Tragédia em Brumadinho e efeitos na bolsa e mais 4 assuntos que vão agitar os mercados nesta semana

O EWZ, principal ETF brasileiro, mostra queda de quase 2% no pré market repercutindo os efeitos do rompimento de uma barragem da Vale

Weruska Goeking

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SÃO PAULO – A semana começa com o mercado repercutindo a tragédia de Brumadinho (MG), onde uma barragem de rejeitos de mineração da Vale (VALE3) se rompeu na tarde de sexta-feira (25), deixando um rastro de destruição ambiental e dezenas de mortos.

O rompimento da barragem ocorreu no feriado de São Paulo, em que a B3 esteve fechada, e fez com que os ADRs (American Depositary Receipts) da companhia tivessem queda cerca de 8%, levando o índice de ADRs Brazil Titans 20, negociado na NYSE, fechasse praticamente estável. (Confira o que esperar para as ações da Vale e para o Ibovespa nesta segunda). 

Hoje, os ADRs despencam até 19% e o EWZ (iShares MSCI Brazil ETF), principal ETF brasileiro, mostra queda de quase 2% no pré market.

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Os investidores também ficaram atentos aos próximos passos do governo, há poucos dias da volta do recesso do Congresso e das eleições para a presidência da Câmara dos Deputados e do Senado, além de ficar de olho primeira reunião do Fomc de 2019 e nas negociações entre China e Estados Unidos. 

Veja no que ficar de olho nesta segunda-feira (28):

1. Bolsas mundiais

Os índices futuros das bolsas dos Estados Unidos apontam para um pregão negativo à medida que o presidente Donald Trump aponta ceticismo em relação a um acordo entre republicanos e democratas sobre a construção de um muro na fronteira com o México. 

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Após a suspensão temporária da paralisação do governo norte-americano na sexta-feira (25), Trump disse ao The Wall Street Journal que novo shutdown é “certamente uma opção”. O pacto para a suspensão temporária prevê a destinação de recursos para financiar a administração federal por três semanas, enquanto a Casa Branca e o Partido Democrata continuarão negociando os fundos para o muro no México.   

Os investidores aguardam ainda nova rodada de negociações com a China para dar fim à guerra comercial entre os países. O governo chinês deve enviar seu vice-primeiro ministro para Washington, capital norte-americana, ainda nesta semana para uma nova rodada de negociações com representantes de Trump. 

Na Europa, as bolsas operam em queda contaminadas pelo pessimismo com os Estados Unidos e à espera de novidades sobre o Brexit. A primeira-ministra britânica Theresa May colocará seus últimos esforços para a votação sobre um acordo para a saída do Reino Unido da União Europeia na terça-feira (29).

As bolsas asiáticas fecharam em queda com investidores também pessimistas em relação às negociações entre China e Estados Unidos. 

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Os preços do petróleo têm forte queda repercutindo o aumento, pela primeira vez em 2019, do número de sondas usadas por empresas de energia norte-americanas para a busca pela commodity. 

O minério de ferro da China opera em forte alta após o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho. A tragédia gera preocupações sobre a oferta, uma vez que inspeções de segurança em outras operações da Vale podem afetar a produção da companhia de forma mais ampla.

Confira o desempenho do mercado, segundo cotação das 7h50 (horário de Brasília):

*S&P 500 Futuro (EUA) -0,46%

*Dow Jones Futuro (EUA) -0,45%

*Nasdaq Futuro (EUA) -0,56%

*DAX (Alemanha) -0,43%

*FTSE (Reino Unido) -0,32%

*CAC-40 (França) -0,40%

*FTSE MIB (Itália) -0,28%

*Hang Seng (Hong Kong) +0,03% (fechado)

*Xangai (China) -0,18% (fechado)

*Nikkei (Japão) -0,60% (fechado)

*Petróleo WTI -2,01%, a US$ 52,61 o barril

*Petróleo brent -1,91%, a US$ 60,46 o barril

*Bitcoin US$ 3.426 -3,21%
R$ 13.104 -3,13% (nas últimas 24 horas)

*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dalian +2,71%, a 550,50 iuanes (nas últimas 24 horas) 

2. Tragédia em Brumadinho

O rompimento da barragem da mineradora Vale em Brumadinho, região metropolitana de Belo Horizonte, aconteceu na última sexta-feira (25), quando a bolsa brasileira estava fechada em razão do feriado em São Paulo. Na sexta, os ADRs da empresa chegaram a cair 13% ao longo do dia, e fecharam em baixa de cerca de 8%. Hoje, os ADRs despencam até 19%.

