Cinco pessoas suspeitas de atestar segurança em mina de Brumadinho são presas

Documentos apontam indícios de autoria ou participação dos suspeitos nas infrações penais de falsidade ideológica, crimes ambientais e homicídios

Weruska Goeking

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SÃO PAULO – Foram presos na manhã desta terça-feira (29) cinco pessoas suspeitas de atestarem a segurança da barragem da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), o que permitiu a continuidade das operações. A investigação tenta descobrir se houve fraude em laudos.

Entre os presos estão dois engenheiros da empresa TÜD SÜD, Makoto Namba e André Yum Yassuda, que prestaram serviços para a Vale e são suspeitos de fraudar laudos técnicos da empresa, permitindo as operações na barragem, segundo informações da TV Globo. Os homens foram presos em casa, em São Paulo.

Na casa de Makoto Namba, chamou a atenção dos investigadores o fato de haver vários recortes de jornal com informações sobre a tragédia de 2015 de Mariana, da Samarco. Segundo a TV Globo, também foram encontrados cartões de crédito, computadores e extratos de contas bancárias no exterior.

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Em Belo Horizonte foram presos três funcionários da Vale responsáveis pelo licenciamento da barragem e atestaram a estabilidade do empreendimento. Segundo a TV Globo, os funcionários são Cesar Augusto Pauluni Grandchamp, Ricardo de Oliveira e Rodrigo Artur Gomes de Melo. 

A prisão das cinco pessoas ligadas à barragem é temporária, ou seja, com validade de 5 dias prorrogáveis por mais cinco. Todos os presos serão ouvidos pelo MPMG (Ministério Público de Minas Gerais). Os documentos e provas apreendidas também serão encaminhados ao Ministério Público para análise.

Por meio de nota, a Vale disse que está colaborando plenamente com as autoridades. “A Vale permanecerá contribuindo  com as investigações para a apuração dos fatos, juntamente com o apoio incondicional às famílias atingidas”.

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A Tüv Süd Brasil informou, também em nota, que “não irá se pronunciar neste momento e fornece todas as informações solicitadas pelas autoridades”.

Além dos cinco mandados de prisão, foram cumpridos sete mandados de busca e apreensão expedidos pelo Juízo da Comarca de Brumadinho.

A força-tarefa envolve a Polícia Federal, o Ministério Público Estadual e Federal e a Polícia Civil, além de policiais, promotores e procuradores de Minas.

Prisão “imprescindível”

A juíza federal da Comarca de Brumadinho, Perla Saliba Brito, considerou a prisão dos funcionários da Vale e dos dois engenheiros terceirizados, que atestaram a estabilidade do empreendimento, “imprescindível” para as investigações. “Trata-se de apuração complexa de delitos, alguns, perpetrados na clandestinidade”, disse.

A magistrada destacou que os documentos demonstram a existência de indícios de autoria ou participação dos representados nas infrações penais de falsidade ideológica, crimes ambientais e homicídios, “crimes estes punidos com penas de reclusão”.

Em outro ponto da decisão, ela cita que a tragédia demonstrou não corresponder ao teor dos documentos, “não sendo crível que barragens de tal monta, geridas por uma das maiores mineradoras mundiais, se rompam repentinamente, sem dar qualquer indício de vulnerabilidade”.

“Convém salientar que especialistas afirmam que há sensores capazes de captar, com antecedência, sinais do rompimento, através da umidade do solo, medindo de diferentes profundidades o conteúdo volumétrico de água no terreno e permitindo aos técnicos avaliar a pressão extra provocada pelo peso líquido, o que nos faz concluir que havia meios de se evitar a tragédia”, concluiu a juíza.

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(Com Agência Brasil)