Ibovespa Futuro retoma alta após realização de lucros de olho em reforma da Previdência

 Enquanto digere o encaminhamento da reforma e seus ruídos políticos, o mercado acompanha com atenção as reuniões entre China e EUA

Weruska Goeking

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SÃO PAULO – Os investidores monitoram as reações e os próximos passos de parlamentares e do governo em relação à tão aguardada reforma da Previdência, entregue ontem ao Congresso. O caminho é cheio de desafios e essas dificuldades – e cada vitória e derrota do governo Bolsonaro – vão dar o tom das oscilações dos negócios na bolsa brasileira. 

Neste contexto, às 9h52 (horário de Brasília), o Ibovespa futuro subia 0,17%, a 97.930 pontos. O contrato de dólar futuro com vencimento em março de 2019 tinha alta de 0,48%, cotado a R$ 3,745, e o dólar comercial subia 0,24%, para R$ 3,745. 

O mercado de juros mostra alta diante dos desafios da aprovação da reforma. Os contratos futuros com vencimento em janeiro de 2021 avançavam de 7,09% para 7,11%, e os contratos para janeiro de 2023 subiam de 8,20% para 8,25%. A inflação parcial de fevereiro foi mais branda do que o esperado pelo mercado e ficou em 0,34%, segundo o IPCA-15.

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“Já é quase consenso que a reforma, se aprovada, não sairá do Congresso do mesmo jeito que entrou”, avaliam Matheus Soares e Thiago Salomão, analistas da Rico, em relatório enviado a clientes.

Bancos e consultorias políticas como a Eurasia Group, o Goldman Sachs e o Barclays veem que a reforma se desidratará, ficando entre R$ 400 bilhões e R$ 600 bilhões ante o valor de R$ 1,16 trilhão previsto pelo governo. Centrão já começa a impor condições para tratar do assunto, enquanto a oposição – como já esperado – começa a subir muros.  

“O caminho até a aprovação da reforma será complicado e exigirá muita habilidade política do governo para convencer deputados, senadores e a população. Volatilidade será natural no curto prazo, pois os preços dos ativos precisam se ‘reacomodar’ a essa nova fase da agenda de reformas”, dizem os analistas da Rico.

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Enquanto digere o encaminhamento da reforma e seus ruídos políticos, o mercado acompanha com atenção as reuniões entre China e Estados Unidos com a intenção de colocar fim à guerra comercial que pode levar a uma alta nas tarifas dos produtos chineses em 1º de março. Donald Trump já sinalizou otimismo com as conversas, mas a verdade é que ainda não há nada concreto sobre uma resolução ou eventual adiamento do prazo. 

A agenda corporativa traz balanços importantes, como CSN, Pão de Açúcar, B3, Gerdau, Suzano e Magazine Luiza. 

O Ibovespa Futuro é um bom termômetro de como será o pregão, mas nem sempre prevê adequadamente movimentos na Bolsa a partir do sino de abertura

Bolsas mundiais

Os índices futuros dos Estados Unidos apontam para uma abertura com alta discreta à espera de novidades sobre a rodada de negociações entre China e Estados Unidos que acontece nesta semana. 

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Começa hoje a segunda parte das negociações, envolvendo funcionários de alto escalão. A equipe americana será liderada pelo Representante de Comércio dos EUA, Robert Lighthizer, e incluirá o Secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, e o Secretário do Comércio, Wilbur Ross. O Ministério do Comércio chinês informou que o vice-primeiro-ministro da China, Liu He, participará das conversas.

As bolsas europeias operam em queda digerindo indicadores econômicos e também à espera de novidades sobre a guerra comercial entre Estados Unidos e China. O índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) composto da zona do euro, que mede a atividade nos setores industrial e de serviços, subiu de 51 em janeiro a 51,4 em fevereiro, atingindo o maior nível em três meses, segundo dados preliminares.

No entanto, a indústria desapontou. O PMI industrial do bloco econômico caiu de 50,5 em janeiro para 49,2 em fevereiro, com a leitura abaixo de 50 mostrando contração na atividade. Além disso, é o menor patamar do PMI industrial em 68 meses.