Nesta segunda-feira (28), será feito o ajuste de preços das ações negociadas na B3, a bolsa brasileira. Como a Vale tem uma participação de quase 11% no Ibovespa, o que acontecer com a ação terá um impacto relevante no índice.

Embora ainda haja dúvidas sobre as causas do acidente, e os culpados, alguns pontos ficaram claros entre sexta-feira e domingo. O mais dramático é que o número de mortes já é maior que o da tragédia de Mariana, quando uma barragem da Samarco (empresa controlada por Vale e BHP) se rompeu, resultando em 19 mortes. No caso de Brumadinho, até o fim desta tarde, haviam sido informadas 58 mortes (e havia 297 desaparecidos). 

A Justiça já bloqueou um total de R$ 11 bilhões da Vale, para serem usados no socorro às vítimas, na contenção do acidente e na reparação ambiental. Mas ainda é cedo para saber se o valor é suficiente. O estado de Minas Gerais também havia solicitado o bloqueio de ações de propriedade da Vale no valor de até R$ 20 bilhões.

Além disso, o Conselho de Administração da Vale decidiu mudar o sistema de remuneração e incentivos devido ao rompimento da barragem. Em fato relevante, a mineradora informa que o Conselho decidiu suspender o pagamento de remuneração variável aos executivos e também a Política de Remuneração aos Acionistas “e, consequentemente, o não pagamento de dividendos e JCP (juros sobre o capital próprio), bem como qualquer outra deliberação sobre recompra de ações de sua própria emissão”.

3. Agenda econômica

O calendário está recheado nesta semana. Hoje, o Banco Central divulga os dados do setor externo e, na terça-feira (29), os números do crédito, ambos de dezembro. Também na terça, o Tesouro informará os dados fiscais.

Sai ainda nesta semana o índice de desemprego da Pnad Contínua de janeiro, que segundo projeções da GO Associados deve ficar em 11,5%. Para completar, a agenda conta ainda com a produção industrial de dezembro, que deve ter leve retração de 0,2% no período e recuo de 4,5% no ano, de acordo com a GO.

Por fim, na agenda doméstica, destaque para a temporada de resultados, que começa a ganhar força com três grandes empresas apresentando seus balanços do quarto trimestre: Cielo (CIEL3), Santander (SANB11) e Bradesco (BBDC4).

No calendário fora do Brasil, destaque para a primeira reunião do Fomc de 2019, na quarta-feira (30), cuja expectativa é de manutenção das taxas básicas de juros. Ainda nos EUA, a GO Associados destaca as publicações da balança comercial de novembro, dos pedidos de bens duráveis e das vendas do varejo de dezembro, todos na segunda-feira (28).

No mesmo dia em que o Fomc divulga sua decisão de juros, também serão apresentados o PIB (Produto Interno Bruto) do último trimestre de 2018 e a variação de empregos privados, conhecido como relatório ADP, de janeiro.

Na Europa, atenção especial para a provável votação do plano B sobre o Brexit (saída do Reino Unido da União Europeia) no Parlamento britânico. O governo está correndo contra o tempo para tentar chegar a um acordo e evitar que no dia 29 de março ocorra um “Brexit sem acordo”, que poderia gerar um caos nos serviços de fronteira e nas relações com os países do bloco europeu.

Por fim, na China, na terça-feira (29) serão divulgadas as sondagens PMI industrial e não-industrial do NBS relativas a janeiro. Na quinta-feira (31), será publicado o PMI Industrial (Caixin) do mesmo mês, enquanto no sábado (2), serão divulgadas as sondagens PMI de compostos e de serviços (Caixin).

Clique aqui para conferir a agenda completa de indicadores.

4. Noticiário político 

Na política, atenção especial para as articulações antes da eleição no Congresso, marcada para sexta-feira (1). Até o momento, os favoritos são o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), que concorre à reeleição, e o senador Renan Calheiros (MDB-AL). No Senado, porém, a corrida esquentou nos últimos dias com o anúncio da candidatura de Simone Tebet (MDB-MS).

