito em três coisas: dinâmica virtuosa da economia, que os Poderes vão fazer cada um o seu papel e que, se o presidente apoiar as coisas que eu acho que podem resolver para o Brasil, eu estarei aqui”, destacou, para depois complementar: “mas se ou o Presidente ou a Câmara ou ninguém quiser aquilo […], eu voltarei para onde sempre estive”. 

“Eu estou aqui para servi-los. Se ninguém quiser o serviço, foi um prazer ter tentado”, disse destacando ainda não ter apego ao cargo, mas afirmando também não ter a inconsequência e a irresponsabilidade de sair na primeira derrota.

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Enquanto isso, em entrevista ao apresentador José Luiz Datena, da TV Bandeirantes, o presidente Jair Bolsonaro voltou a negar problemas de relacionamento com o Congresso como um todo e, em particular, com o presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ). Porém, afirmou que não tem como atender pessoalmente 513 deputados e 81 senadores.

Bolsonaro disse ainda que “a mídia fica de futrica”, mas apontou que Maia pode estar abalado uma vez que está passando por problemas pessoais. Contudo, o presidente não citou a prisão recente do ex-ministro Moreira Franco, que é casado com a sogra de Maia.

Para ele, há tentativa de algumas pessoas de “criar tempestade em copo d’água”, referindo-se à crise política na qual o governo se envolveu e que se agravou nos últimos dias.

Bolsonaro afirmou ainda que Maia foi “infeliz” sobre ao comentar que o ministro Sergio Moro era seu funcionário. Bolsonaro defendeu o tuíte do filho, Carlos Bolsonaro, que perguntou por que Maia estava tão nervoso. O post foi um dos estopins para a crise entre o presidente e o Congresso.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.