Ibovespa sobe mais de 1% de olho em trégua política e Guedes na CCJ; exterior também “ajuda” mercado

Mercado fica atento à ida do ministro da Economia Paulo Guedes na Câmara para defender a previdência e também acompanha dados do exterior

Lara Rizério

(Valter Campanato/Agência Brasil)

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SÃO PAULO – Após cinco sessões sem conseguir subir, o Ibovespa registra alta na sessão desta terça-feira de olho no exterior e nos sinais de trégua na política. Às 10h19 (horário de Brasília), o Ibovespa registra ganhos de 1,11%, a 94.704  pontos. Enquanto isso, o dólar, que abriu em queda seguindo o movimento de baixa de 1,15% da véspera, virou para leves ganhos e registrava alta de 0,12%, com a divisa comercial sendo cotada a R$ 3,862 na venda. 

Nesta terça, o ministro Paulo Guedes vai à CCJ falar da reforma da Previdência e deve tentar ampliar a pacificação entre o governo e a classe política. A notícia de que Rodrigo Maia barrará pauta bomba também favorece o humor do mercado, mas ainda há desafios para a melhora do ambiente político, como o governo dar mais sinais de coordenação política para a aprovação da Reforma. 

Contudo, o ambiente de “trégua” na política e o humor mais positivo no exterior ajudam a guiar o dia de ganhos para o mercado. Enquanto isso, os principais contratos de juros futuros registram leves perdas, com o de vencimento em janeiro de 2021 em leve baixa de 2 pontos-base, a 7,01%; os de vencimento em janeiro de 2023 tem leve baixa de 3 pontos, a 8,16%. 

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Vale ressaltar que o Banco Central divulgou nesta manhã a ata da primeira reunião sob o comando de Roberto Campos Neto, que manteve a taxa básica de juros em 6,5% ao ano e trouxe tom levemente dovish para a política monetária à frente, sem incitar apostas de corte de juros. No documento, o Copom destacou que os indicadores recentes da atividade econômica apontam ritmo aquém do esperado. Não obstante, a economia brasileira segue em processo de recuperação gradual.

O IBGE apresentou o IPCA-15 de março, que teve alta de 0,54%, levemente acima da estimativa de alta de 0,51% na comparação mensal, de acordo com mediana de economistas consultados pela Bloomberg.  Esse foi o maior valor do IPCA-15 para o mês desde 2015. Apesar da alta acima do esperado, a análise do mercado é de que o ambiente para a inflação segue bastante confortável, com os preços não-administrados ainda abaixo da meta. 

Alta dos principais mercados mundiais

A sessão é de leve alta para as bolsas europeias e de ganhos mais expressivos para os índices futuros norte-americanos, enquanto os rendimentos dos treasuries sobem com sinal de refluxo após receio gerado pela inversão de uma parte da curva de juros. Na véspera,  o yield dos títulos do tesouro de curto prazo (3 meses) ficou acima do yield da treasury de longo prazo (10 anos), algo que não acontecia desde 2007 e visto como um alerta de recessão, o que foi contestado por muitos do mercado.

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Hoje, o Goldman Sachs se juntou ao coro minimizando a ameaça da curva invertida. Na véspera, a ex-chairwoman do Federal Reserve, Janet Yellen, afirmou acreditar que a inversão da curva de juros nos Treasuries dos EUA pode sinalizar possível necessidade de corte na Fed Funds Rate, e não desaceleração econômica prolongada. 

Na Ásia, as bolsas fecharam sem direção única, com parte delas se recuperando de perdas causadas justamente por temores com a tendência de desaceleração da economia global. 

O clima, porém, ainda é de cautela com novos sinais de deterioração na perspectiva econômica mundial. Na China, os mercados ampliaram hoje as expressivas perdas da sessão anterior, também à espera de uma nova rodada de discussões comerciais entre funcionários de alto escalão dos governos chinês e dos EUA, em Pequim, a partir de quinta-feira (28). 

Altas e baixas da bolsa

No mercado de commodities, o petróleo sobe com renovadas tensões na Venezuela, que volta a sofrer apagões de energia. Essa alta do petróleo, em conjunto com a declaração de Paulo Guedes da véspera de que a União e Petrobras concluíram a renegociação do contrato da chamada cessão onerosa impulsionam as ações da petroleira.

Enquanto isso, após duas sessões de forte queda em meio às notícias de que poderia comprar a americana Avon, o que comprometeria a sua alavancagem, as ações da Natura registram uma sessão de fortes ganhos. 

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 NATU3 NATURA ON 42,02 +4,79 -6,11 16,71M
 CSNA3 SID NACIONALON 15,39 +3,29 +74,10 10,23M
 MRFG3 MARFRIG ON 5,99 +2,57 +9,71 2,41M
 BTOW3 B2W DIGITAL ON 42,13 +2,28 +0,26 5,95M
 PETR4 PETROBRAS PN N2 27,89 +2,01 +22,97 121,37M

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 TIMP3 TIM PART S/AON 12,13 -0,41 +3,70 928,70K
 IGTA3 IGUATEMI ON 39,44 -0,40 -4,70 561,11K
 BRML3 BR MALLS PARON 12,62 -0,08 -3,44 1,61M
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Alívio político

O clima em Brasília está um pouco menos tenso em meio às indicações de Jair Bolsonaro de focar na Reforma da Previdência após troca de farpas com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Segundo aponta a consultoria de risco político Eurasia, Bolsonaro joga lenha, mas reforma deve ser aprovada e tem 70% de chance de sucesso e é provável que Bolsonaro revise lentamente sua estratégia de confrontar líderes partidários à medida que os riscos de uma derrota se tornem claros, mas consultoria reitera que o ambiente da opinião pública continua favorecendo a aprovação.

Para isso, informa o jornal o Globo, o governo conta com a ajuda do ministro da Economia, Paulo Guedes, para tentar arrefecer a crise com o Congresso e abrir caminho para aprovar a reforma da Previdência . Guedes participa de audiência pública nesta terça-feira na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) para falar da proposta. 

Segundo a Veja, espera-se para esta terça-feira na CCJ o anúncio do nome do relator da reforma. Também hoje, segundo o Globo, os líderes do DEM, MDB, PSD, PP, PR e PRB farão declaração de apoio à reforma, mas dirão que não apoiarão mudanças no BPC e nas regras dos trabalhadores rurais.

Uma das possíveis respostas ao governo não será mais dada pela Câmara. A Casa não deve mais suspender a isenção de visto aos americanos, mas Maia deve ter apenas papel institucional na reforma. Já a Folha informa ainda que Maia teria se comprometido a não permitir pautas bombas e não dar andamento a eventuais pedidos de impeachment, mas a responsabilidade de ordenar a base seria do governo. 

(Com Agência Estado, Agência Brasil e Bloomberg)

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.