As bolsas asiáticas encerraram em direções mistas com o mercado digerindo a ata do Federal Reserve divulgada ontem, que pressionou os mercados emergentes, e os resultados da Lenovo, que superaram as expectativas dos investidores.

No mercado de commodities, os preços do petróleo tentam a sétima alta consecutiva em meio aos cortes de produção da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo). Analistas apontam, no entanto, que a desaceleração econômica global está limitando a valorização. O minério de ferro cai 1% no mercado futuro de Dalian.

Reforma da Previdência 

Após a entrega da tão esperada reforma da Previdência ao Congresso, o mercado sonda agora o tempo de tramitação e as alterações que poderá sofrer na Câmara e no Senado. A equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, calcula que a reforma teria, hoje, de 180 a 200 votos caso fosse colocada em pauta na Câmara, informa a colunista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo. Os números ainda estão muito distantes dos 308 necessários para aprová-la.

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Enquanto o governo faz contas, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), disse que irá determinar a instalação da Comissão de Constituição e Justiça da Casa na próxima terça-feira (26) para iniciar a tramitação da reforma da Previdência.

Maia destacou que a ida de Jair Bolsonaro ao Congresso para entregar a proposta de reforma melhora os ânimos da Casa. Sua previsão é de que a reforma pode ser aprovada pelos deputados até o fim do primeiro semestre, mas terá que enfrentar o que é, em sua opinião, o maior problema no Legislativo: a comunicação.

Essa parece ser uma importante missão, uma vez que até mesmo o Centrão sinaliza que colocará empecilhos. Os partidos de centro e centro-direita querem bloquear a tramitação da reforma até que haja mudança na articulação política do Planalto, informa a Folha de S. Paulo. Os mais insatisfeitos defendem que a Câmara só comece a debater o tema após a entrega do projeto que tratará da reforma dos militares, que deve ser encaminhado em 30 dias.

Do outro lado, os líderes dos partidos de oposição a proposta de reforma, argumentando que as regras de transição não estão claras e é necessário rever a idade mínima para homens e mulheres. A oposição promete dificultar a tramitação do texto no Congresso e articula mobilizações em defesa de mudanças na proposta.

“Em meio a todas polemicas política de um governo inexperiente, a sorte está lançada na reforma da previdência. Resta ao executivo agora trabalhar de forma o mais republicana possível, por mais que sinta um certo ‘asco’ do modus operandi da política tradicional”, afirma Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset.

Há ainda a resistência de setores organizados da sociedade, com os sindicatos. Na tentativa de defender a reforma para a população e evitar forças da sociedade civil contrárias à aprovação ganhe força, Bolsonaro fez um pronunciamento de três minutos em rede nacional de televisão e rádio. Ele apresentou a reforma da Previdência e defendeu a necessidade da mudança para que o “país não quebre”.

Bolsonaro reforçou que ninguém ficará de fora, sendo que a classe política, os trabalhadores rurais, públicos e privados estarão na reforma, e citou ainda que haverá mudança no regime de proteção dos militares.

Em entrevista à EBC (Empresa Brasil de Comunicação), na noite de ontem, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que os agentes públicos estão comprometidos com a reforma da Previdência. Guedes afirmou que se reuniu com parlamentares, prefeitos e governadores, e as sinalizações em relação à proposta enviada  ao Congresso são positivas. Guedes lembrou ainda que a reforma da Previdência vem sendo adiada há décadas.

Noticiário político

O Plenário da Câmara dos Deputados aprovou a regra que obriga a participação de pessoas físicas e jurídicas no cadastro positivo. A mudança na proposta original fará com que o PLP 441/17 retorne ao Senado para nova votação. 

A regra que cria o cadastro em si já havia sido aprovada, mas faltava a votação de destaques complementares apresentados pelos partidos. Os defensores do projeto afirmam que o cadastro positivo tem potencial de diminuir juros em transações de crédito. Já os críticos temem exposição demasiada dos consumidores e potenciais vazamentos de informações sigilosas. 

Segundo o texto aprovado, a quebra de sigilo por parte dos gestores de banco de dados, como no caso de permitir o vazamento de informações sobre o cadastrado, será punida com reclusão de 1 a 4 anos e multa, conforme prevê a lei do sigilo (Lei Complementar 105/01).

