Kroton, Estácio e Ser despencam na bolsa após governo Bolsonaro anunciar “Lava Jato da Educação”; veja mais destaques

Confira os destaques da B3 na sessão desta 

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Após a euforia da véspera com uma forte alta em meio às propostas para a reforma da previdência que agradaram o mercado, a sessão desta sexta-feira (15) foi de ressaca para o mercado brasileiro, com o Ibovespa fechando em queda de 0,50%. Na semana, contudo, o índice registrou ganhos, de 2,29%. 

A temporada de resultados também ganha força, com destaque para a Usiminas, que caiu forte após a divulgação de números que não agradaram o mercado. Ao mesmo tempo, ações de educacionais registraram forte queda em meio ao anúncio da “Lava Jato da Educação” pelo governo Bolsonaro.

Na semana, a maior alta ficou com a Energias do Brasil (ENBR3), com ganhos de 7,11%, em meio à notícia de que a venda da fatia de 51% na EDP Brasil poderia render 2,3 bilhões de euros para a EDP portuguesa, segundo cálculos da Elliot Advisors. O desinvestimento, juntamente com outros, foi sugerido pela gestora de fundos como parte de uma estratégia de crescimento futuro do grupo, em alternativa em relação à oferta de aquisição feita pela China Three Gorges (CTG). 

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Já a maior queda da semana ficou com BB Seguridade (BBSE3), em meio ao resultado do quarto trimestre que não agradou o mercado. Sabesp (SBSP3) registrou a segunda maior queda no período, em meio ás incertezas sobre a privatização ou capitalização da companhia (veja mais clicando aqui). 

Confira os destaques do mercado nesta sexta-feira (15):

Educacionais

As ações da Kroton (KROT3), Estácio (ESTC3) e Ser (SEER3) despencaram até 7% após o Ministério da Educação informar que Ricardo Vélez Rodrígues, chefe da pasta, assinou acordo com o ministro da Justiça, Sergio Moro, para investigar indícios de corrupção no MEC.

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Pelo Twitter, Bolsonaro se pronunciou sobre o assunto: “muito além de investir, devemos garantir que investimentos sejam bem aplicados e gerem resultados. Partindo dessa determinação, o Ministro Professor @ricardovelez apurou vários indícios de corrupção no âmbito do MEC em gestões passadas. Daremos início à Lava Jato da Educação!”

Ele ainda informou que “um acordo formal para dar início aos trabalhos foi feito em reunião entre o Professor Velez e os Ministros Sergio Moro (Justiça), Wagner Rosário (CGU) e André Mendonça (AGU), com a presença do diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo.

Ontem, o Ministério da Educação já havia anunciado um acordo de cooperação interministerial com o ministério da Justiça, mas o impacto foi sentido principalmente na sessão desta sexta-feira, principalmente após a manifestação do presidente Bolsonaro pelo Twitter. 

Segundo nota do MEC enviada à imprensa, a pasta já identificou favorecimentos indevidos no Programa Universidade para Todos (ProUni), desvios no Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), envolvendo o sistema S, concessão ilegal de bolsas de ensino a distância e irregularidades em universidades federais.

A investigação é uma das principais metas do Ministério da Educação dentro do plano de ações dos 100 primeiros dias do governo. Trata-se ainda do cumprimento de uma orientação de Bolsonaro dada, de acordo com a pasta, para todos os ministérios e instituições federais.

Usiminas (USIM5)

A Usiminas reportou no quarto trimestre de 2018 lucro líquido de R$ 401 milhões, revertendo o prejuízo líquido de R$ 45 milhões em igual período de 2017. No ano, a siderúrgica mineira teve lucro líquido de R$ 829 milhões, crescimento de 163% ante os R$ 315 milhões em 2017.

O lucro atribuído aos acionistas da companhia, que é aquele que é utilizado no cálculo para a distribuição de dividendos, ficou em R$ 354,8 milhões, ante prejuízo de R$ 49,9 milhões em igual trimestre do ano anterior.

O Ebitda ajustado chegou a R$ 830 milhões entre os meses de outubro a dezembro do ano passado, alta de 84% em relação ao observado em igual período do ano anterior, R$ 450 milhões. Na comparação com o terceiro trimestre, a alta foi de 18%. No ano, a geração de caixa pelo mesmo critério somou R$ 2,69 bilhões, alta de 23%.

