Ibovespa Futuro cai mais de 2% e dólar vai a R$ 3,87 com novas ameaças à Previdência

Efeitos da prisão do ex-presidente Michel Temer e irritação de Rodrigo Maia com filho de Bolsonaro afetam mercado, além de dados ruins da Alemanha

Lara Rizério

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SÃO PAULO – A combinação de um noticiário bastante negativo sobre a Reforma da Previdência e más notícias sobre a economia global faz o Ibovespa Futuro registrar uma sessão de forte queda, enquanto o dólar futuro também sobe forte. Às 9h07 (horário de Brasília), o contrato futuro do índice com vencimento em abril registrava queda de 2,13%, a 95.110 pontos, enquanto o dólar futuro registra alta de 1,96%, a R$ 3,868. Já a divisa comercial salta 1,87%, a R$ 3,8711 na venda. 

“É todo negativo o noticiário político subsequente à prisão do ex-presidente Michel Temer. A avaliação dominante é a de que a prisão ‘acirra tensões’ entre o presidente Jair Bolsonaro e a base de partidos necessária para a aprovação da proposta de emenda à Constituição que trata da reforma da Previdência”, destaca a XP Política. 

Soma-se a isso o comportamento de filhos de Bolsonaro e aliados. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), avisou ontem ao ministro da Economia, Paulo Guedes, que deixará a articulação política pela reforma da Previdência. Maia tomou a decisão após ler mais um post do vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), com fortes críticas a ele.

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Irritado, o deputado telefonou para Guedes e disse que, se é para ser atacado nas redes sociais por filhos e aliados de Bolsonaro, o governo não precisa de sua ajuda.

Além do dólar e Ibovespa Futuro, os contratos de juros futuros registram forte alta: o com vencimento em 2021 registra alta de 21 pontos-base, para 7,08%, enquanto o com vencimento em 2023 tem alta de 26 pontos, a 8,22%. 

Vale destacar que as bolsas europeias e os índices futuros americanos registram uma sessão de baixa, repercutindo o dado frustrante de atividade na Alemanha, que renovou os receios de desaceleração emitidos pela surpresa “dovish” do Federal Reserve na quarta-feira. 

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O Markit/BME de manufaturas da Alemanha ficou em 44,7 em março, ante estimativa de 48 e anterior de 47,6. O dado foi o mais baixo desde 2012, na terceira leitura seguida abaixo de 50, configurando uma retração que pode refletir tensões no comércio global.

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Prisão de Temer e reformas

O mercado segue repercutindo a prisão do ex-presidente Michel Temer e do ex-ministro Moreira Franco.  O episódio da última quinta-feira afeta ainda mais a percepção sobre a reforma da Previdência, uma vez que desvia o foco da pauta econômica e novas questões ganham destaque, como se outros políticos podem estar envolvidos. 

Conforme destaca o Painel, da Folha de S. Paulo, políticos e magistrados avaliam que a prisão de Temer foi um ataque à velha política e um chamado a novo embate entre cortes superiores e Lava Jato. 

Com a prisão de Temer, acabou a “fantasia” de que a aprovação da reforma da Previdência está garantida e as negociações, que vinham sendo feitas com ajuda do DEM, para formar base do governo são prejudicadas, ressalta o Valor. Segundo o jornal, o presidente da CCJ, Felipe Francischini, pensava em nomear um emedebista para relatar a reforma.

Além disso, as rusgas do governo com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) parecem aumentar. Segundo o Estadão, Maia disse em encontro com Paulo Guedes que, se pensam que ele é a velha política, está fora da articulação. O presidente da Câmara disse que está irritado com a ofensiva contra ele nas redes, desarticulação do governo e tentativa de Sergio Moro de impor a tramitação do pacote anticrime. 

Vale destacar que, durante uma transmissão, ao vivo, de sua página oficial no Facebook, Bolsonaro afirmou ontem que a reforma da Previdência é fundamental para equalizar as contas públicas do Brasil e, sem ela, o país poderá entrar em colapso até 2022. 

“Eu, no fundo, não gostaria de fazer a reforma da Previdência, mas, se não fizesse, estaria agindo de forma irresponsável e, em 2021 ou 2022, o Brasil vai parar se não fizer essa reforma, infelizmente é isso”, afirmou. Durante a transmissão, que começou às 19h e durou pouco mais de 30 minutos, o presidente estava acompanhado dos ministros Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Wagner Rosário (Controladoria-Geral da União), além do porta-voz da Presidência da República, Otávio Rêgo e Barros, e do deputado federal Hélio Lopes (PSL-RJ), que integra a comitiva.

No Chile, ele se reúne, no final da manhã, com presidentes de seis países na Cúpula Presidencial de Integração Sul-Americana. Além do líder brasileiro, participam do encontro os presidentes da Argentina, do Peru, da Colômbia, do Paraguai, Equador e Chile, informou o Palácio do Planalto. 

Agenda 

Enquanto a agenda doméstica é esvaziada, nos EUA às 10h45 serão divulgados os dados do PMI de Manufatura nos EUA pela Markit de março. Às 11h, saem vendas de casas já existentes de fevereiro. 

No Brasil, o governo vai leiloar quatro áreas portuárias hoje (22), a partir das 10h, na Bolsa de Valores de São Paulo: três em Cabedelo (PB) e uma em Vitória (ES). Os investimentos previstos nos quatro terminais são de R$ 199 milhões. O leilão faz parte dos planos do governo federal de promover 23 concessões, incluindo portos, aeroportos e ferrovia, dentro dos primeiros 100 dias da gestão.

Noticiário corporativo

O noticiário corporativo é bastante movimentado. A mina de Brucutu volta a ser alvo do Ministério Público de MG, possivelmente complicando a retomada da sua produção de minério de ferro. A Vale saiu de watch negativo para perspectiva negativa por S&P. A perspectiva negativa nos ratings da escala global reflete as incertezas significativas sobre a quantidade de multas e litígios com os quais a Vale precisará lidar e como elas atingirão métricas financeiras e liquidez e também possíveis impactos reputacionais. 

Já a Petrobras reverteu liminar sobre a hibernação fábrica fertilizante. O Estadão informa ainda que, depois de veto do Cade, Petrobras retoma oferta da Liquigás ao mercado. 

Atenção ainda para a temporada de resultados, com a divulgação dos números da Cyrela, Tecnisa e CCR. 

(Com Agência Estado e Bloomberg)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.