Santander Brasil lucra R$ 12,16 bilhões em 2018, anúncios da Vale sobre barragens e ação nos EUA e mais destaques

Confira no que ficar de olho na sessão desta quarta-feira (30)

Lara Rizério

(Bloomberg)

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SÃO PAULO – Os desdobramentos do rompimento da barragem da mina do Feijão em Brumadinho (MG) seguem sendo acompanhados de perto pelo mercado. Após a Vale desativar barragens perigosas e reduzir 10% da produção, o minério de ferro dispara na China, impulsionando ações de mineradoras.

Além de Vale, o mercado repercute a continuidade da temporada de balanços, com destaque para o Santander Brasil. Revisão de recomendação de utilities e falas do presidente da Petrobras também ganham destaque no mercado. Confira no que ficar de olho na sessão desta quarta-feira (30):

Vale (VALE3)

Após reunião com os ministros de Minas e Energia, Bento Albuquerque, e do Meio Ambiente, Ricardos Salles, o presidente da Vale, Fabio Schvartsman, anunciou hoje (29) que a empresa vai acabar com dez barragens, como a que se rompeu em Brumadinho (MG). Segundo ele, essas barragens serão descomissionadas.

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“É a resposta cabal e à altura da enorme tragédia que tivemos em Brumadinho. Este plano foi produzido três a quatro dias após o acidente”, ressaltou o executivo.

Schvartsman afirmou que descomissionar significa preparar a barragem para que ela seja integrada à natureza. “A decisão da companhia é que não podemos mais conviver com esse tipo de barragem. Tomamos a decisão de acabar com todas as barragens”, disse o executivo em Brasília.

O presidente da Vale disse que o projeto para descomissionar as barragens está pronto e será levado para os órgãos federais e estaduais em 45 dias. Segundo ele, o prazo para executar as ações é de no mínimo um ano e no máximo 3 anos. Os trabalhos devem ter início dois meses após a expedição das licenças. A Vale estima que serão aplicados cerca de R$ 5 bilhões para efetivar o plano.

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Schvartsman disse que “não teve qualquer tipo de pressão” por parte do governo federal para intervir na direção da Vale. De acordo com ele, a reunião de hoje com os ministros Costa e Lima e Salles foi “absulatamente técnica”.

“Esse plano foi hoje apresentado aos ministros de Minas e Energia e Meio Ambiente, assim como foi apresentado à data de ontem ao governador Romeu Zema [de Minas Gerais].” De acordo com o executivo, a decisão será publicada por meio de comunicado para informar o mercado financeiro.

A medida vai reduzir a produção em 40 milhões de minério de ferro e 10 toneladas de pelotas por ano, o que representa 10% da produção da empresa ao ano.

“A decisão da companhia é que, depois que esse desastre aconteceu, não podemos mais conviver com esse tipo de barragem, tomamos a decisão de eliminar com todas as barragens a montante, descomissionando todas elas com efeito imediato. Para tanto será necessário paralisar as operações de mineração em todos os sítios que estão nas proximidades dessas barragens”, disse o presidente da Vale.

O rejeito das barragens a serem descomissionadas poderá ser convertido em outros materiais, como tijolos, ou enterrado. “Todas as 19 já estão desativadas. As descomissionadas deixam de ser barragens ou são esvaziadas ou integradas ao meio ambiente”, afirmou Schvartsman. “Isso representa um esforço inédito de uma empresa no sentido de dar uma resposta cabal à altura da tragédia de Brumadinho”, acrescentou.

“Enaltecemos esse movimento, pois aumenta a visibilidade no pior cenário da Vale para perdas de volume e minimiza o impacto no EBITDA consolidado (11 milhões de toneladas de produção de pellet feed perdidas, potencialmente compensadas por prêmios mais altos)”, destacam os analistas do Itaú BBA. 

A Vale afirmou ainda que pretende se defender “de forma vigorosa” da “reclamação para instauração de uma suposta ação coletiva de valores mobiliários” ajuizada nos Estados Unidos contra a empresa, seu diretor-presidente e seu diretor executivo de Finanças e Relação com Investidores, Luciano Siani Pires.