A margem Ebitda ajustada foi de 24% no quatro trimestre de 2018, ante 15% em igual período de 2017 e de 18% no terceiro trimestre. No ano, a margem ficou estável, em 20%.

A receita líquida, por sua vez, ficou em R$ 3,43 bilhões no trimestre, queda de 11% na comparação com o terceiro trimestre de 2018, mas alta de 12,5% na comparação anual. No acumulado do ano, as receitas subiram 28% para R$ 13,7 bilhões.

De acordo com a XP Research, a siderúrgica reportou o pior resultado trimestral em dois anos. “O principal destaque foi o custo da siderurgia, com a despesa operacional por tonelada com valor 5% acima da nossa expectativa e alta de 11% ante o terceiro trimestre de 2018, pressionado por frete e custos de manutenção”, destaca Karel Luketic, analista da XP Investimentos.  O volume e o preço de aço no mercado doméstico vieram em linha com as expectativas da XP. 

Smiles (SMLS3)

A Smiles teve lucro líquido de R$ 164,6 milhões no quarto trimestre de 2018, alta de 33,8% em relação a igual período de 2017. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) totalizou R$ 205 milhões, alta 37,4%, enquanto a margem foi de 63,6% para 73,5%.

De acordo com o Itaú BBA, a companhia reportou números fortes e melhores do que o esperado.

“A empresa entregou crescimento de faturamento e margens saudáveis, o que gerou um lucro líquido de R$ 165 milhões, 9% acima da nossa projeção. A empresa também anunciou dividendos que levam a um payout de 70% em 2018, incluindo o JCP pago em trimestres anteriores. O bom desempenho pode gerar um price action positivo no papel, embora os investidores estejam focados no possível fechamento de capital pela Gol nos próximos meses”, avaliam os analistas. O Itaú BBA mantém recomendação de compra em Smiles, com preço-alvo para 2019 de R$ 60 .

Cosan (CSAN3)

A Cosan teve lucro líquido de R$ 1,33 bilhão no quarto trimestre de 2018, alta de 93,3% na comparação com o mesmo período de 2017, enquanto a receita operacional líquida do quatro trimestre subiu 31,7%, para R$ 2,8 bilhões. O Ebitda totalizou R$ 1,76 bilhão, 7,5% maior do que no quarto trimestre de 2017.

A XP Research ressalta que um dos principais destaques foi a melhora expressiva de margens no negócio de distribuição de combustíveis, implicando uma leitura positiva não só para a empresa, mas para outras distribuidoras listadas como Ultrapar e BR Distribuidora. 

Petrobras (PETR3;PETR4)

Em um movimento de leve realização dos lucros após a disparada da véspera com alguns pontos da proposta da reforma da previdência animando o mercado, as ações da Petrobras tiveram queda apesar da alta do petróleo. 

O noticiário da Petrobras também é movimentado. De acordo com informações do Valor Econômico, a área técnica da equipe do governo considera que há grande dificuldade de fechar até o fim do mês um acordo em torno da revisão do contrato da cessão onerosa entre Petrobras e Tesouro Nacional. O valor pedido pela Petrobras continua muito acima do limite estipulado internamente pela Fazenda.

Porém, fontes de dentro do ministério da Economia avaliam que pode haver um entendimento entre o fim de fevereiro e o início de março, limite para que todo o processo envolvendo os leilões de excedentes possam ser concluídos ainda neste ano, com a receita das concessões sendo pagas até dezembro e ajudando a diminuir o déficit fiscal do governo.

Atenção ainda para as falas do CEO da estatal, Roberto Castello Branco, que afirmou em entrevista à jornalista Miriam Leitão para a GloboNews que a Petrobras pretende reduzir para 50% a participação da estatal no mercado de refino brasileiro. Atualmente, a companhia possui quase a totalidade do mercado. Ele acrescentou ainda que a empresa poderá vender 100% de sua participação em algumas refinarias.

A ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) prevê para o final de março a assinatura do acordo com a estatal para o encerramento da controvérsia envolvendo a unificação das áreas do Parque das Baleias, na Bacia de Campos. A informação foi divulgada pela própria ANP, que fez  uma audiência pública para debater a minuta de acordo para possibilitar a agentes econômicos, entes federados e interessados que encaminharam sugestões sobre o tema, que passou por consulta pública por 45 dias.

