Ibovespa ignora exterior e recua por ruídos em reforma da Previdência, dólar cai

No cenário doméstico, o mercado passa agora a acompanhar de perto as conversas e o andamento da proposta no Congresso

Weruska Goeking

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – O Ibovespa até tentou começar a semana com a influência positiva do cenário externo, mas os ruídos relacionados à reforma da Previdência puxaram o índice para o patamar negativo. 

Às 11h55 (horário de Brasília), o Ibovespa cai 0,32%, a 97.574 pontos, após ter alcançado a máxima de 98.189 pontos. O contrato de dólar futuro com vencimento em março de 2019 tinha queda de 0,43%, cotado a R$ 3,733, e o dólar comercial recuava 0,21%, para R$ 3,732. 

O mercado acompanha de perto as conversas e o andamento da proposta no Congresso. O secretário especial da Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, Rogério Marinho, disse que a mudança na aposentadoria dos militares pode ser antecipada, o que poderia evitar atraso da emenda.

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Do outro lado, Rodrigo Maia, presidente da Câmara, alertou que governo está perdendo a batalha da comunicação e passou expectativa de votação da reforma para junho. Os investidores acenderam a luz de alerta após as declarações de Maia.

Esse episódio faz com que o mercado doméstico ignore o otimismo que toma conta das bolsas globais após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, decidir prorrogar a trégua para aplicar tarifas adicionais à China, garantindo mais tempo para que as duas maiores economias do mundo fechem um acordo comercial. A notícia impulsiona as bolsas na Europa, Ásia e os índices futuros em Wall Street. 

Ontem à noite, Trump publicou em seu Twitter oficial que decidiu adiar a elevação de tarifas de Washington sobre mais US$ 200 bilhões em produtos chineses, prevista para 2 de março, após os “progressos substanciais” que norte-americanos e chineses fizeram nas negociações comerciais das últimas semanas. Na prática, Trump prorrogou o prazo da trégua de 90 dias, que venceria em 1º de março, para que EUA e China chegassem a um pacto comercial.

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A notícia é importante uma vez que esse impasse comercial entre as duas maiores economias do mundo existe desde o início do ano passado mas ganhou intensidade na reta final de 2018, destacam os analistas da Rico Investimentos, Thiago Salomão e Matheus Soares.

“Enquanto as duas potências não se resolverem, investimentos destes dois países pode diminuir (incerteza dos empresários de cada país), diminuindo o consumo e as trocas comerciais entre outros países do mundo, colaborando assim para agravar o cenário de desaceleração da economia global que já temos vivenciado em 2019. A resolução desse problema pode dar um novo gás nos mercados no curto prazo”, apontam os analistas.

Destaques da bolsa

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

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Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 SBSP3 SABESP ON 39,78 -2,04 +26,29 10,82M
 PETR3 PETROBRAS ON N2 30,67 -1,86 +20,75 54,58M
 CSAN3 COSAN ON 44,27 -1,80 +32,31 11,34M
 MGLU3 MAGAZ LUIZA ON 175,31 -1,46 -2,86 68,17M
 PETR4 PETROBRAS PN N2 26,75 -1,40 +17,95 555,30M

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 CSNA3 SID NACIONALON 12,80 +3,23 +44,80 97,43M
 BTOW3 B2W DIGITAL ON 47,40 +2,00 +12,80 38,88M
 NATU3 NATURA ON 50,60 +1,95 +13,06 57,59M
 BBSE3 BBSEGURIDADEON EDR 27,90 +1,82 +3,57 184,82M
 RENT3 LOCALIZA ON 35,29 +1,79 +18,62 60,55M
* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)

Bolsas mundiais

As bolsas dos Estados Unidos operam em alta após o governo Trump adiar o prazo para a imposição de tarifas aos produtos chineses. A última rodada de discussões comerciais, em Washington, acabou se estendendo para o fim de semana à medida que ambos os lados relataram avanços no sentido de reduzir suas divergências. Na semana passada, surgiram relatos de que Trump e o presidente chinês, Xi Jinping, poderão se encontrar para finalizar um eventual acordo comercial no fim de março, na Flórida.

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O otimismo ajuda a impulsionar também as bolsas na Europa e as bolsas asiáticas fecharam em alta, lideradas pelos mercados chineses, que saltaram mais de 5%, registrando o maior ganho em um único pregão desde julho de 2015. 

No mercado de commodities, os preços do petróleo operam em leve alta pelo otimismo com China e Estados Unidos, enquanto o minério de ferro cai mais de 1% no mercado futuro de Dalian, na China, com os estoques elevados.

Reforma da Previdência 

A tramitação da PEC da Previdência já começa problemática uma vez que só deve começar a ser analisada quando forem definidos os cargos das comissões da Câmara, em especial da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), o que pode ocorrer nesta semana. Com isso, se os deputados forem rápidos, a reforma pode começar a caminhar logo depois do carnaval.

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A PEC terá que passar pelo crivo da comissão para ter sua admissibilidade atestada. Somente depois disso, será possível instalar a comissão especial que analisará o texto da reforma, para que então ela vá para o plenário da Câmara, onde passa por dois turnos de votações antes de ir para o Senado.

Na Câmara, o caminho não parece tão livre. Principal articulador da reforma da Previdência, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), avalia que a proposta da Previdência está perdendo a batalha da comunicação, em entrevista ao jornal Valor Econômico.

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Os grupos de apoio ao presidente Jair Bolsonaro nas redes sociais estão silenciosos desde que o projeto foi divulgado, enquanto os militantes da oposição batem em dois pontos que Maia tinha aconselhado o governo a deixar de fora para não contaminar o debate: a redução no benefício de prestação continuada (BPC) para idosos miseráveis e a aposentadoria do trabalhador rural.

A comunicação se mostra um grande desafio para o governo Bolsonaro. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, o presidente tem sido criticado por aliados e até por integrantes de seu partido, o PSL, por adotar tom de campanha nos pronunciamentos. Quase dois meses depois de tomar posse, Bolsonaro ainda não tem uma estratégia desenhada para a comunicação do governo. 

Agenda econômica 

A agenda é esvaziada no mercado doméstico. Nos Estados Unidos serão divulgados dados de atividade de Chicago e Dallas. O vice-presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central norte-americano), Richard Clarida, fala às 13h (de Brasília).

Clique aqui para conferir a agenda completa de indicadores.

Noticiário político

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), ocultou da Justiça Eleitoral a posse de imóveis durante quase toda a sua carreira política iniciada no final dos anos 1990, em Macapá. A informação é do jornal Folha de S. Paulo. Levantamento de escrituras e registros no único cartório de imóveis e nos três cartórios de notas da capital do Amapá mostram um cenário bem diverso do que o político, por obrigação legal, tornou público a cada eleição.

O artigo 350 do Código Eleitoral define como crime “omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, para fins eleitorais”. A pena é de até cinco anos de prisão e multa.

As fronteiras entre Brasil e Venezuela permanecem fechadas e, em uma demonstração de força, o contestado presidente Nicolás Maduro impediu a entrada de doações de alimento e remédios enviados pelos Estados Unidos. Houve confronto na cidade de Pacaraima, em Roraima.