Ibovespa Futuro ameniza queda após abrir em baixa de 1,5% e dólar zera alta de olho em falas de Maia

Por outro lado, ambiente negativo no exterior em meio a preocupações com desaceleração econômica global abala o mercado

Lara Rizério

(Valter Campanato/Agência Brasil)

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SÃO PAULO – O ambiente de tensão continua no mercado. Após uma semana que começou com o Ibovespa superando os 100 mil pontos para depois fechar com o índice registrando o pior desempenho do período desde agosto de 2018, os investidores seguem repercutindo aos dois fatores que têm abalado o mercado. São eles: os sinais de desaceleração global e a relação abalada entre Jair Bolsonaro e Rodrigo Maia.

Nesta segunda-feira (25), o contrato futuro do Ibovespa com vencimento em abril abriu em queda de 1,5%, enquanto o dólar superou os R$ 3,92. Contudo, durante a sessão, o contrato futuro do índice diminuiu as quedas e, às 9h55 (horário de Brasília), perto da abertura da Bolsa, já registrava perdas de apenas 0,32%, a 93.275 pontos, enquanto o dólar futuro virou para leve queda de 0,35%, a R$ 3,894. Já o dólar comercial opera em leve alta de 0,03%, a R$ 3,904. 

Nesta segunda-feira, os mercados mundiais registram uma sessão de cautela com os temores renovados sobre um baixa desempenho da atividade econômica global, enquanto o Brasil segue acompanhando de perto a discussão entre Rodrigo Maia e Jair Bolsonaro. A crise política se agravou no fim de semana, após o presidente retomar ataques à “velha política”, enquanto Maia acusou governo de ser um deserto de ideias. Por outro lado, ele sinalizou que vai “blindar” a reforma da Previdência, o que dá certo alívio ao mercado nacional após as fortes quedas. 

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Bolsas mundiais

A aversão ao risco segue para os investidores após a forte baixa dos mercados na sexta-feira, em meio aos dados negativos de atividade na Alemanha e EUA. Contudo, as perdas são mais discretas nesta sessão. 

Já as bolsas asiáticas fecharam com perdas robustas nesta segunda-feira, também em meio a renovadas preocupações com a saúde da economia global. 

Vale ressaltar que, na quinta-feira, funcionários de alto escalão do governo americano estarão em Pequim para iniciar uma nova rodada de discussões comerciais de dois dias. A expectativa é que EUA e China fechem um acordo comercial em algum momento de abril. Desde meados do ano passado, a disputa comercial entre as duas maiores economia do mundo vem pesando no sentimento do investidor.

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Confira o desempenho do mercado, segundo cotação das 08h08 (horário de Brasília):

*S&P 500 Futuro (EUA) -0,06%

*Dow Jones Futuro (EUA) -0,04%

*Nasdaq Futuro (EUA) -0,36%

*DAX (Alemanha) +0,20%

*FTSE (Reino Unido) -0,03%

*CAC-40 (França) -0,07%

*FTSE MIB (Itália) +0,37%

*Hang Seng (Hong Kong) -2,03% (fechado)

*Xangai (China) -1,97% (fechado)

*Nikkei (Japão) -3,01% (fechado)

*Petróleo WTI -0,08%, a US$ 58,99 o barril

*Petróleo brent -0,13%, a US$ 66.94 o barril

*Bitcoin US$ 4.027 +0,05%
R$ 16.000 +0,59% (nas últimas 24 horas)

*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dalian -0,33%, a 611 iuanes (nas últimas 24 horas) 

Embate entre Rodrigo Maia e Jair Bolsonaro

Após uma sexta-feira tensa para os mercados com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ameaçando deixar a articulação política da Reforma da Previdência, o ambiente negativo continua. 

Neste fim de semana, o embate entre Jair Bolsonaro e Rodrigo Maia teve novos capítulos; Maia subiu o tom da cobrança por maior envolvimento do Planalto na articulação da reforma, mas, em entrevista ao G1, tentou amenizar a crise, dizendo que a reforma está acima do governo. Em entrevista ao Estadão, Maia afirmou que o governo é um “deserto de ideias” e sem projetos que não sejam a Reforma da Previdência e o pacote anticrime apresentado por Sérgio Moro. 

Maia disse ainda que Guedes tenta intervir na escolha de relator da Previdência, o que indica interferência do Executivo e que o presidente precisa ter convicção, parar de falar que é contra a reforma, o que atrapalha o andamento da mesma. 