A controvérsia surgiu a partir do momento em que a ANP determinou a unificação das áreas do Parque das Baleia, que abrange as áreas em desenvolvimento de Baleia Anã, Baleia Azul, Baleia Franca, Cachalote, Caxaréu, Mangangá, Pirambu e o campo de Jubarte, originadas do bloco BC-60, na Bacia de Campos, mas a Petrobras instaurou um processo arbitral perante a Câmara de Comércio Internacional contestando a decisão.

Segundo a ANP, a minuta do acordo prevê que a Petrobras pagará, em valores atuais, cerca de R$ 3,1 bilhões retroativos decorrentes de participações especiais no supercampo. Deste total, R$ 1,1 bilhão será a vista logo após a conclusão do acordo e o restante divididos em 60 parcelas mensais.

Em decorrência da necessidade de novos investimentos a serem realizados a partir do acordo, A ANP se compromete na minuta do contrato a prorrogar a fase de produção do Novo Campo de Jubarte por 27 anos, para 2056 (inicialmente, se encerraria em 2029).

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A ANP ainda autorizou o pagamento de mais R$ 246,2 milhões à estatal referentes a subvenções do programa de subsídio ao diesel, encerrado no final do ano passado, segundo comunicado da agência reguladora do setor nesta quinta-feira.

Vale (VALE3)

Oito funcionários da mineradora Vale foram presos temporariamente hoje em uma operação deflagrada pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), com o apoio das polícias civis e militares dos estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro.

Os alvos dos mandados de prisão cumpridos nesta manhã são suspeitos de responsabilidade criminal pelo rompimento da Barragem 1 da Mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho. Entre os presos estão quatro gerentes e quatro técnicos diretamente envolvidos na segurança e estabilidade do empreendimento. Todos ficarão detidos por 30 dias e serão ouvidos pelo MPMG em Belo Horizonte. Além dos crimes de homicídio qualificado, eles poderão responder por crimes ambientais e falsidade ideológica.

A Vale ainda informou que ocorreu um incêndio em uma das casas de transferência do sistema de correias transportadoras em seu centro de distribuição na Malásia. “O incêndio provocou apenas danos materiais e as operações devem ser retomadas em aproximadamente 10 a 15 dias”, disse a mineradora no comunicado. A Vale espera um impacto reduzido em seus embarques, uma vez que já estava programada parada para manutenção preventiva de 10 dias no terminal neste mesmo período. 

Frigoríficos

As ações da BRF (BRFS3) chegaram a subir, mas viraram para a queda, enquanto a JBS (JBSS3) registrou fortes ganhos após a China confirmar a imposição de medidas antidumping sobre a importação de frango brasileiro, mas manter a isenção para essas empresas.

De acordo com anúncio do Ministério do Comércio local, os importadores do frango brasileiro deverão pagar tarifas de 17,8% a 32,4% a partir do próximo domingo (17). A medida terá validade de cinco anos. No entanto, o governo chinês também informou que JBS, BRF e outras 12 empresas brasileiras conseguiram um acordo com as autoridades locais após apresentarem um “compromisso de preço” e não sofrerão a imposição das tarifas.

Além das gigantes nacionais do setor, ficarão de fora das novas taxas os produtos das seguintes companhias: Copacol, Consolata, Aurora Alimentos, Bello Alimentos, Lar, Coopavel, São Salvador Alimentos, Rivelli Alimentos, Gonçalves e Tortola, Copagril, e Vibra e Kaefer.

As isenções seguem-se a meses de negociações entre produtores brasileiros de carne de frango e a China, enquanto o Brasil buscava resolver uma questão antidumping lançada em agosto de 2017. O Brasil é o maior exportador mundial de carne de frango e o maior fornecedor estrangeiro para a China.

Marfrig (MRFG3)

A Marfrig Global Foods fez o primeiro embarque de carne bovina para o Japão por meio de unidades industriais no Uruguai. Com destino a Tóquio, a carga inclui uma variedade de hambúrgueres e cortes refrigerados. O produto será comercializado no mercado local pela National Beef, informou a Marfrig em nota.

Segundo o comunicado, a Marfrig lidera o setor de carne bovina no Uruguai, com duas fábricas de hambúrgueres localizadas nas cidades de Colonia e Tacuarembó. “A companhia tem capacidade de produção de 500 toneladas por mês desse produto e é fornecedora certificada global das principais redes de fast food internacionais”, destacou a nota.

