Das TVs à bolsa: como “Roma” e “Bird Box” refletem o sucesso da estratégia da Netflix

Altos investimentos e grande quantidade de produções dão fruto no fim de 2018 e Netflix encerra como uma das queridinhas dos analistas na bolsa

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Mesmo cheio de altos e baixos, 2018 terminou com um ótimo cenário para a Netflix, que conseguiu agradar o público, críticos, analistas e investidores. Mesmo diante da forte queda das bolsas dos Estados Unidos e com o lançamento de alguns filmes e séries de qualidade questionável, a empresa tem muito o que comemorar.

No mercado, a qualidade dos filmes e séries ou mesmo o seu desempenho de audiência não é o que define a alta ou queda das ações, mas é inegável a comparação do bom momento da empresa na bolsa com seus lançamentos de fim de ano, dois em especial: Bird Box e Roma.

O primeiro, protagonizado por Sandra Bullock, se tornou a melhor estreia da Netflix em seus quase 12 anos ao ser visto por 45 milhões de assinantes em apenas sete dias (vale ressaltar que esta foi a primeira vez que a empresa divulgou seus números de audiência). Tudo isso mesmo com críticas apenas medianas por parte dos especialistas.

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Do outro lado, Roma, dirigido por Alfonso Cuarón, se tornou um enorme sucesso de crítica, vencendo o Leão de Ouro do Festival de Veneza. Mesmo que não sendo tão falado entre o público em geral, suas avaliações são altíssimas e a expectativa é que ele chegue forte para disputar o Oscar.

Estas duas produções originais são exemplo das recentes políticas adotadas pela companhia de streaming. De um lado, focar em grandes produções, com atores conhecidos e que ajudem a elevar a audiência. Do outro, dar espaço para diretores produzirem seus filmes com liberdade artística, focando em marcar o nome da empresa também nas grandes premiações.

Esta estratégia deu seus frutos. Para citar outros exemplos, “Black Mirror: Bandersnatch” se tornou fenômeno na internet com suas diferentes opções de finais, enquanto “A Balada de Buster Scruggs”, novo filme dos irmãos Coen, não chamou tanta atenção, mas tem ganhado o título de um dos melhores filmes da Netflix em 2018.

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A companhia tem diversos desafios pela frente, desde a necessidade de otimizar sua produção – hoje a empresa tem sido muito criticada pela grande quantidade de filmes e séries lançadas, o que derruba a média de qualidade – até se preparar para o aumento da concorrência, em especial com o serviço próprio de streaming da Disney.

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Diante disso tudo, a Netflix tem conseguido se fixar como a maior em seu setor e ampliando sua vantagem antes de ganhar concorrentes de peso, e isso tem agradado os investidores.

Mesmo acumulando perdas de 36% no segundo semestre – contra queda de 10% do S&P 500 -, seguindo o cenário de pânico generalizado no mercado norte-americano, os papéis da companhia de streaming fecharam o ano passado com valorização de 36%.

Este foi o melhor desempenho dentre as empresa do grupo de gigantes chamado FAANG (Facebook, Apple, Amazon, Netflix e Google). Para se ter uma ideia, o Facebook desabou 25%, a Apple caiu 5%, enquanto a Amazon subiu 28% e o Google ficou praticamente estável.

Apesar do desempenho bem pior que os dos principais índices da bolsa norte-americana, a Netflix já mostra uma forte recuperação, saltando 11% no acumulado dos últimos 5 pregões – contra menos de 1% de alta do Dow Jones e do S&P 500. E este deve ser apenas o começo.

Em relatório divulgado nesta sexta, o Goldman Sachs reiterou sua recomendação de compra para as ações da empresa e colocou um preço alvo de US$ 400, o que representa uma alta de cerca de 50% sobre os US$ 271 de fechamento da véspera.

E todo esse otimismo se dá exatamente pelos esforços de produção de conteúdo e ganho de mercado da companhia. “Continuamos a acreditar que o investimento da Netflix em conteúdo, tecnologia e distribuição continuará a impulsionar o crescimento dos assinantes bem acima das expectativas de consenso tanto nos EUA como internacionalmente”, avaliam os analistas.

Para o Goldman, a Netflix ainda tem espaço “significativo” para crescer nos mercados dos EUA e Europa, apesar dos níveis relativamente altos de uso nessas regiões. “Acreditamos que o quarto trimestre será apenas o começo da recompensa dos gastos acelerados da Netflix e da produção de originais cada vez mais robusta, e que o consenso continua a subestimar significativamente os impactos financeiros dessas dinâmicas”, completam.

Aumentar a produção pode até elevar a chance de vermos filmes e séries ruins, mas também é uma estratégia que tem começado a trazer um forte resultado de audiência e credibilidade, levando a Netflix a sonhar cada vez mais em ganhar prêmios como o Oscar. É cada vez mais difícil encontrar alguém que não seja assinante do seu serviço, mas ainda há muito espaço para crescer, e 2019 deve ser marcado por isso.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.