Ibovespa sobe 1% e supera os 95 mil pontos com alívio EUA-China e agenda de reformas

Índice ganhou força na reta final do pregão com arrancada das bolsas norte-americanas e novidades sobre a Previdência

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Favorecido por uma arrancada das bolsas norte-americanas na tarde desta quinta-feira (17), o Ibovespa superou a marca dos 95 mil pontos e renovou mais uma vez sua máxima histórica. O índice já vinha em alta, se descolando do dia de cautela no exterior, mas superou o 1% de alta junto com a bolsa de Nova York após notícias de que os Estados Unidos podem amenizar as tarifas contra a China.

Com isso, o benchmark da bolsa brasileira fechou com alta de 1,01%, aos 95.351 pontos, após chegar a subir 1,37% na máxima do dia, a 95.681 pontos. O volume financeiro ficou em R$ 15,884 bilhões. Já o contrato de dólar futuro com vencimento em fevereiro teve alta de 0,31%, cotado a R$ 3,749, enquanto o dólar comercial fechou com ganhos de 0,74%, para R$ 3,7618 na venda.

No mercado de DIs, a busca é por novo equilíbrio após queda nos prêmios nos últimos pregões. O contrato de juros futuros com vencimento em janeiro de 2021 recuaram 6 pontos-base, para 7,38%, enquanto o contrato para janeiro de 2023 caiu 2 pontos, a 8,50%.

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Por aqui, a equipe econômica segue focada em entregar um esboço da reforma da Previdência ainda nesta semana enquanto negocia com militares o formato de aposentadoria da classe. De acordo com a Bloomberg, o presidente Jair Bolsonaro já recebeu os cenários para reforma.

Segundo uma fonte, todos os cenários incluiriam idade mínima e tempo de transição menor do que os 20 anos que estão na proposta que está em tramitação no Congresso. Além disso, anima o mercado a notícia de que, em Davos, o ministro da Economia Paulo Guedes vai apresentar agenda de privatizações.

Apesar do cenário doméstico animar o investidor, foi o exterior que puxou a arrancada do índice. As bolsas norte-americanas passaram a subir forte com a informação de que os EUA poderiam reduzir as tarifas sobre produtos chineses durante suas negociações comerciais com a China.

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Essa ideia foi veiculada pelo secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, segundo o Wall Street Journal, que citou pessoas próximas ao assunto. A informação, no entanto, aponta também que Mnuchin enfrentou resistência do representante de Comércio dos EUA, Robert Lighthizer, que considera qualquer concessão poderia ser vista como um sinal de fraqueza.

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Na Europa, a primeira-ministra britânica venceu uma partida ao se manter no cargo após votação apertada ontem, mas ainda está longe de ganhar o jogo e o relógio corre contra o tempo para a data limite para a saída do Reino Unido da União Europeia.

Destaques de ações
As maiores altas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 BRFS3 BRF SA ON 23,66 +6,48 +7,89 227,74M
 RENT3 LOCALIZA ON 30,86 +6,27 +3,73 433,64M
 QUAL3 QUALICORP ON 15,28 +6,04 +18,54 66,03M
 ESTC3 ESTACIO PARTON 30,75 +6,03 +29,42 139,55M
 CYRE3 CYRELA REALTON 17,05 +4,28 +10,21 73,08M

As maiores baixas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 LOGG3 LOG COM PROPON ES 18,20 -5,21 +1,00 21,44M
 EMBR3 EMBRAER ON 20,47 -4,79 -5,58 206,27M
 SUZB3 SUZANO PAPELON 42,97 -2,69 +12,84 447,65M
 BTOW3 B2W DIGITAL ON 46,75 -2,42 +11,26 119,35M
 VVAR3 VIAVAREJO ON 4,93 -2,38 +12,30 97,18M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 VALE3 VALE ON 54,23 +3,00 1,37B 1,06B 45.109 
 PETR4 PETROBRAS PN N2 25,16 +1,37 1,26B 1,86B 43.401 
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN 37,18 0,00 955,08M 743,71M 49.934 
 BBAS3 BRASIL ON 48,96 +0,37 634,52M 461,06M 30.442 
 SUZB3 SUZANO PAPELON 42,97 -2,69 447,65M n/d 25.129 
 RENT3 LOCALIZA ON 30,86 +6,27 433,64M 127,05M 45.220 
 BBDC4 BRADESCO PN 42,25 +0,33 407,68M 587,74M 23.173 
 ABEV3 AMBEV S/A ON 17,85 +0,28 397,78M 390,29M 42.784 
 ITSA4 ITAUSA PN 12,94 +0,15 353,57M 316,17M 40.995 
 B3SA3 B3 ON 30,00 +0,50 267,59M 373,28M 26.017 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
IBOVESPA

Noticiário político 

Com pouco mais de duas semanas de existência, o governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) é avaliado como ótimo ou bom por 40% dos brasileiros, ao passo que 20% o classificam como ruim ou péssimo. É o que mostra pesquisa XP/Ipespe, realizada entre os dias 9 e 11 de janeiro.

O olhar positivo sobre o governo Bolsonaro é mais uma evidência de que existe um período de lua de mel para novos presidentes e contrasta com o mau humor mantido pelos eleitores ao longo do mandato do ex-presidente Michel Temer (MDB). Veja a pesquisa completa aqui

No noticiário do dia, o secretário especial de Fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues Junior, disse que a estratégia do governo é enviar a proposta de reforma da Previdência logo no início do mandato do presidente Jair Bolsonaro para elevar as chances de aprovação. “Este é o momento em que o governo tem fôlego político para apresentar medidas de alto impacto. Exatamente é essa a proposição, e é essa a estratégia”, afirmou o secretário.

