Dólar cai abaixo de R$ 3,85 e Ibovespa se divide entre pessimismo com China e expectativas com Bolsonaro

As expectativas otimistas em relação ao governo de Jair Bolsonaro contrabalançam o pessimismo externo nos negócios domésticos

Weruska Goeking

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SÃO PAULO – O dólar opera em queda e abaixo de R$ 3,85 nesta quarta-feira (2) tornando o real a única moeda a mostrar valorização no primeiro pregão de 2019 em meio à pressão negativa dos mercados internacionais diante de sinais de desaceleração da economia chinesa.

Na China, o índice de gerentes de compra (PMI, na sigla em inglês) da indústria caiu para 49,7 pontos em dezembro. A marca de 50 pontos separa expansão da contração. Foi a primeira vez desde maio de 2017 que a leitura ficou abaixo de 50, apontando contração da atividade e gerando aversão ao risco nos mercados globais. A sinalização renova as preocupações em relação aos efeitos da guerra comercial com os Estados Unidos e do desgaste natural do crescimento da segunda maior economia do mundo nos últimos anos.

No entanto, as expectativas otimistas em relação ao governo de Jair Bolsonaro contrabalançam o pessimismo externo nos negócios domésticos.

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Neste contexto, às 11h51 (horário de Brasília), o Ibovespa subia 0,32%, a 88.169 pontos. O contrato de dólar futuro com vencimento em fevereiro de 2019 tinha queda de 1,16%, cotado a R$ 3,848, e o dólar comercial caía 0,70%, para R$ 3,846 na venda. 

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Os juros futuros operam em queda refletindo a perspectiva de política monetária ancorada. A taxa com vencimento em janeiro de 2021 caía 6 pontos, para 7,29%, e os juros para janeiro de 2023 recuavam 7 pontos, para 8,46%.

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Dia cheio para Bolsonaro

O presidente Jair Bolsonaro terá um dia bastante intenso, com compromissos começando às 9h (de Brasília) e seguindo até o final da tarde. Inicialmente, ele vai se dedicar à política externa, com reuniões com presidentes, chanceleres e representantes de governos estrangeiros. Em dois momentos, ele participa de cerimônias de transmissão de cargo de cinco ministros.

Às 10h, Bolsonaro se reúne com o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, e o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. Em seguida, a conversa será com o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa. Depois, ele se reúne com o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orban, e o vice-presidente do Parlamento da China, Ji Bingxuan.

O presidente participa da cerimônia de transmissão do cargo dos ministros Onyx Lorenzoni (Casa Civil), Gustavo Bebianno (Secretaria-Geral da Presidência), general Carlos Alberto dos Santos Cruz (Secretaria de Governo) e general Augusto Heleno (Segurança Institucional). No final do dia, Bolsonaro também deve comparecer à solenidade de transmissão do cargo do ministro da Defesa, general Fernando Azevedo.

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Discurso de posse

Durante a posse no Congresso Nacional na terça-feira (1), Jair Bolsonaro fez seu primeiro discurso como presidente da República. A fala do novo presidente durou cerca de 10 minutos. Bolsonaro afirmou que foi montada a sua equipe de forma técnica, “sem viés político, que tornou o Estado ineficiente e corrupto”.

Na economia, Bolsonaro prometeu defender o livre mercado, fazer o governo “não gastar mais do que arrecada” e realizar “reformas estruturantes” que serão “essenciais para a saúde financeira” do país. “Precisamos abrir um círculo virtuoso que traga a confiança necessária, para abrir nosso mercado ao comércio internacional, estimulando a competição, produtividade e eficácia, sem o viés ideológico”, salientou.

Após a posse, Bolsonaro já tomou suas primeiras decisões como presidente e assinou decreto em que estabelece que o salário mínimo passará de R$ 954 para R$ 998 este ano.

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Em medida provisória, o governo de Bolsonaro estabeleceu que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento passará a fazer a identificação, a delimitação e a demarcação de terras indígenas. Até então, o processo ficava a cargo da Funai (Fundação Nacional do Índio). A publicação também transfere do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) para a pasta a responsabilidade pela regularização de terras quilombolas.

O jornal Folha de S. Paulo traz a informação de que a equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, já redigiu e está prestes a lançar uma medida provisória que busca fazer uma ampla revisão das regras da Previdência.  A proposta do novo governo é dar um passo moralizador em relação à legislação, corrigindo imprecisões e distorções na lei que abrem margem para concessões irregulares de benefícios e mesmo para a corrupção. 

Cálculos preliminares indicam que essa reestruturação legal abriria espaço para fazer uma economia anual de ao menos R$ 50 bilhões ao longo de uma década.

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“O mês de janeiro é o período de transição do antigo congresso e o novo, que toma posse somente no dia 1º de fevereiro. Deste modo, o foco da equipe econômica não pode ser em matérias que dependam de um trânsito muito intenso entre as casas neste primeiro mês, focando principalmente em medidas provisórias”, lembra Jason Vieira, da Infinity Asset.