Vale ressaltar que, neste fim de semana, Maia se reuniu com aliados como o governador de SP, João Doria. Segundo o blog de Andréia Sadi no G1, ele teria dito aos aliados que vai blindar a reforma. Maia disse ainda que é hora de evitar polêmicas e baixar a temperatura e negou que esteja em curso um troco de parlamentares a Bolsonaro.

Enquanto isso, Bolsonaro, em resposta às críticas de Maia, disse que a responsabilidade agora está com o Congresso e voltou a falar em pressão da velha política. Ele disse que perdoa Maia pela situação pessoal que ele está vivendo. 

Assim, sem trégua aparente, o líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO), mandou mensagens ao partido logo depois de seu encontro com o presidente neste domingo reforçando as falas duras de Bolsonaro e dizendo que o presidente não pretende negociar, dizem Folha e Globo

Agenda doméstica

Nesta segunda-feira, serão divulgados os dados do Caged às 14h (horário de Brasília), com a perspectiva de criação de 87.500 vagas de trabalho em fevereiro, segundo estimativa mediana em pesquisa Bloomberg, após criar 34.313 vagas na medição anterior.

Já o BC divulgou pesquisa Focus com expectativas de economistas para indicadores como PIB, câmbio, inflação e juros. Os economistas reduziram a estimativa de alta do Produto Interno Bruto (PIB) para os anos de 2019 e de 2020. Para o crescimento do PIB deste ano, a previsão recuou de 2,01% para 2% na semana passada, sendo a quarta queda seguida do indicador.

Durante a semana, a agenda de indicadores ganha força, com destaque para a Ata do Copom, na terça-feira (26), e para o Relatório Trimestral de Inflação, na quinta (28).

Os dois documentos devem trazer maiores detalhes tanto sobre as projeções de inflação quanto de atividade econômica, podendo sinalizar os próximos passos do Banco Central sobre sua política de juros. Na reunião do Copom na semana passada, a autoridade monetária manteve a Selic em 6,5% e preferiu não indicar que pode iniciar um ciclo de corte das taxas este ano.

Na terça também será apresentado o IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo – 15) de março. A equipe de análise da GO Associados espera que a taxa suba 0,46% no mês, levando o acumulado de 12 meses para 4,09%.

Há ainda a PNAD Contínua de fevereiro, na sexta-feira (29), que a GO espera que atinja o nível dos 12,5%, uma leve queda de 0,1 ponto percentual ante o trimestre anterior. Ainda na semana, destaque para os dados fiscais de fevereiro, que inclui o Resultado Primário do Governo Central, no qual os analistas da GO esperam queda de R$ 12,56 bilhões. Completam a agenda recheada a nota do setor externo e a nota de política monetária.

Agenda externa da semana

No exterior, a semana volta a ter destaque para o Brexit, até agora marcado para a sexta-feira (29). O Conselho Europeu, porém, concordou em conceder um adiamento até o dia 22 de maio para que o Reino Unido deixe a União Europeia, caso o acordo defendido por Theresa May seja aprovado pelo Parlamento britânico nesta semana.

Se o Parlamento não aprovar o acordo, que está em votação pela terceira vez, o prazo será antecipado para 12 de abril. Em um comunicado oficial, o Conselho diz ainda que “espera que o Reino Unido indique um caminho a seguir antes desta data para apreciação pelo Conselho Europeu”.

Nos Estados Unidos, além das falas de diversos membros do Federal Reserve, alguns dados interessantes serão publicados, como o PIB (Produto Interno Bruto) do quarto trimestre do ano passado, que ganha importância em meio aos debates sobre a desaceleração da economia global. Além disso, serão apresentados os números da balança comercial de janeiro e indicadores importantes de inflação, em especial o PCE, que sai na sexta-feira de manhã.

Noticiário corporativo

A Vale movimentou o noticiário corporativo deste fim de semana, após uma barragem da mineradora em Barão de Cocais, na região central de Minas Gerais, entrar em alerta máximo para risco de rompimento na noite de sexta-feira, com o acionamento das sirenes no município. O nível de segurança da barragem sul superior da mina Gongo Soco subiu de 2 para 3, segundo informou a própria mineradora. 

De acordo com a Vale, a medida adotada é preventiva e foi decidida após um auditor independente informar que a barragem apresenta “condição crítica de estabilidade”. 

Já o Valor informa que o governo quer diminuir a fatia do Banco do Brasil na área de crédito rural. Sonae Sierra e  Aliansce confirmam negociações para a fusão, com um acordo não-vinculante.

Por fim, na temporada de resultados, a Cesp registrou em 2018 um lucro líquido de R$ 294,43 milhões, revertendo o prejuízo líquido de R$ 168,53 milhões em 2017.

(Com Agência Estado, Bloomberg e Agência Brasil)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.