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SÃO PAULO – O mau humor que prevalece nas bolsas globais nesta segunda-feira (14) até chegou a pressionar o Ibovespa durante a manhã, mas não foi suficiente para evitar um novo recorde na bolsa brasileira, com o índice superando os 94 mil pontos.
O benchmark da bolsa brasileira fechou com alta de 0,87%, aos 94.474 pontos, com o volume financeiro atingindo R$ 13,744 bilhões. O contrato de dólar futuro com vencimento em fevereiro teve queda de 0,34%, a R$ 3,702, enquanto o dólar comercial recuou 0,42%, cotado a R$ 3,6991.
O mercado de juros futuros fechou em queda. O contrato com vencimento em janeiro de 2021 caiu 7 pontos-base, para 7,37% enquanto o contrato de juros futuros para janeiro de 2023 caindo 7 pontos, a 8,41%.
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No exterior, pesa os dados da economia chinesa. As importações e as exportações do país mostraram queda inesperada, de 4,4% e 7,6%, respectivamente, no maior tombo mensal em dois anos. Ainda assim, e em meio a guerra comercial, o superávit comercial da China ante os Estados Unidos cresceu 17%.
Os números da China preocupam porque não são apenas o retrovisor das transações comerciais, mas tendem a persistir uma vez que o recuo está ligado à desaceleração do crescimento global das economias e à guerra comercial, que segue sem solução.
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O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Steven Mnuchin, afirmou que a próxima rodada de negociações comerciais com a China provavelmente ocorrerá ainda em janeiro, e apontou haver expectativa de que o vice-premiê do país asiático, Liu He, lidere uma delegação a Washington “mais adiante neste mês”.
O desapontamento com os números chineses afeta também as bolsas na Europa, que recuam, com destaque para os papéis da Pandora, que mergulham até 7% após o Morgan Stanley cortar o preço-alvo da empresa.
Os receios com o Brexit também pesam no humor dos investidores. O acordo proposto pela primeira ministra britânica Theresa May deve ser votado no parlamento na terça-feira (15) e é esperada uma grande derrota, uma vez que há críticas por todos os lados – com oposição e pró-europeus pedindo novo referendo – e o acordo proposto é impopular.
Os índices em Wall Street operam em queda também em meio aos receios com os balanços corporativos, o Brexit, o “shutdown” e a desaceleração das economias evidenciada pelos números da balança comercial chinesa.
A paralisação do governo dos Estados Unidos, chamada de “shutdown”, chegou nesta segunda-feira (14) ao seu 24º dia, após se tornar a maior da história do país no último sábado. Os serviços e atividades governamentais estão suspensos desde o dia 22 de dezembro porque o orçamento deste ano não foi aprovado.
O problema ocorre porque o presidente Donald Trump quer que um projeto que destina mais de US$ 5 bilhões para financiar a construção do muro entre o México e os EUA entre no orçamento. Por outro lado, os democratas não aceitam esta despesa e defendem que é necessário reforçar a segurança da fronteira e não construir um muro.
Trump tem batido o pé e já disse estar preparado para que a paralisação dure “meses ou até anos” se precisar. Do outro lado, os democratas também estão se mostrando inflexíveis sobre o orçamento, o que sinaliza que o “shutdown” pode realmente durar bastante.
A questão é que isso tende a afetar cada vez mais a economia norte-americana. Na semana passada, a agência de rating Fitch afirmou que pode até cortar a nota AAA dos EUA se esta questão se estender demais.
Os preços do petróleo voltam a cair abaixo de US$ 60 repercutindo os dados fracos da China. O segundo dia de queda seguido está ligado também às incertezas sobre o corte de produção da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) para compensar o aumento nos Estados Unidos.
A proposta da reforma da Previdência, que tem sido o fiel da balança para os negócios no mercado financeiro brasileiro, segue no radar. Outro tema importante que o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, já confirmou para a próxima semana, é o decreto que torna mais fácil a aquisição e a posse de armas por cidadãos comuns, uma das principais promessas de campanha de Jair Bolsonaro.
