Ibovespa recupera os 85.000 pontos com disparada do petróleo e reação em Wall Street, mas ainda digere recuo dos ADRs no Natal

Índice repercute movimento negativo do feriado e destoa da recuperação observada na reabertura das bolsas americanas e do salto de 8% do petróleo

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Após chegar a cair 2,11% durante a manhã, na volta do feriado de Natal, acertando o passo com o mal humor das bolsas internacionais observado na última segunda-feira, o Ibovespa reduz as perdas na tarde desta quarta-feira (26) e recupera o patamar de 85 mil pontos. Às 16h03 (horário de Brasília), o benchmark da bolsa brasileira caía 0,71%, a 85.088 pontos. Contribui para a redução das perdas do índice a disparada de 8% do petróleo no mercado internacional, que fez com que as ações da Petrobras virassem para alta, além do tom de recuperação visto nos Estados Unidos, após o pior pregão de véspera de Natal da história de Wall Street.

No mesmo horário, os contratos de juros futuros com vencimento em janeiro de 2020 subiam de 1 ponto-base, a 6,60%, ao passo que os papéis com vencimento em janeiro de 2022 avançavam 4 pontos-base, a 8,14%. Já os contratos de dólar futuro com vencimento em janeiro de 2019 subiam 0,41%, a R$ 3,917. O dólar comercial avançava 0,834%, a R$ 3,929 na venda.

Em Nova York, o índice Dow Jones recupera 500 pontos após uma forte queda na segunda-feira, ao passo que o S&P500 se afasta do campo de ‘bear market’ — que consiste em uma queda acumulada de pelo menos 20% em relação às altas recentes. Já o Nasdaq registra ganhos superiores a 3%, o que ajuda a dissipar o clima de preocupação com as tensões entre o presidente Donald Trump e o Federal Reserve. O movimento não é acompanhado pelo Ibovespa, que ainda digere o mergulho dos ADRs na última segunda-feira.

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Nesta sessão, os investidores continuam atentos aos próximos passos da política monetária norte-americana promovida pelo Federal Reserve, que sinaliza redução em seu balanço e trabalha com a possibilidade de duas elevações nos juros no ano que vem, e os atritos entre o presidente Donald Trump e a autoridade monetária do país. O novo episódio recolocou no centro das preocupações as condições de autonomia do BC local no atual governo. Também chama atenção do mercado o shutdown, que mantém serviços não essenciais fechados no país e um impasse político entre o presidente e o parlamento.

Confira os destaques do pregão:

Destaques da Bolsa

Apenas 6 das 64 ações que compõem a carteira teórica do Ibovespa operam em alta superior a 1% nesta sessão. No campo negativo, puxando a sessão negativa do índice, o destaque fica para as ações de bancos e companhias dos setores de mineração, siderurgia e varejo. No sentido oposto, as ações da Petrobras (PETR4) viraram para o campo positivo com a disparada dos preços do petróleo no mercado internacional.

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As ações do Grupo Pão de Açúcar (PCAR4) lideram as perdas do dia dentro do índice, após a notícia de que a companhia deve se desfazer da participação sobre a Via Varejo até o fim do ano que vem. Caso não encontre um comprador para as ações, processo que se arrasta desde 2016, o grupo venderá sua posição no mercado, o que poderá pressionar os papéis em função da forte oferta. O processo de saída começa nesta quinta-feira, quando serão vendidas em bolsa 50 milhões de ações, o que equivale a 3,86% do capital acionário da companhia.

