Buffett diz que Berkshire “pagou demais pela Kraft” e defende brasileiros da 3G após balanço

"Eles não cortaram em inovação e desenvolvimento de produtos, e sim nos custos gerais, administrativos e de vendas", afirmou o Oráculo de Omaha depois do resultado desastroso da Kraft Heinz  

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Após perder US$ 4 bilhões na sexta-feira (22) com a derrocada de 27% das ações da Kraft Heinz, o Oráculo de Omaha Warren Buffett disse em entrevista à CNBC nesta segunda-feira que não pretende mudar a sua participação na companhia. 

Buffett destacou que a Berkshire Hathaway, sua holding de investimentos, não venderá os papéis, mas também não deve aproveitar a baixa para aumentar a sua participação na companhia. “Eu nunca deveria dizer nunca, com meus 88 anos, sobre o que outra pessoa poderá fazer, mas posso dizer que não tenho intenção de vender, não tenho a intenção de comprar”, disse ele. 

Por outro lado, ele afirmou que pagou demais pela Kraft, que foi fundida com a Heinz em 2015. Buffett se uniu aos brasileiros da 3G Capital em 2013 e, dois anos depois, financiou a fusão de US$ 49 bilhões das duas companhias. 

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 “Ainda é um negócio maravilhoso, no sentido que usa cerca de US$ 7 bilhões de ativos tangíveis e lucra US$ 6 bilhões antes dos impostos. Mas nós, e certos predecessores, pagamos US$ 100 bilhões pelos ativos tangíveis. Então, para nós, é preciso lucrar US$ 107 bilhões, e não apenas os US$ 7 bilhões que a empresa emprega”, afirmou. 

Por outro lado, ele defendeu a gestão da Kraft Heinz das críticas em relação ao baixo investimento nas marcas, destacando que “viu muita inovação” na empresa, controlada pela 3G Capital, dos brasileiros Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira. As críticas de que a 3G se preocupa apenas em cortar custos estão se tornando cada vez mais recorrentes. 

“Eles não cortaram em inovação e desenvolvimento de produtos, e sim nos custos gerais, administrativos e de vendas”, afirmou. 

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Buffett apontou as dificuldades para novos produtos ganharem mercado. Além disso, avaliou que a Kraft fez um erro estratégico pensando que detinha um poder de barganha com os varejistas maior do que possuía na realidade. “Eles – ‘eles’ não, eu deveria dizer ‘nós’ — podem ter errado em tentar bater de frente com alguns varejistas e depois perceber que não éramos tão fortes quanto acreditávamos”, afirmou o bilionário.

O megainvestidor falou sobre a empresa depois da baixa contábil de US$ 15,4 bilhões que fez a empresa reduzir o volume de dividendos para os acionistas, com a baixa sendo estendida com a informação de que a SEC (Securities and Exchange Commission, a CVM americana) estava realizando uma auditoria sobre sua contabilidade.

De acordo com a Kraft Heinz, ela foi autuada em US$ 25 milhões por não ter declarado custos com ingredientes e outras despesas no balanço. Com isso, a companhia iniciou em outubro uma investigação interna para apurar o caso.

Os resultados da companhia também foram desanimadores. A empresa teve um prejuízo de US$ 12,6 bilhões no 4º trimestre de 2018. No mesmo período do ano anterior, a Kraft Heinz havia registrado um lucro líquido de quase US$ 8 bilhões.

“A companhia está no processo de implementar determinadas melhorias em seus controles internos para mitigar as chances disso acontecer no futuro e já tomou outras medidas corretivas. A companhia continua a cooperar com a SEC”, escreveu a Kraft Heinz em comunicado ao mercado.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.