“A Reclamação, supostamente ajuizada em nome de alguns compradores de títulos mobiliários da Vale, alega violações aos artigos 10(b) e 20(a) da Lei de Valores Mobiliários americana de 1934. A Reclamação alega, entre outros pontos, que a Companhia teria feito declarações falsas e enganosas e se omitido em divulgar os riscos e danos potenciais no caso de um rompimento da barragem de Feijão em Brumadinho, MG, Brasil. A reclamação requer indenização por danos ainda não especificados. Tendo em vista o estágio ainda inicial do processo, não é possível, neste momento, prever qualquer possível resultado para esta questão”, afirma a mineradora, em comunicado ao mercado.

O Valor informa ainda que a Vale tem substituto para Schvartsman, caso a mudança venha a ser necessária; no entanto, a empresa não tratou da mudança de nome. Pessoas próximas aos acionistas da Vale avaliam que seria um erro fazer qualquer mudança na direção da empresa neste momento. O modelo de governança corporativa da mineradora tem política definida sobre como fazer o processo de sucessão, diz o jornal. Eventual substituto de Fabio Schvartsman é interno e se insere dentro da visão de mitigação de riscos na governança e o nome não é revelado nem nos bastidores. A avaliação do conselho é que Schvartsman vem tomando providências necessárias neste momento de crise e tem sido diligente. 

Santander Brasil (SANB11)

O Santander Brasil teve lucro líquido de R$ 3,336 bilhões no 4º trimestre de 2018, alta de 9,8% na comparação com o 3º trimestre (R$ 3,039 bilhões). O lucro gerencial, que exclui fatores extraordinários, foi de R$ 3,405 bilhões nos últimos 3 meses do ano passado, segundo balanço divulgado nesta quarta-feira (30).

Em 2018, o lucro líquido foi de R$ 12,166 bilhões, alta de 52% frente 2017, quanto totalizou R$ 7,997 bilhões. O lucro gerencial alcançou R$ 12,398 bilhões.

O índice de inadimplência superior a 90 dias foi 3,1% no final de dezembro, ante 2,9% no final do terceiro trimestre. O retorno sobre o patrimônio líquido foi de 19,9% em 2018, 3 pontos percentuais frente 2017. No trimestre, a rentabilidade somou 21,1%.

A carteira de crédito total foi de R$ 305,2 bilhões ao final de dezembro,12% superior frente a comparação anual, impulsionada pelos segmentos de pessoa física e financiamento ao consumo.

Petrobras (PETR3;PETR4)

O presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, disse durante evento do Credit Suisse, na terça-feira (29), que defenderá um “mercado vibrante e com competição” na questão dos preços dos combustíveis. De acordo com o executivo, ele não quer mais ouvir a expressão “política de preço”. “Vocês já ouviram política de preço do iPhone? Política de preço do feijão? Não existe política de preço. Existe mercado”, defendeu.

Ainda sobre Petrobras, o Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais) proferiu decisão favorável à Petrobras em processos administrativos que totalizam R$ 11,9 bilhões. Esses processos foram originados por autuações da Receita Federal para cobrança Cide-importação e PIS/Cofins-importação de 2011, além de PIS/Cofins-importação de 2012 sobre remessas ao exterior para pagamento de afretamento de embarcações. De acordo com a Petrobras, essa decisão não altera a expectativa de perda possível.

Além disso, após a Petrobras sinalizar que pretende deixar o setor petroquímico, a LyondellBasell retomou com mais força as negociações para a compra da Braskem. Segundo o jornal Valor Econômico, os movimentos recentes do novo governo brasileiro e da nova gestão da estatal foram bem recebidos pela Odebrecht e pela multinacional holandesa, que haviam desacelerado as negociações à espera do novo comando do país. 

Eletrobras (ELET3;ELET6)

 A Eletrobras contratou o BofA (Bank of America Merrill Lynch) e o Bradesco para que os bancos realizem a rolagem de US$ 1 bilhão em bonds da companhia emitidos no exterior com vencimento no segundo semestre.

Recomendações

O HSBC revisou a recomendação para três papéis do setor de utilities, reduzindo recomendação de Sabesp (SBSP3), Cemig (CMIG4) e Engie (EGIE3) para neutro, com preços-alvo respectivos de R$ 46, R$ 14 e R$ 40. 

(Com Agência Brasil e Agência Estado)

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.