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 PCAR4 P.ACUCAR-CBDPN 78,00 -4,72 +0,57 110,67M
 KROT3 KROTON ON 8,71 -3,97 -50,99 70,87M
 SMLS3 SMILES ON 43,42 -3,51 -39,79 16,71M
 MRVE3 MRV ON EDC 11,61 -3,33 -0,47 18,18M
 BTOW3 B2W DIGITAL ON 38,25 -3,21 +86,59 40,84M

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 MRFG3 MARFRIG ON 5,66 +5,99 -22,68 18,78M
 PETR4 PETROBRAS PN ERJ N2 21,40 +2,12 +38,55 1,33B
 ENBR3 ENERGIAS BR ON 14,10 +1,37 +4,49 17,20M
 NATU3 NATURA ON 43,75 +1,23 +33,63 44,51M
 PETR3 PETROBRAS ON ERJ N2 24,37 +0,96 +45,52 234,98M
* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)

Bolsas mundiais

O mercado viveu seu pior pregão natalino da história na última segunda-feira (24) nos Estados Unidos e contaminou as principais bolsas mundiais, com os investidores demonstrando preocupação com os caminhos a serem seguidos pelo Federal Reserve em sua política monetária e os atritos com o presidente Donald Trump. O índice Dow Jones Industrial Average mergulhou 653 pontos em um dia volátil, enquanto o S&P 500 recuou 2,7% e entrou tecnicamente em bear market — mercado de baixa, considerando uma queda acumulada de ao menos 20% em relação às recentes altas.

O movimento dos mercados se deu em resposta ao noticiário de Washington no fim de semana. Diversas reportagens noticiaram que o presidente dos Estados Unidos estaria discutindo sobre a possibilidade de como remover Jerome Powell da posição de chairman do Fed. Em resposta aos boatos, o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, chegou a organizar calls com os seis maiores bancos do país no fim de semana, com o objetivo de acalmar os ânimos. Mas Trump reiniciou os ataques à autoridade monetária na segunda-feira pelo Twitter. “O único problema que nossa economia tem é o Fed. Eles não têm consideração pelo mercado”, publicou o presidente.

Com o dia negativo no mercado, todos os 11 setores representados no S&P 500 agora amargam perdas em dezembro, no quarto trimestre e no acumulado do ano. Além dos atritos alimentados por Trump e as incertezas quanto à institucionalidade e o nível de autonomia do BC no país oriundas do episódio, os investidores também se preparam para os próximos passos do Fed, que promete reduzir seu balanço e mantém no radar duas altas de juros para o ano que vem, a despeito do ambiente mais desafiador da economia mundial.

Nesta quarta-feira, o clima é de recuperação para alguns dos principais índices acionários globais.

ADRs no feriado

Os papéis das principais empresas brasileiras negociados no mercado norte-americano tiveram uma sessão negativa na segunda-feira, acompanhando o mau humor dos investidores em meio aos ataques de Donald Trump ao Federal Reserve. O índice Brazil Titans 20, que reúne 20 ADRs (American Depositary Receipt) brasileiros, caiu 1,56%, fechando a 21.057 pontos, ao passo que o índice EWZ recuou 1,37%, a US$ 36,63. Os papéis da mineradora Vale foram um dos destaques negativos da sessão, ao fecharem em queda de 2,33%, a US$ 12,60.

Agenda econômica

Pela agenda de indicadores, o IPC-S (Índice de Preços ao Consumidor Semanal), divulgado pela FGV (Fundação Getulio Vargas), mostrou uma inversão no sinal de queda de 0,03% na segunda leitura de dezembro, para alta de 0,10% na terceira quadrissemana do mês.

No período, cinco das oito classes de despesa que compõem o indicador registraram acréscimo em suas taxas de variação, com destaque para Habitação (-0,36% para -0,13%), cujo item “tarifa de energia elétrica residencial” arrefeceu a velocidade de baixa de 3,51% na segunda medição para recuo de 2,37%.

Destaque de acréscimos também foi registrado nos grupos: Educação, Leitura e Recreação (0,83% para 1,09%) e Saúde e Cuidados Pessoais (0,03% para 0,10%). Nestes conjuntos de preços, houve encarecimento em passeios e férias (4,91% para 6,48%) e artigos de higiene e cuidado pessoal, cuja variação saiu de queda de 1,28% para recuo menos intenso, de 1,02%, respectivamente. 