A empresa também já exporta outros produtos industrializados para o mercado japonês, como extrato de carne e jerky beef, snack de carne bovina muito popular nos Estados Unidos e no Japão.

Gafisa (GFSA3)

A GWI saiu do bloco de controle da Gafisa após leilão, segundo fonte ouvida pela Bloomberg. A Planner intermediou venda de 14,6 milhões de ações ordinárias da companhia nesta quinta-feira e a própria corretora adquiriu os papéis em nome de um grupo de investidores que se mostrou interessado, disse uma pessoa familiarizada com o assunto que pediu anonimato porque não pode falar publicamente.

As ações foram vendidas a R$ 9 por ação, enquanto os papéis eram negociados a R$ 16 há um mês. O GWI achou o leilão em bolsa a forma mais transparente de sair do bloco de controle da companhia, segundo a fonte. Os nomes dos investidores não foram divulgados. Procurada pela Bloomberg, a Planner não quis fazer comentários.

As ações representam 33,67% dos papéis com direito a voto da Gafisa e, segundo a agência, pelo volume envolvido, a própria Gafisa deve divulgar um comunicado nos próximos dias sobre a venda. Confira mais sobre o assunto clicando aqui. 

IRB Brasil (IRBR3)

O IRB Brasil Re confirmou em fato relevante  notícia antecipada pelo Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) de sua oferta restrita de ações para saída do fundo de investimento da Caixa. A oferta restrita será de 27.656.408 ações ordinárias, pertencentes ao Fundo de Investimento Caixa FGEDUC Multimercado (FI-FGEDUC), e o preço por ação será definido após procedimento de coleta de intenções (bookbuilding) marcado para o dia 26 de fevereiro. Ao preço de fechamento de quinta-feira, de R$ 92, a oferta movimentaria R$ 2,54 bilhões.

A oferta restrita será realizada no Brasil sob a coordenação da Caixa (líder), com o BofA Merrill Lynch, o Bradesco BBI, o BB Investimentos e o Itaú BBA, em regime de garantia firme, tento esforços de colocação no exterior pelo Merrill Lynch, Pierce, Fenner & Smith Incorporated, o Bradesco Securities, Inc., pelo Banco do Brasil Securities LLC e o Itau BBA USA Securities para investidores institucionais qualificados.

Cesp (CESP6)

A Cesp teve a recomendação pelo Morgan Stanley ao avaliar que a companhia está sem um evento positivo no curto prazo. O perfil de risco-retorno da Cesp parece mais equilibrado, após o forte desempenho das ações nos últimos doze meses, escreveram em nota os analistas do Morgan Stanley Miguel Rodrigues, Alexandre Zimmermann e Fernando Amaral.

A Cesp foi rebaixada de overweight para equal-weight, com o preço-alvo da ação sendo elevado de R$ 23 para R$ 25, devido ao juro real menor. O  Morgan Stanley continua com perspectivas positivas para o longo prazo, mas não tem convicção sobre eventos positivos de
curto prazo.  O recente aumento dos preços spot e piores perspectivas para o déficit hídrico sugerem outro ano difícil para as empresas de geração; 

MRV (MRVE3)

O Morgan Stanley também cortou MRV e vê expectativas deslocadas de equal-weight para underweight, ao mesmo tempo em que mantiveram o preço-alvo em R$ 13. “Achamos que o mercado tem expectativas deslocadas e elevadas para a MRV”, escreveram os analistas em nota divulgada nesta sexta-feira.

O Morgan Stanley vê o programa MCMV como um segmento congestionado, ao contrário dos segmentos de média e alta renda. “Existem mais projetos buscando a mesma oferta de recursos”. O Morgan Stanley reduziu suas estimativas de lançamento e vendas para a MRV em 2019. O preço-alvo para construtora Cyrela foi elevado de R$ 15 para R$ 20; recomendação overweight mantida.

Os segmentos de média e alta renda no Brasil estão em início de ciclo e a Cyrela é o melhor nome para explorar isso, destacaram os analistas. “O mercado dará um prêmio maior para as oportunidades de crescimento da Cyrela”, afirmaram. 

(com Agência Estado, Agência Brasil e Bloomberg)

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.