Cautela no exterior pesa e Ibovespa Futuro cai após recordes; dólar tem leve alta

Bolsas internacionais recuam por preocupação com desaceleração chinesa e mercado doméstico aguarda reforma da Previdência

Weruska Goeking

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SÃO PAULO – Após alcançar a máxima histórica de 93 mil pontos no fechamento da véspera, o Ibovespa enfrenta ventos contrários vindo do mercado externo que mostra preocupação com a desaceleração da economia chinesa, a política monetária norte-americana e o shutdown dos Estados Unidos, que entra em seu 20º dia de paralisação do governo. 

Neste contexto, às 9h05 (horário de Brasília), o Ibovespa futuro caía 0,43%, a 93.720 pontos. O contrato de dólar futuro com vencimento em fevereiro de 2019 tinha alta de 0,30%, cotado a R$ 3,696, e o dólar comercial subia 0,24%, para R$ 3,693. 

No mercado doméstico, o otimismo com a proposta da reforma da Previdência se mantém enquanto a equipe econômica de Jair Bolsonaro desenha os detalhes e sinaliza que não afrouxará regras para os militares.

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O Ibovespa Futuro é um bom termômetro de como será o pregão, mas nem sempre prevê adequadamente movimentos na Bolsa a partir do sino de abertura

Bolsas mundiais

As bolsas asiáticas encerraram, em sua maior parte, em queda, após a divulgação dos preços ao produtor em dezembro mostrar crescimento mais fraco dos últimos dois anos, aumentando a preocupação com o risco de um cenário de deflação. 

O otimismo com o desfecho da reunião entre representantes de China e Estados Unidos dão lugar ao receio diante da desaceleração da economia chinesa. Com isso, as bolsas europeias também operam em queda em uma aversão ao risco que inclui também as preocupações com o rumo da política monetária nos Estados Unidos e o shutdown enfrentado pelo país. 

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Os Estados Unidos entram no 20º dia de paralisação do governo diante de um impasse entre os democratas e o presidente Donald Trump, que pede o financiamento de um muro na fronteira com o México. Ontem, ele abandonou uma reunião com líderes democratas após afirmar que tem o “direito absoluto” de declarar uma emergência nacional para garantir recursos para o muro.

Diante do aumento da temperatura política e à espera de informações sobre a reunião entre Estados Unidos e China, os índices futuros em Wall Street apontam para a primeira queda em cinco pregões. 

O resfriamento do otimismo global visto na véspera atinge também as commodities e os preços do petróleo recuam pela primeira vez em nove dias. O minério de ferro também caem.

Reforma da Previdência

O regime de capitalização a ser proposto na reforma da Previdência deve vigorar conforme a faixa de salário do segurado, segundo apurou o jornal Valor Econômico. A equipe econômica do governo Jair Bolsonaro discute o patamar a partir do qual será aplicado o sistema na proposta da reforma. A ideia é deixar a população com menor renda no sistema atual, de repartição. O sistema de contas individuais seria usado para a maior renda. Se, por exemplo, o corte fosse de dois salários mínimos, 83,5% dos benefícios continuariam no sistema antigo.

Uma das propostas que o governo avalia fixa patamar de R$ 4.055, a partir do qual o profissional passaria a poupar para sua própria aposentadoria. A capitalização só valeria para os nascidos a partir de 2014, que entrariam no mercado de trabalho depois de 2030.

A capitalização deve valer também só para novos integrantes do regime previdenciário,cujo ano de nascimento a ser considerado como corte também ainda precisa ser definido. Com estas duas condicionantes, a percepção no Ministério da Economia é que o custo de migração do sistema seria relativamente baixo e mais viável de ser implementado, explica a reportagem. 

Do outro lado, lideranças da Câmara que devem votar a reforma da Previdência na próxima legislatura divergem sobre a introdução do sistema de capitalização proposto, informa o jornal O Estado de S. Paulo. O atual presidente da Câmara, o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), tem defendido a urgência de se aprovar a reforma.

Ao mesmo tempo, alguns setores já reivindicam tratamento diferente na proposta, como os militares, cujo rombo na aposentadoria cresceu mais que o do INSS no ano passado. O déficit na previdência dos militares até novembro subiu 12,85% em relação ao mesmo período de 2017, de R$ 35,9 bilhões para R$ 40,5 bilhões. O déficit dos servidores civis da União somou R$ 43 bilhões até novembro, alta de 5,22% em relação a igual período de 2017. Já o rombo no INSS subiu 7,4% na mesma base de comparação. Os valores são todos nominais e foram publicados pelo jornal O Estado de S. Paulo.

O vice-presidente Hamilton Mourão disse que a reforma da Previdência a ser enviada ao Congresso abrangerá as Forças Armadas. Em entrevista ao Estado, ele concordou com colegas militares de que a carreira tem características peculiares, mas afirmou que a proposta que modificará as regras para se aposentar no Brasil deve incorporar o aumento da exigência do tempo de contribuição da categoria, de 30 para 35 anos, além do pagamento de contribuição por parte das pensionistas. As regras atuais permitem que militares, homens e mulheres, se aposentem com salário integral após 30 anos de serviços prestados. 