Na direção contrária, os conjuntos de preços de Educação, Leitura e Recreação (1,09% para 0,98%), Comunicação (0,11% para 0,05%) e Despesas Diversas (0,25% para 0,19%) reduziram o ritmo de elevação da segunda para a terceira quadrissemana de dezembro.

Também na agenda econômica nacional, destaque para os dados de estoque da dívida pública federal, que subiu 1,69% em novembro e chegou a R$ 3,826 trilhões, segundo o Tesouro Nacional. Em outubro, o estoque estava em R$ 3,763 trilhões. A correção de juros no estoque foi de R$ 29,02 bilhões em novembro, ao passo que as emissões totalizaram R$ 52,013 bilhões e os resgates, R$ 17,334 bilhões — o que resultou em emissão líquida de R$ 34,68 bilhões.

A parcela da DPF a vencer em 12 meses caiu de 16,49% em outubro para 16,37% em novembro, segundo o Tesouro Nacional. Já o prazo médio da dívida caiu de 4,24 anos em outubro para 4,19 anos no mês passado. O custo médio acumulado em 12 meses do estoque da DPF passou de 10,06% ao ano em outubro para 10,11% ao ano em novembro. Apesar do aumento, o custo médio das emissões dos títulos da dívida interna em novembro caiu e ficou em 7,70%, de acordo com os dados do Tesouro Nacional.

Também nesta quarta-feira, o Banco Central informou que o fluxo cambial líquito total do ano até 21 de dezembro está positivo em R$ 2,646 bilhões. Em igual período do ano passado, o resultado era positivo em US$ 4,167 bilhões. A saída líquida de dólares pelo canal financeiro no período foi de US$ 44,605 bilhões. Este resultado é fruto de entradas no valor de US$ 515,694 bilhões e de envios no total de US$ 560,299 bilhões.

Já no comércio exterior, o saldo anual acumulado ficou positivo em US$ 47,251 bilhões, com importações de US$ 176,448 bilhões e exportações de US$ 223,699 bilhões.

Noticiário político

Às vésperas da posse do presidente eleito Jair Bolsonaro, o otimismo do brasileiro com a economia bate recordes, mostra a pesquisa do Datafolha. Segundo o instituto, 65% dos entrevistados acreditam que a situação econômica do país vai melhorar nos próximos meses, contra 23% na pesquisa passada, realizada em agosto deste ano. É o maior índice da série histórica, que teve início em 1997.

Também chama atenção dos investidores notícia de que técnicos da Câmara dos Deputados levaram aos articuladores políticos do governo uma manobra legislativa para acelerar a votação de reformas constitucionais, como a tributária e a da Previdência Social. Conforme noticia o jornal Valor Econômico, a estratégia seria apresentar uma nova PEC (Proposta de Emenda à Constituição) sobre o assunto, anexá-la às que já estão prontas para votação no plenário usando como base decisões anteriores de presidentes da casa.

Isso permitiria ao governo de Jair Bolsonaro aproveitar textos apresentados por Michel Temer, com a possibilidade de alterá-los para além de emendas apresentadas ou pareceres votados em comissões. Na prática, ganha-se tempo para avançar com as medidas, aproveitando o período de maior força política do governo eleito.

Apesar de haver precedentes em outras legislaturas, a manobra é polêmica, já que o regimento interno proíbe “apensar” dois projetos em diferentes fases de tramitação, para evitar a aprovação de mudanças que foram pouco discutidas. Mesmo assim, será difícil para a oposição contestar tal movimento, já que a prática já foi adotada em momentos em que a casa foi presidida por Arlindo Chinaglia (PT-SP), Eduardo Cunha (MDB-RJ) e Rodrigo Maia (DEM-RJ), por exemplo.

Radar corporativo

No noticiário das empresas, a suspensão do acordo entre Embraer e Boeing foi revogada pela Justiça pela segunda vez. O Grupo Pão de Açúcar afirma que pretende vender suas ações da Via Varejo em mercado até o fim de 2019 e a Eletrobras quer investir até R$ 30,2 bilhões entre 2019 e 2023.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.