Noticiário corporativo

>> A Vale assinou um acordo em que se comprometeu a pagar uma indenização em dinheiro a cada um dos moradores de Brumadinho (MG) durante um ano, após o rompimento da barragem da mina do Córrego do Feijão no dia 25 de janeiro, que deixou 171 mortos e 139 desaparecidos. A mineradora deverá pagar um salário mínimo mensal (R$ 998) para cada adulto, meio salário mínimo (R$ 499) para cada adolescente e um quarto de salário (R$ 249,50) para cada criança por 12 meses. 

>> A Ultrapar teve lucro líquido de R$ 495,6 milhões no quarto trimestre, resultado 27,3% maior que o de um ano antes. O ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado ficou em R$ 993 milhões, queda de 5% ano a ano. A receita, por sua vez, recuou 10%, para R$ 23,47 bilhões.

A companhia informou que seu conselho de administração aprovou também um desdobramento de ações na razão de uma para duas. A empresa ainda comunicou que pagará R$ 380,3 milhões em dividendos aos acionistas, correspondentes a R$ 0,70 por ação. Os papéis ficam “ex” em 1 de março.

>> A CSN registrou lucro líquido de R$ 1,77 bilhão, uma expressiva alta de 369% ante os R$ 377 milhões apresentados um ano antes, favorecido pelo reconhecimento de créditos fiscais. O ebitda ajustado somou R$ 1,56 bilhão no quarto trimestre, um aumento de 30% sobre um ano antes.

>> A Petrobras anunciou alta de 1,23% no preço médio do litro da gasolina A sem tributo nas refinarias, válido para quinta-feira, 21, para R$ 1,6538. Além disso, a estatal manteve sem alteração o preço do diesel, em R$ 2,0505, conforme tabela disponível no site da empresa.

Em dezembro, a Petrobras anunciou um mecanismo de proteção complementar em que ela pode alterar a frequência dos reajustes diários do preço do diesel no mercado interno em momento de elevada volatilidade, podendo mantê-lo estável por curtos períodos de tempo de até sete dias, “conciliando seus interesses empresariais com as demandas de seus clientes e agentes de mercado em geral”.

O hedge da gasolina, que passou a ser adotado em setembro, permite a empresa manter os valores estáveis nas refinarias por até 15 dias.

>> O Pão de Açúcar registrou lucro líquido de R$ 414 milhões no quarto trimestre de 2018, o que representa um avanço de 46,8% na base de comparação anual. O ebitda teve avanço de 30,7% ao totalizar R$ 981 milhões.  A receita líquida foi 12% superior na base de comparação anual, somando R$ 14,012 bilhões, enquanto a margem Ebitda teve baixa de 0,2 ponto percentual, para 7,2%. 

O Pão de Açúcar também anunciou nova venda de participação na Via Varejo, de 3,09% do capital da empresa, o que pode pressionar o papel. 

>> A Arezzo viu seu lucro líquido cair 23,7% no quarto trimestre de 2018 quando comparado ao mesmo período do ano anterior, enquanto a receita líquida teve alta de 13,4%, a R$ 412,211 milhões. O ebitda teve avanço de 17,7%, a R$ 64,118 milhões e a margem ebitda teve avanço de 0,6 ponto percentual, passando de 15% para 15,6%. 

>> O conselho de administração da Cielo aprovou programa de recompra de ações de até 2,17 milhões de ordinárias, que representa cerca de 0,10% do capital total da companhia e é direcionado aos programas de remuneração, retenção e incentivo de administradores da Cielo.

>> A Standard and Poor’s cortou o rating de longo prazo da BRF de BB para BB- por conta da alta alavancagem da empresa. 

A perspectiva é estável, em meio à expectativa de que a BRF focará a melhora de sua rentabilidade e a retomada do crescimento da geração de fluxo de caixa, enquanto usa os recursos de caixa vindos da recente venda de ativos para reduzir alavancagem e manter um colchão de liquidez.

>> A Gafisa comunicou que o polêmico fundo GWI passou a deter 4,89% das ações ordinárias da companhia.

(Com Agência Brasil e Agência Estado)