Ainda nas discussões sobre a reforma da Previdência, uma das propostas que surgiram é a de criar um sistema de pontos para quem está próximo de se aposentar, segundo fonte ouvida pelo jornal Valor Econômico. A alternativa, contudo, encontra resistência em setores do governo, porque misturaria conceitos diferentes do núcleo da proposta de reforma em gestação.

Outra proposta é impor um limite para o acúmulo de aposentadoria e pensão, segundo o jornal O Estado de S. Paulo. Um terço dos pensionistas, ou 2,4 milhões de pessoas, acumula o benefício com a aposentadoria e o custo é de R$ 64 bilhões por ano.

Enquanto isso, os militares intensificam lobby para ficar fora da reforma da Previdência. Em conversa com o jornal Folha de S. Paulo, o comandante do Exército, Edson Pujol, disse que, por causa das particularidades da carreira, os militares deveriam ser poupados da reforma.

Entre as medidas que podem afetar seus integrantes estão em estudo o aumento do tempo de serviço mínimo, de 30 para 35 anos, e o recolhimento da contribuição de 11% sobre as pensões das viúvas dos militares.

A equipe política, liderada pelo ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, defende no geral uma versão mais branda e está mais aberta à exclusão dos militares do texto, informa a Folha. Assessores palacianos dizem que caberá a Bolsonaro, que é capitão reformado do Exército, arbitrar.

Bolsas mundiais
Os índices das bolsas asiáticas encerraram em queda diante de preocupações com a desaceleração da economia chinesa a despeito dos esforços do banco central do país para estimular o crescimento. A nova tentativa é o plano da China de lançar fundos de índices atrelados a bônus, como parte de esforços para atrair mais investidores estrangeiros.

No radar ainda estão novidades sobre a guerra comercial. O vice-primeiro-ministro da China, Liu He, irá visitar os Estados Unidos nos dias 30 e 31 de janeiro para uma nova rodada de discussões com o objetivo de superar divergências comerciais entre as duas maiores economia do mundo.

Na semana passada, negociadores americanos e chineses de médio escalão se reuniram por três dias em Pequim e conversaram sobre uma série de questões, incluindo a ampliação de compras de produtos dos Estados Unidos pela China, maior abertura dos mercados chineses para empresas americanas, reforço da proteção à propriedade intelectual americana e cortes nos subsídios de Pequim a empresas domésticas.

Ao mesmo tempo, crescem as tensões entre China e Estados Unidos com a Huawei no alvo de investigação por autoridades federais em Seattle sobre suposto roubo de segredo comercial de empresas norte-americanas.

As bolsas europeias também operam em queda em meio a resultados trimestrais abaixo do esperado e à espera de solução para o Brexit. A primeira-ministra britânica Theresa May sobreviveu a uma moção de desconfiança apresentada pelo Partido Trabalhista em uma votação apertada, de 325 contra 306. Agora, ela tem até segunda-feira (21) para apresentar nova proposta para a saída do Reino Unido da União Europeia e considera pedir um adiamento do Brexit, previsto para 29 de março. 

O clima de cautela é seguido pelos índices futuros em Wall Street, que também operam em queda. Na última noite, o presidente da unidade de Minneapolis do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Neel Kashkari, disse que, em caso de uma crise econômica, a instituição tem menos espaço hoje para cortar juros do que tinha há 10 anos, no auge da crise financeira.

“Não me oponho a aumentar as taxas para sempre, mas quero ver evidências de que a economia dos EUA está em potência máxima”, disse Kashkari. Segundo ele, quando as evidências sustentarem o aumento das taxas, ele apoiará o aperto monetário. Kashkari também argumentou que se a inflação permanecer baixa apesar de um forte mercado de trabalho, o Fed pode adiar o aumento do custo de empréstimos de curto prazo.

O governo norte-americano segue parcialmente paralisado, com o maior shutdown da história entrando em seu 27º dia. De acordo com a Bloomberg, a Câmara dos Deputados dos EUA, aprovou uma série de projetos de lei para acabar com a paralisação parcial do governo, com pouco apoio republicano. As medidas fornecerão US$12,1 bilhões em ajuda humanitária, reabrirão os nove departamentos federais fechados e dezenas de agências até o dia 8 de fevereiro, mas não inclui o financiamento para o muro da fronteira com o México, exigido por Trump.

O Senado, que é controlado pelos republicanos, não votou em nenhuma legislação para acabar com a paralisação, e o líder Mitch McConnell diz que não votará sem o apoio de Trump.

No mercado de commodities, a produção recorde de petróleo dos Estados Unidos faz pressão sobre os preços, que recuam em meio a preocupações com o enfraquecimento da demanda. 

InfoMoney/Um Brasil sobre governo Bolsonaro

O programa InfoMoney/Um Brasil desta semana entrevista José Eduardo Faria, professor titular do Departamento de Filosofia e Teoria Geral do Direito, da Faculdade de Direito da USP.

Na pauta, os primeiros passos e escorregões do governo de Jair Bolsonaro em duas semanas de mandato, as perspectivas para a governabilidade na nova gestão e o futuro das relações entre os Executivo, Legislativo e Judiciário após o resultado das urnas e turbulências institucionais recentes. A entrevista será transmitida ao vivo, a partir das 17h (horário de Brasília), pela InfoMoneyTV.

Agenda econômica

Na cena doméstica, o destaque fica para o IBC-Br (Índice de Atividade do Banco Central), considerado uma prévia do PIB, que teve alta de 0,29% em novembro ante outubro, acima da estimativa mediana da Bloomberg de avanço de 0,16%. No ano, o crescimento foi de 1,38% e em 12 meses foi de 1,44%.

Clique aqui para conferir a agenda completa de indicadores.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.