Destaques da Bolsa
As maiores altas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:
Cód. | Ativo | Cot R$ | % Dia | % Ano | Vol1 |
---|---|---|---|---|---|
SBSP3 | SABESP ON | 41,60 | +5,34 | +32,06 | 331,52M |
ESTC3 | ESTACIO PARTON | 28,60 | +4,49 | +20,37 | 74,96M |
CCRO3 | CCR SA ON | 14,00 | +4,48 | +25,00 | 210,78M |
QUAL3 | QUALICORP ON | 14,80 | +4,23 | +14,82 | 86,46M |
MRVE3 | MRV ON | 13,88 | +4,05 | +12,30 | 81,75M |
As maiores baixas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:
Cód. | Ativo | Cot R$ | % Dia | % Ano | Vol1 |
---|---|---|---|---|---|
USIM5 | USIMINAS PNA EJ | 9,87 | -3,05 | +7,89 | 176,56M |
LREN3 | LOJAS RENNERON | 40,95 | -1,82 | -3,42 | 236,75M |
IGTA3 | IGUATEMI ON | 39,50 | -1,45 | -5,05 | 129,23M |
NATU3 | NATURA ON EJ | 44,10 | -1,36 | -1,46 | 59,58M |
BRFS3 | BRF SA ON | 22,67 | -1,22 | +3,37 | 133,84M |
As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:
Código | Ativo | Cot R$ | Var % | Vol1 | Vol 30d1 | Neg |
---|---|---|---|---|---|---|
PETR4 | PETROBRAS PN N2 | 24,85 | -0,56 | 1,15B | 1,88B | 57.205 |
VALE3 | VALE ON | 52,60 | +0,42 | 761,01M | 1,07B | 25.798 |
ITUB4 | ITAUUNIBANCOPN | 37,88 | +0,74 | 605,18M | 707,15M | 33.938 |
ABEV3 | AMBEV S/A ON | 17,54 | +1,45 | 554,61M | 347,68M | 48.520 |
B3SA3 | B3 ON | 29,51 | +2,22 | 452,18M | 359,19M | 38.509 |
BBAS3 | BRASIL ON | 49,83 | +2,32 | 376,03M | 459,83M | 25.240 |
BBDC4 | BRADESCO PN EJ | 41,99 | +1,18 | 363,54M | 604,53M | 22.039 |
SBSP3 | SABESP ON | 41,60 | +5,34 | 331,52M | 100,42M | 27.801 |
LREN3 | LOJAS RENNERON | 40,95 | -1,82 | 236,75M | 144,15M | 23.620 |
ITSA4 | ITAUSA PN | 12,99 | +1,48 | 235,38M | 298,64M | 32.156 |
* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão) IBOVESPA
Reforma da Previdência
A proposta de reforma da Previdência que deve ser apresentada ao presidente Jair Bolsonaro deve gerar em 10 anos uma economia superior ao texto original que o ex-presidente Michel Temer apresentou ao Congresso no fim de 2016, que estava calculada em R$ 802,3 bilhões, segundo o jornal Valor Econômico.
A economia pode chegar na casa do trilhão, mas ainda depende dos ajustes que serão feitos até a próxima semana, quando a versão negociada com a Casa Civil será levada a Bolsonaro.
A proposta em finalização se aproxima mais da ideia apresentada pelo grupo coordenado pelo ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, levando em consideração também o texto de Temer que foi aprovado na Comissão Especial da Câmara em 2017. Outras propostas também estão sendo consideradas na construção do texto a ser apresentado ao presidente.
No meio do caminho, há pressão de diversas categorias para que tenham tratamento diferenciado na reforma, com destaque para os militares. Como a categoria é responsável por grande déficit na aposentadoria, uma exceção para esses profissionais desagradará ao mercado e abrirá brechas para que outros setores pressionem por regras diferentes para sua previdência.
Noticiário político
A semana deve ser marcada por medidas provisórias e decretos, com Jair Bolsonaro mostrando a força de sua caneta, como já havia avisado em sua campanha eleitoral.
O presidente deve assinar uma medida provisória que visa a diminuir de R$ 17 bilhões a R$ 20 bilhões as perdas na seguridade social até dezembro. O secretário especial da Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, esteve reunido com os ministros da Economia, Paulo Guedes, e da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, na semana passada, para tratar do texto que promete fechar o cerco às fraudes em benefícios previdenciários.
Bolsonaro também deve assinar decreto que trata da flexibilização da posse de armas no país. Facilitar o acesso do cidadão à arma de fogo foi uma das principais propostas de Bolsonaro durante a campanha eleitoral.
As duas propostas passaram os últimos dias em fase de ajustes finais pela equipe técnica do governo e chegarão à mesa de Bolsonaro esta semana.
Políticos que conversaram com o ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre a reforma da Previdência disseram ao jornal O Estado de S. Paulo tê-lo avisado de que o governo só terá sucesso nessa empreitada se encontrar um caminho para dialogar com o Congresso.
Uma vez que a promessa de Bolsonaro é abandonar o toma lá, dá cá, que consiste na troca de voto por cargos e liberação de emendas, qual será o modelo de negociação do governo com congressistas? Um senador que esteve com Guedes resume: Até se descobrir o novo caminho, todo mundo ficará de braços cruzados.
Um dos caminhos do governo para não ficar refém do Congresso é buscar apoio popular. A ideia é aproveitar a notoriedade do presidente nas redes sociais para convencer os eleitores a cobrarem dos congressistas a votação de propostas.