Agenda econômica

A agenda de indicadores doméstica e esvaziada e o foco fica mais uma vez com os Estados Unidos. O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, faz discurso às 15h (de Brasília) e os investidores buscam por mais pistas sobre o rumo dos juros por lá após diretores acenarem para uma atenuação na alta da taxa. 

Clique aqui para conferir a agenda completa de indicadores.

Noticiário político 

O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Dias Toffoli, decidiu ontem que a votação para a eleição da nova Mesa Diretora do Senado, prevista para 1º de fevereiro, deverá ser secreta. A decisão foi tomada pelo ministro em função do período de recesso no Judiciário. A decisão de Toffoli vale até o dia 7 de fevereiro, quando o plenário do STF deverá decidir se referenda sua liminar. 

Ao negar pedido feito pelo parlamentar, o ministro afirmou que geraria insegurança jurídica mudar, via liminar sem decisão do plenário, o formato de votação adotado há anos pela Casa. O raciocínio deve ser aplicado também em julgamento pendente referente às eleições para o comando do Senado.

Noticiário corporativo

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), anunciou que pretende enviar um projeto para privatização da Cemig à Assembleia Legislativa mineira. Em entrevista à Record TV, o político disse que a venda de estatais, inclusive a elétrica mineira, é uma “exigência” do Tesouro Nacional para a renegociação da dívida do Estado com a União.

Nesse esforço para sanear as contas, o governador disse que a privatização de estatais é uma das prioridades. “Está ficando claríssimo que se usa (as empresas públicas) para finalidades políticas”, disse, ao confirmar que a Cemig está entre as empresas que serão oferecidas ao capital privado.

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A ANP (Agência Nacional de Petróleo) sugeriu ao Cade limitar a participação da Petrobras no mercado de gás natural, visando aumentar a concorrência na indústria e desconcentrar o mercado, hoje 75% controlado pela estatal. Apesar de deter essa parcela, na prática a Petrobras é a única fornecedora relevante no mercado, já que adquire a preços baixos as parcelas de empresas como Shell, Repsol e Petrogal, sócias da estatal no pré-sal.

Ainda no radar da companhia, a Petrobras elevou o preço do diesel em 2,5% nas refinarias a partir desta quinta-feira (10) para R$ 1,9009 – primeira alta desde 1º de janeiro. O valor médio da gasolina nas refinarias, porém, foi mantido em R$ 1,4337 por litro.

Outra notícia é o rebaixamento da ADR da Petrobras de ‘overweight’ para ‘underweight’ pelo Barclays. O preço-alvo também foi cortado: de US$ 19 para US$ 17, o que implica em um upside de 8,8% em relação ao último fechamento.

A Cosan atingiu seu nível mais alto em 5 meses na última quarta-feira por conta da alta do petróleo. As ações subiram até 7,5%, para R$ 28,57. A Cosan, por operar nos postos de gasolina no Brasil e na Argentina, juntamente com a Shell, pode se beneficiar de uma recuperação nos preços da gasolina e do petróleo.

Os analistas do Credit Suisse elevaram a recomendação para os papéis da Equatorial de neutra para outperform (acima da média do mercado, o equivalente a compra). O preço-alvo também foi elevado, passando de R$ 63,74 para R$ 91,84, o que implica em um potencial de alta de 15% em relação ao último fechamento.

As ações da TIM, antes classificadas como outperform pelo Credit Suisse, foram rebaixadas a neutra pelo analista Daniel Federle. O preço-alvo foi cortado de R$ 16 para R$ 15 – upside de 15% em relação ao fechamento de ontem.

A Oi, antes classificada como ‘neutra’, teve sua classificação rebaixada para ‘underperform’ pelo analista Daniel Federle, do Credit Suisse. O preço-alvo estimado é de R$ 1,30, o que implica em uma desvalorização de 7,1%.

Também no radar da companhia, um acordo entre a Oi e seu terceiro maior acionista, a Pharol (ex-Portugal Telecom) encerrou uma disputa judicial de um ano. Pelo acordo, a Pharol receberá 25 milhões de euros e mais 33,8 milhões de ações ordinárias da operadora.

A equipe de análise do Credit Suisse também rebaixou a underperform os papéis da Vivo. Antes classificados como ‘neutro’, tiveram o preço-alvo elevado de R$ 46 para R$ 51, um potencial de alta de 4,6%.

O Bradesco BBI  elevou para ‘outperform’ os papéis de Vulcabras Azaleia, estimando um preço-alvo de R$ 11, totalizando um upside de 43%. “A concorrência de importados provavelmente será menor em 2019, o que significa que um dos grandes ventos contrários de 2018 está praticamente fora do caminho”, escrevem os analistas.

A italiana Enel abriu um plano de demissão voluntária em sua subsidiária de distribuição de energia no Estado de São Paulo, a antiga Eletropaulo. Segundo a Reuters, poderão aderir ao programa, colaboradores com mais de oito anos de empresa ou idade superior ou igual a 55 anos. 

(Com Agência Estado e Agência Brasil)