Além disso, atenção para a nova cirurgia que o presidente Jair Bolsonaro faz nesta segunda para a retirada da bolsa de colostomia, no hospital Albert Einstein. A previsão é que a operação dure de três a quatro horas. Será a terceira cirurgia que o presidente fará desde o ataque a facadas em Juiz de Fora, Minas Gerais.

O porta-voz da Presidência da República, general Otávio Santana do Rêgo Barros, informou ontem que após as primeiras 48 horas depois da cirurgia  Bolsonaro voltará ao trabalho ainda no hospital. Um gabinete especial será montado no hospital para que o presidente possa realizar seus trabalhos durante o período de internação, estimado em dez dias.

5. Noticiário corporativo

>> A tragédia do rompimento da barragem da Vale ainda está sendo digerido pelo mercado, com os ADRs da companhia chegando a ter uma derrocada de até 19% hoje após caírem 8% na sexta-feira. 

Depois do rompimento da barragem, diversas casas de análise passaram a revisar a recomendação para os papéis da companhia, caso do Jefferies, Macquarie, HSBC e do BMO, que reduziram a recomendação de compra para o equivalente à manutenção. Os papéis estão sob revisão de recomendação pelo Bank of America Merrill Lynch. 

Vale destacar que a agência de classificação de risco Standard & Poor’s colocou a Vale em CreditWatch com implicações negativas, dizendo que a empresa poderia enfrentar multas e a possível perda de sua licença para operar na região afetada pelo rompimento da barragem.

Durante o fim de semana, diversas decisões de bloqueios e sanções pelo acidente foram tomadas, que já somam R$ 11,3 bilhões. A Vale destacou ainda que foi intimada da imposição de sanções administrativas pelo Ibama e pelo Estado de Minas Gerais de R$ 250 milhões e aproximadamente R$ 99,1 milhões, respectivamente. Os bloqueios dos recursos da Vale representam quase metade do seu caixa no fim de setembro, de R$ 24,4 bilhões no caixa. 

>> Petrobras: O governo federal estendeu até abril o prazo para a apuração e a liquidação de créditos e débitos existentes entre a União e os beneficiários ao final da subvenção econômica para a comercialização do óleo diesel rodoviário.

O prazo para fechar as contas para pagamento às empresas produtoras e importadoras de diesel pela Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) terminaria até o último dia útil de janeiro de 2019. A extensão do período consta de decreto presidencial publicado no Diário Oficial da União (DOU) desta segunda-feira, dia 28.

Pela regulamentação, o pagamento da subvenção à Petrobras e demais fornecedores é feito pela União, via ANP, após fechamento mensal da conta gráfica dos produtores e importadores. O programa de subsídio ao combustível, baixado em maio do ano passado pelo governo de Michel Temer para pôr fim a paralisação de caminhoneiros, foi encerrado em dezembro.

>> A IMC informou que o montante por ação, referente à restituição aos acionistas em decorrência da redução de capital da Companhia, foi alterado em função da redução no número de ações de emissão da Companhia mantidas em tesouraria.

Assim, será pago aos acionistas da Companhia, a título de restituição de parte do valor de suas ações, o montante atualizado de R$ 0,6313917 por ação (anteriormente o valor era de R$ 0,6328581 por ação), sendo certo que do valor da redução de capital será descontado o valor dos tributos, conforme legislação aplicável.

“Todos os prazos e procedimentos informados no comunicado ao mercado divulgado pela Companhia em 22 de janeiro de 2019 permanecem inalterados”, informou a IMC.

>> A TIM emitiu R$ 1 bilhão em debêntures a 104,10% do CDI. A oferta é para investidores qualificados, com vencimento em julho de 2020. A remuneração é de 104,10% do CDI e o coordenador líder é o banco Itaú BBA.

>> O presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Júnior, vai iniciar as discussões com o novo ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, sobre o total de participação da União que será diluído dentro do plano de capitalização da empresa. As informações são do jornal Valor Econômico. Ainda não está claro se o novo plano resultará na venda do controle da elétrica, mas o executivo, defensor da privatização, pretende mostrar ao governo que a desestatização trará mais valor para as ações da companhia que ficarão nas mãos da União. 

>> Elétricas: A bandeira tarifária nas contas de luz para fevereiro será verde, sem custo para os consumidores, a exemplo do que aconteceu em janeiro, segundo a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).

(Com Agência Brasil e Agência Estado)

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