Ibovespa tem “susto” após Guedes desistir da CCJ, mas volta a subir mais de 1% com exterior

Decisão do ministro ocorre após o ministro ter sido alertado por aliados de Rodrigo Maia de que haveria um esvaziamento da comissão

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O Ibovespa teve um susto na sessão desta terça-feira (26) e diminuiu fortemente os ganhos logo após a notícia de que o ministro da Economia, Paulo Guedes, não vai mais à audiência na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara dos Deputados para defender a Reforma da Previdência. A comissão é a primeira etapa para a aprovação da proposta. 

O índice, que chegou a avançar 1,28% pela manhã, passou a subir apenas 0,4% no fim da manhã, logo quando saíram as primeiras notícias sobre o assunto. Porém, o índice voltou a registrar alta mais forte e, às 15h07 (horário de Brasília), tinha ganhos de 1,68%, aos 95.234 pontos, próximo da máxima do dia.

Enquanto isso, o dólar comercial, que ganhou forças com o cancelamento de Guedes, subia 0,31% no mesmo horário, cotado a R$ 3,8693 na venda, ao passo que o dólar futuro com vencimento em abril tinha alta de 0,42%, a R$ 3,868.

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Já os contratos de juros futuro tinham movimentos mistos, mas próximos da estabilidade. O DI com vencimento em janeiro de 2021 caía 1 ponto-base, a 7,02%, enquanto o juro futuro para janeiro de 2023 subia 1 ponto, para 8,20%.

A decisão de Guedes ocorre após o ministro ter sido alertado por aliados do presidente da casa legislativa, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), de que haveria um esvaziamento da comissão. A preocupação era ficar muito exposto, sendo sabatinado apenas por integrantes da oposição. Líderes de partidos independentes a Bolsonaro que estão descontentes com o governo articulavam um boicote ao debate com o ministro. 

“Guedes não ir expõe a fragilidade política do governo. Ele seria atacado pela oposição e, um governo que não faz política não tem quem o defenda no Congresso. Guedes não ir é redução de danos por um lado, mas por outro expõe a inexistência de base”, destaca a equipe de análise da XP Política.  

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O Ministério da Economia alegou que ida de Paulo Guedes à CCJ “será mais produtiva a partir da definição do relator” e que “equipe técnica e jurídica” está à disposição para representá-lo.

Os papéis ligados a commodities seguem com forte desempenho e sustentam os ganhos do índice. Com o petróleo subindo cerca de 2%, a Petrobras avança mais de 2%, enquanto Vale e siderúrgicas também registram ganhos superiores a 1%.

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 NATU3 NATURA ON 44,23 +10,30 -1,17 181,56M
 CSNA3 SID NACIONALON 15,85 +6,38 +79,30 145,66M
 ELET3 ELETROBRAS ON 36,24 +4,74 +49,57 159,69M
 MRVE3 MRV ON 13,99 +4,64 +13,19 40,85M
 ELET6 ELETROBRAS PNB 37,96 +4,20 +34,75 89,58M

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 SUZB3 SUZANO PAPELON 45,80 -1,78 +20,27 255,23M
 UGPA3 ULTRAPAR ON 48,08 -1,29 -8,42 81,14M
 CIEL3 CIELO ON 9,51 -0,94 +9,50 90,10M
 RAIL3 RUMO S.A. ON 18,41 -0,75 +8,29 128,20M
 IGTA3 IGUATEMI ON 39,34 -0,66 -4,94 41,85M
* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)

Assim, o índice segue em seu movimento de alta após cinco sessões sem conseguir subir, com o mercado de olho no ambiente de relativo alívio de tensão política após dias de trocas de farpas entre Jair Bolsonaro e Rodrigo Maia. 

Ontem, o mercado já se mostrava mais aliviado após a reunião de Bolsonaro com os ministros, em que o presidente sinalizou foco total na Previdência e na pacificação, enquanto o presidente da Câmara indicou que “blindaria” a reforma. Já a Folha informou nesta manhã que Maia teria se comprometido a não permitir pautas bombas e não dar andamento a eventuais pedidos de impeachment, mas a responsabilidade de ordenar a base seria do governo. 

Dia de alta no exterior

Lá fora, o dia também é de ganhos, com os índices americanos como Dow Jones, S&P500 e Nasdaq subindo cerca de 1%, enquanto os rendimentos dos treasuries sobem com sinal de refluxo após receio gerado pela inversão de uma parte da curva de juros. Na véspera,  o yield dos títulos do tesouro de curto prazo (3 meses) ficou acima do yield da treasury de longo prazo (10 anos), algo que não acontecia desde 2007 e visto como um alerta de recessão, o que foi contestado por muitos do mercado.

Hoje, o Goldman Sachs se juntou ao coro minimizando a ameaça da curva invertida. Na véspera, a ex-chairwoman do Federal Reserve, Janet Yellen, afirmou acreditar que a inversão da curva de juros nos Treasuries dos EUA pode sinalizar possível necessidade de corte na Fed Funds Rate, e não desaceleração econômica prolongada. 

(Com Agência Estado, Agência Brasil e Bloomberg)

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.